Quinta-feira, 28.02.13
O fogo controlado é uma técnica de gestão florestal importante para a prevenção dos incêndios florestais.Quais serão os impactos do fogo controlado nas aves? Que espécies serão mais susceptíveis ao fogo? E quais serão os seus efeitos a prazo? O fogo é um processo natural com o qual evoluíram muitos ecossistemas terrestres. Nalguns casos este constitui uma ocorrência rara, noutros um fenómeno comum. Na Bacia Mediterrânica, a coincidência da estação quente e seca cria condições climatéricas ideais para a eclosão e propagação dos incêndios de Verão, cujas proporções são inaceitáveis por causarem perdas de vidas humanas e prejuízos económicos e sociais muito graves (Rego, 1990).
Em Portugal, até algumas décadas atrás o ecossistema mantinha um certo equilíbrio, através da intervenção sistemática dos pastores e agricultores, nomeadamente pelo uso do fogo nas zonas de pastagem extensiva e pelo corte periódico dos matos (Silva, 1990). Nos anos sessenta, com o êxodo rural e desertificação humana, estas práticas foram abandonadas levando à rotura de um equilíbrio criado pelo homem, verificando-se a partir desta data um aumento do número de incêndios.
Actualmente o fogo controlado, técnica de gestão de combustíveis, pode ser uma importante ferramenta de prevenção dos incêndios florestais no nosso País (Rego, 1986). Este facto tem justificado a razoável quantidade de estudos já realizados sobre esta temática, em particular nos povoamentos de pinheiro-bravo Pinus pinaster. No entanto, no nosso País nunca foram analisados os impactos desta técnica sobre as comunidades de aves.
Este estudo teve como objectivo avaliar o efeito, a curto e médio prazo, do fogo controlado nas populações de aves. Este trabalho foi elaborado no âmbito do Projecto "Efeito do fogo controlado nas populações de vertebrados terrestres" e decorreu entre Maio de 1998 e
Abril de 2000.
MetodologiaA área onde o estudo foi efectuado localiza-se no Alto Minho, no Perímetro Florestal de Entre Vez e Coura, ocupando uma área total de aproximadamente 1000 hectares. Nesta área, a técnica do fogo controlado foi introduzida como prática experimental na década de 80 (Silva, 1997).
O coberto arbóreo é dominado por povoamentos de pinheiro-bravo Pinus pinaster e pequenas manchas de folhosas e de matos. O sub-coberto é dominado por tojos Ulex europaeus e Ulex minor, urzes Eriça spp. e Calluna vulgaris, e carqueja Chamaespartium tridentatum. Nas áreas onde ocorrem fogos a espécie predominante é o feto Pteridium aquilinum.
Nesta região ocorrem algumas espécies de aves com um elevado valor conservacionista, tais como águia-real Aquila chrysaetus (Em Perigo) e o dom-fafe Pyrrhula pyrrhula (Raro), pouco abundantes no País e com uma distribuição muito localizada.
Neste estudo foram definidas duas abordagens distintas: os efeitos do fogo a curto prazo e, por outro lado, o estudo dos seus efeitos a médio prazo.
Para o estudo dos efeitos a curto prazo, caracterizaram-se parcelas que foram sujeitas ao fogo controlado na época de 1998/99. Paralelamente, foi utilizada a mesma metodologia em zonas-testemunha, com características de povoamento semelhantes mas não sujeitas ao fogo. Tanto as zonas sujeitas ao fogo controlado como as zonas testemunha foram caracterizadas antes e depois da realização do fogo. Os fogos controlados ocorreram entre Dezembro e Janeiro de 1998/99. A periodicidade na caracterização destas áreas foi realizada mensalmente.
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Figura 1 - Localização das parcelas de fogo controlado amostradas no estudo do efeito a curto prazo, durante a época de 98/99. |
Para o estudo dos efeitos a médio prazo, foram consideradas parcelas onde o fogo controlado foi aplicado em anos anteriores. Foram consideradas quatro classes de idade desde o fogo correspondentes a parcelas queimadas nas épocas de 92/93, 94/95, 96/97 e 97/98. Foram igualmente consideradas parcelas testemunha (parcelas não queimadas).
A caracterização das comunidades de aves foi sazonal (Primavera de 1998 e Inverno de 1998/99).
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Figura 2 - Localização das parcelas testemunha e de fogo controlado (queimadas nas épocas de 96/97; 97/98; 94/95 e 92/93), amostradas no estudo do efeito a médio prazo, na Primavera e Inverno de 1998. |
Para a amostragem da comunidade de aves utilizou-se o método pontual, que consiste basicamente no registo das aves vistas e ouvidas, em determinados pontos, durante 20 minutos. Para cada espécie foi calculada a abundância relativa (nº de indivíduos/ponto). As diferentes espécies de aves foram agrupadas em três grupos que poderiam responder de forma diferencial às alterações na estrutura da vegetação provocados pelo fogo controlado. Esta classificação foi feita de acordo com o tipo de habitat de nidificação, baseado na informação do Cramp et al. (1977-1994). As espécies foram classificadas em três grupos: grupo arbustivo, grupo arbóreo e grupo misto (espécies associadas quer ao estrato arbóreo quer ao arbustivo).
(Quadro)Durante a época reprodutora, a realização dos pontos ocorreu nas três primeiras horas após o nascer do sol, período de maior actividade para a maioria das espécies de aves (Bibby et al., 1992). No Inverno, os pontos foram realizados de manhã e de tarde, devido a não se verificarem picos de actividade das aves ao longo do dia. Não foram incluídas espécies para as quais o método de censos não era o mais aconselhado, tais como as aves de rapina ou espécies de hábitos nocturnos.
ResultadosEfeito do fogo a curto prazoAs espécies mais abundantes foram o chapim-preto Parus ater, carriça Troglodytes troglodytes e o chapim-de-crista Parus cristatus. Nenhuma espécie se mostrou exclusiva das parcelas sujeitas ao fogo controlado ou das parcelas não queimadas.
Logo após o fogo, verificou-se uma diminuição de abundância de aves. As espécies associadas ao estrato arbustivo são as mais afectadas logo após o fogo, devido à diminuição da cobertura do tojo, pois dependem do estrato arbustivo desenvolvido para nidificar. Para a felosa-do-mato Sylvia undata, esta tendência continua a existir após um ano desde o fogo. Para as espécies pertencentes aos grupos arbóreo e misto estas diferenças não são significativas. Um ano após o fogo, as abundâncias são semelhantes entre as áreas queimadas e não queimadas. No entanto, uma das espécies representativas do grupo misto, a toutinegra-de-barrete-preto Sylvia atricapilla, associada a meios arbustivos mais desenvolvidos, foi mais abundante nas áreas não queimadas, apresentando diferenças significativas durante a época reprodutora
(Maio de 1999).
Efeito do fogo a médio prazoPara o estudo do
efeito a médio prazo, os resultados mostram que a riqueza de espécies não é afectada pelo fogo mas por outras variáveis associadas com características da parcela (nomeadamente a idade do povoamento, presença de outras espécies de árvores para além do pinheiro-bravo) e características da paisagem (presença de matos e de eucaliptais à volta da parcela). A abundância de espécies é afectada pelo tempo desde o fogo, principalmente para as espécies associadas ao estrato arbustivo. As abundâncias totais mais baixas são atingidas nas áreas recentemente queimadas e nas áreas queimadas há um ano. A abundância mínima foi atingida nas áreas queimadas há um ano devido, provavelmente, a um aumento na disponibilidade alimentar nas áreas queimadas ou devido ao “site tenacity”, ou seja, a tendência das espécies de continuarem nas áreas apesar da ocorrência do fogo. Este comportamento, foi já observado em outros estudos de aves na primeira época reprodutora após fogo (Pons, 1998; Izhaki, 1993).
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Figura 3 – Abundância média total (nº médio de indivíduos por ponto) nas áreas não queimadas e nas áreas queimadas nas épocas de 96/97 (1 ano), 97/98 (- 1 ano), 94/95 (3 anos) e 92/93(5 anos). |
ConclusõesOs resultados mostram que o fogo afecta temporariamente a abundância de aves.As espécies mais afectadas são as que dependem do estrato arbustivo para nidificarem. No entanto, a riqueza de espécies não é afectada pelo fogo. Este resultado deverá ser consequência da baixa intensidade dos fogos e pequena dimensão das queimas efectuadas na área de estudo.AgradecimentosEstiveram envolvidos no projecto "Efeito do fogo controlado nas populações de vertebrados terrestres" o Centro de Ecologia Aplicada “Prof. Baeta Neves” do Instituto Superior de Agronomia, ERENA Ordenamento e Gestão de Recursos Naturais, Lda., e a Escola Superior Agrária de Coimbra.
por Ana Delgado, Centro de Ecologia Aplicada Prof. Baeta Neves-ISA
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por Diário de um Bombeiro às 19:00
Sábado, 05.01.13
O incêndio urbano padrão tem origem no comportamento negligente durante atividades tão banais como cozinhar ou fumar.
Afetando principalmente as divisões da sala de estar, cozinha ou quarto, o incêndio urbano acontece com mais incidência durante o fim-de-semana e nas divisões onde há maior concentração de têxteis e mobília.
As vítimas são na maioria dos casos crianças e idosos, sendo que o género masculino é o mais afetado. O condicionamento físico, como as dificuldades motoras, ou a diminuição das capacidades cognitivas verificadas aquando do consumo de bebidas alcoólicas, são um dos fatores que mais contribui para a existência de vítimas mortais.
Dificuldades de Comparação
As comparações entre os diferentes países apresentados nas estatísticas devem ser realizadas com precaução. A inexistência de uma forma universalizada para recolher, analisar e publicar as estatísticas dos incêndios limita as conclusões que se podem retirar dos resultados analisados.
Outro fator que ainda deve ser tido em conta reside na realidade de que nem todos os incêndios são relatados às autoridades responsáveis pela realização das estatísticas. Desta forma, os resultados apresentados não representam todos os dados, pecando estes por defeito.
Incêndios Habitacionais e Industriais
Os incêndios urbanos estão divididos entre incêndios em habitações, os mais frequentes em Portugal, e os incêndios industriais:
Estes dados referentes à realidade nacional encontram paralelo na realidade da cidade do Porto, segundo o estudo realizado por Vítor Primo, onde a maioria dos incêndios com feridos e vítimas mortais acontecem em habitações: 73% e 86% respetivamente. O mesmo estudo não registou mortos nas zonas industriais, mas apresentou nestas áreas 3% dos feridos.
Causas dos Incêndios
Apesar dos dados referentes a Portugal serem limitados, os dados de outros países da União Europeia abordados no estudo Consumer fire safety: European statistics and potential fire safety measures permitem concluir que estes se devem mais à ação humana (ignorância, imprudência, negligência, uso incorreto de eletrodomésticos) do que a falhas nos equipamentos utilizados nas habitações:


Apesar de nos países apresentados as causas de incêndio estarem mais relacionadas com o ato de fumar, os horários do fogo permitem concluir que o ato de cozinhar é também muito perigoso.
Na Austrália e na região do Porto a maioria dos incêndios, valores superiores a 50%, acontecem durante as horas das refeições. O paralelo com os outros países verifica-se no facto de os incêndios incidirem maioritariamente nos dias do fim-de-semana.
Os incêndios mortais tendem a acontecer durante as horas da madrugada.
Nos EUA e Canadá, mais de 50% das vítimas mortais em incêndios foram causadas por fogos que se iniciaram entre as 23h00 e as 07h00, altura em que os habitantes dormiam. Na região do Porto, 50% das vítimas verificadas entre 1996 e 2006 ocorreram em incêndios entre as 00h00 e as 09h00.
Os dados existentes relativos à identidade das vítimas mortais permitem concluir que os grupos de maior risco são as crianças e os idosos.
Na Nova Zelândia, 32,1% das vítimas mortais são crianças entre os 0-15 anos e 25,9% são pessoas mais idosas com mais de 60 anos.
No entanto, no estudo sobre o Porto, os valores são mais equilibrados. Os grupos das crianças e dos idosos contribuíram para 50% das vítimas mortais.
Na Nova Zelândia 44,6% das vítimas mortais estavam na divisória onde o fogo teve início. No entanto, 53,8% das vítimas mortais não se encontravam na divisória de origem do incêndio. Em 1,5% dos incêndios fatais, as vítimas encontravam-se no exterior das habitações.
A causa de morte mais comum é a inalação de fumos. Entre 1996 e 2000, em Londres, 48% das vítimas morreram devido à inalação de gases e 19% devido a queimaduras. Estes dados são também verificados na cidade do Porto onde entre 1996 e 2006, 50% das pessoas morreram devido à inalação de gases, enquanto 35% tiveram como causa de morte queimaduras.

Equipamentos de Proteção Contra Incêndios
Os custos relacionados com proteção contra incêndio em casas particulares apresentam uma relação relativamente ao número de vítimas mortais.
Na Escócia entre 1994 e 2003, dois terços dos fogos que causaram vítimas mortais ocorreram em casas onde não existiam detetores de fumos, ou detetores de fumo operacionais. Números semelhantes foram registados na Holanda e na Nova Zelândia.
Na Holanda, 45% dos incêndios em habitações com vítimas mortais não tinham um detetor de fumos, enquanto em 6,8% dos casos em que havia um detetor, este estava desligado ou em condições deficientes. Apenas em 4,5% dos incêndios mortais havia um detetor de fumos operante.
Na Nova Zelândia, em 60,6% dos incêndios com vítimas mortais não existia na habitação um detetor de fumo. Em 8,3% dos incêndios mortais os alarmes estavam em condições deficientes. Em 16,5% dos incêndios mortais existia um aparelho em boas condições.
Meios de Combate a Incêndios
A ausência de extintores em casa é uma constante nos países analisados. 65% dos Australianos não tem um extintor em casa para utilizar no caso de um fogo doméstico.
Na Austrália, 78% das pessoas não possuem uma manta anti-fogo e estima-se que entre 5% e 11% da população não tenha qualquer tipo de equipamento de proteção contra incêndios em casa.
por Segurança Online
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por Diário de um Bombeiro às 12:28
Quinta-feira, 13.12.12
O investigador Domingos Xavier Viegas disse hoje, em Coimbra, que Portugal não está preparado para lidar com incêndios de comportamento extremo, como o que ocorreu no último verão no Algarve, que consumiu 25 mil hectares.
«Temos melhorado muito o sistema de Proteção Civil desde 2003, mas ainda há trabalho a fazer", referiu o professor universitário, numa palestra sobre "A gestão de grandes incêndios», organizada pelo Colégio Regional de Engenharia Florestal e pelo Centro de Estudos de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade.
Perante uma plateia constituída maioritariamente por comandantes de bombeiros, bombeiros e técnicos de proteção civil, Xavier Viegas utilizou o grande incêndio do Algarve, um dos seis maiores de que há registo em Portugal, para explicar comportamentos do fogo e falar da necessidade de experimentar novos métodos, nomeadamente ao nível do posto de comando.
Segundo o investigador, que realizou o relatório daquele incêndio para o Governo, as mudanças que podem trazer ganhos aos sistema de Proteção Civil passam pela melhoria do treino, das ferramentas que são usadas no apoio à decisão dos postos de comando e da comunicação com as autarquias e as populações.
Embora não consiga prever a ocorrência de fogos de grande dimensão, o professor Xavier Viegas frisou que, desde 2003, se têm registado incêndios «muito grandes» com áreas superiores a 10 mil hectares, «que não se verificavam no passado».
«Isso não acontece só em Portugal, mas em outros países do Mundo, e uma das causas pode ser o aquecimento global que estamos a observar há umas dezenas de anos, que está a ser acompanhado de períodos de seca mais prolongados», disse.
O docente, que leciona na Universidade de Coimbra, considera que a abertura de uma rede de faixas primárias de contenção em volta das localidades é uma forma «prioritária» de prevenir, ajudar ao combate incêndios e minorar os prejuízos das populações.
Xavier Viegas recordou que, no caso do grande incêndio do Algarve, a área ardida estava referenciada desde há vários anos como uma zona onde era necessário abrir 256 quilómetros de faixas de proteção, mas que lamentavelmente apenas 50 quilómetros tinham sido concluídos.
O investigador de Coimbra lamentou ainda que fundos comunitários que poderiam ser utilizados na prevenção não sejam gastos por Portugal e tenham de ser devolvidos à União Europeia.
«Dou o exemplo dos 10 milhões de euros que em 2006/2007 não se encontraram para fazer as faixas na zona ardida no Algarve, e seguramente que deve ter existido o dinheiro neste período de tempo, mas agora apareceram de repente sete milhões de euros para recuperar a área depois de queimada», sublinhou.
Diário Digital com Lusa
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por Diário de um Bombeiro às 19:30
Quinta-feira, 06.12.12

A área afetada pelo incêndio que em julho devastou parte dos concelhos de São Brás de Alportel e Tavira representa 97% do total da área ardida até ao final de
outubro no Algarve, informou hoje o comandante operacional distrital.
Os dados, referidos por Abel Gomes numa sessão de balanço da atuação do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais no distrito de Faro, apontam para um total de 25.603 hectares ardidos entre janeiro e 31 de outubro, 24.800 dos quais naquele fogo.
O incêndio, que deflagrou a 18 de julho na localidade de Catraia, em Tavira, alastrou-se depois ao concelho vizinho, consumindo uma vasta área de floresta durante cerca de quatro dias e provocando a destruição de habitações.
De acordo com a avaliação apresentada pela Proteção Civil e pelo Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, a negligência foi a causa mais frequente das ocorrências registadas no distrito, seguida por queimadas agrícolas, problemas com linhas elétricas e fogueiras.
“Portugal é um país mais de negligência do que de piromania”, afirmou o comandante operacional distrital, Abel Gomes, acrescentando que a “prevenção tem de ser superior ao combate”.
O reforço da proteção preventiva das habitações é uma das medidas apontadas como necessárias pelo responsável: “Se não tivermos de empenhar meios na proteção de casas, temos mais meios disponíveis para fazer o combate direto às chamas”.
Em declarações à Lusa, António Miranda, responsável pela Direção de Florestas do Algarve, organismo que está em fase de reestruturação, explicou que duas das maiores dificuldades na prevenção dos incêndios florestais no distrito são a falta de cadastro de muitas propriedades e a pequena dimensão da maioria dos terrenos.
Para o responsável, a solução pode passar por um associativismo de proprietários que permita uma gestão florestal conjunta mais eficaz.
Embora tenha negado a existência de falhas no combate ao incêndio de Tavira e São Brás de Alportel, Abel Gomes assumiu a responsabilidade da deslocação de alguns meios e operacionais para combater um incêndio que ocorreu em simultâneo no concelho de Castro Marim.
O comandante justificou a decisão pela necessidade de apagar o incêndio em Castro Marim antes que tomasse proporções tão preocupantes como as verificadas no incêndio de Tavira e São Brás de Alportel.
Abel Gomes disse nunca ter ponderado demitir-se por considerar que todos fizeram o que tinha de ser feito perante as informações de que dispunham para trabalhar.
por Lusa
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por Diário de um Bombeiro às 23:47
Quarta-feira, 05.12.12

As diferentes formas de incêndio não serão tratadas, apenas os incêndios florestais porque envolvem a queima de florestas e o comprometimento do eco-sistema.
Os incêndios florestais se desenvolvem quando as condições são favorecidas para o seu advento, tais como a estiagem prolongada e aumento significativo da temperatura média das florestas. Alguns fatores são muito favoráveis para o desenvolvimento de um incêndio, não apenas porque o elemento florestal é o principal fator de alimentação das chamas, mas porque a própria vegetação possui álcool como um dos elementos químicos da composição da grama, da relva, servindo portanto de elemento combustível para as chamas tanto quanto a celulose das árvores.
A maior parte dos incêndios florestais de grande dimensão, ocorridos nos EUA, na Austrália, na China, no Brasil, em Portugal, entre outros, sempre teve como um dos fatores a ausência de chuvas no período que antecedeu à tragédia climática.
Particularmente, a ocorrência de incêndios em países como Portugal, preocupam, porque possuem um elemento mais favorável ainda do que uma simples vegetação seca, são as oliveiras e as vinhas. Tanto uma quanto a outra cultura possuem elevado nível de álcool combustível (vinhas), e óleo combustível (olivas).
Vale lembrar que o uso de óleo de oliveiras para candeeiros é muito antigo em todo o Mar Mediterrâneo.
Quando uma área florestal estiver muito seca, qualquer produto lançado pelo homem nas proximidades da mata pode causar um incêndio colossal. Um pedaço de vidro atirado da janela de um veículo, uma lata, uma ponta de cigarro aceso ou mau apagado podem servir de elementos iniciais para a tragédia.
Uma garrafa ao ser lançada do interior de um veículo para as margens de uma rodovia por exemplo, pode fazer com que os estilhaços do vidro quebrado, se posicionem angularmente em relação ao solo. Se tão somente uma folha seca estiver presente abaixo deste pedaço de vidro, os raios solares acionarão com o vidro servindo como uma lente, produzindo a chama.
Uma lata que for lançada para fora, pode produzir faíscas no impacto de seu encontro ao solo. Elas por si só seriam suficientes se a vegetação próxima estiver muito seca e os gases produzidos pela evaporação de suas folhagens produzir o metano. Mas é com a sua presença junto à vegetação seca que uma lata se assemelha ao vidro quebrado e produz os raios solares contra as folhas secas iniciando as chamas.
A forma mais danosa e mais rápida para os efeitos de uma queimada são os que se produzem pelas pontas de cigarro. Por sua condição lógica e tendo o principio ativo em forma plena (brasa viva), a queima de uma área extensa iniciada pelas rodovias é algo inevitável.
As perdas com a queimada são irreparáveis na observação histórica da vegetação formada. Isso porque existem árvores, vegetais e plantas cuja formação foi devida a um prolongado processo de transferência genética realizada tanto por animais, como por insetos, conferindo pela polinização e pelas sementes a formação de árvores diferentes, vegetais que não são observados em áreas mais próximas, ou seja, uma floresta quando é muito antiga, possui características vegetais mais diversificadas, o que acaba sendo impedido com uma queimada.
É evidente que ao longo de uma dezena de anos, a floresta acaba se reconstituindo, porém os efeitos devastadores da queimada pelo incêndio, acabam impedindo a continuidade do processo evolutivo de plantas em fase de desenvolvimento e de se estabelecerem no habitat nativo em questão.
Ainda como prejuízos a serem contabilizados neste tipo de trajédia, ainda existem a diversidade de insetos, animais e aves que deixam de existir em uma área que demorou milhares de anos para conseguir desenvolver suas espécies.
A floresta Amazônica é um exemplo claro da diversidade e dinamismo que resultam da longevidade de uma mata nativa. Muitas plantas que existem nesta floresta ainda não foram catalogadas, existem insetos que também não foram sequer observados pelos pesquisadores. Existe uma unânimidade entre as equipes de pesquisa, que afirmam a possibillidade de encontrar um novo vegetal, um novo inseto, uma nova forma de animal ou de ave à cada incursão na floresta Amazônica.
Os impactos ambientais não se resumem à tragédia e perda material quando as chamas invadem áreas povoadas, vilarejos e até mesmo algumas cidades, pois o problema do incêndio florestal também está na fumaça produzida pelas chamas. Ela tem alto grau de elementos tóxicos como o carbono e o enxofre, causando um ar irrespirável nas imediações da floresta, comprometendo as vias respiratórias e até mesmo a visão.
Para o combate aos incêndios florestais, é imprescindível um número expressivo de pessoas disponíveis para a atividade de combate, pois o fogo não pode ser contido por um elemento que não se apresenta em volume suficiente para ser exterminado que é a água. Deste modo, o uso de panos úmidos, pás e enxadas é mais eficiente, porque promove a contenção da área devastada pelas chamas.
Evidentemente que se houvesse água suficiente para conter um incêndio ele perderia sua força ativa, mas na verdade isso não ocorre, porque o que poderia contribuir contra sua atividade, seriam as chuvas que não incidem nos períodos de verão (época mais comum para os grandes incêndios florestais), em valores capazes de conter a força da queimada.
Em incêndios florestais ocorridos nos EUA e na Austrália, são muito comuns o uso de helicópteros que captam água de oceanos para lançar contra as chamas, mas elas acabam apenas reduzindo a temperatura média no interior do grande foco, algo que é recuperado em poucos minutos, ou seja, é uma medida insuficiente quando a tragédia possui dimensão colossal cobrindo extensas áreas. O mesmo helicóptero que procura retirar água de um oceano para conduzir à área da tragédia, precisa ser auxiliado por um número muito maior de aeronaves que se destinem ao mesmo trabalho, sem o que, ao retornar a chama na área em que foi lançada a água, já terá alcançado a mesma temperatura.
A melhor maneira de se evitar grandes tragédias, é dar ênfase ao problema do incêndio florestal logo no seu início, pois os prejuízos e as perdas inclusive humanas, serão muito menores se um grande número de pessoas estiver envolvido no trabalho de contenção do incêndio.
Esperar que ele tome proporções gigantescas para se pedir auxílio externo, é portanto uma medida incorreta quando o que se precisa é evitar uma tragédia.
O que é?
É a propagação do fogo, em áreas florestais e de savana (cerrados e caatingas), normalmente ocorre com freqüência e intensidade nos períodos de estiagem e está intrinsecamente relacionada com a redução da umidade ambiental.
Os incêndios podem iniciar-se de forma espontânea ou ser conseqüência de ações e/ou omissões humanas, mas mesmo nesse último caso, os fatores climatológicos e ambientais são decisivos para incrementá-los, facilitando sua propagação e dificultando seu controle.
Os incêndios florestais podem ser causados por: Causas naturais, como raios, reações fermentativas exotérmicas, concentração de raios solares por pedaços de quartzo ou cacos de vidros em forma de lente e outras causas
Imprudência e descuido de caçadores, mateiros ou pescadores, através da propagação de pequenas fogueiras, feitas em acampamentos
Fagulhas provenientes de locomotivas ou de outras maquinas automotoras, consumidoras de carvão ou lenha
Perda de controle de queimadas, realizadas para “limpeza” de compôs
Incendiários e/ou piromaníacos.
Danos
Os
incêndios florestais causam danos materiais, ambientais e humanos.
Os danos materiais são: Destruição das árvores em fase de crescimento ou em fase de utilização comercial, reduzindo a produção de madeira, celulose, essências florestais e outros insumos
Redução da fertilidade do solo, como conseqüência da destruição da matéria orgânica reciclável obrigando a um maior consumo de fertilizantes
Redução da resistência das árvores ao ataque de pragas, obrigando a um maior consumo de praguicidas.
Os danos ambientais são: Redução da biodiversidade
Alterações drásticas dos biótopos, reduzindo as possibilidades de desenvolvimento equilibrado da fauna silvestre
Facilitação dos processos erosivos
Redução da proteção dos olhos d’água e nascentes.
Os danos humanos são: Perdas humanas e traumatismos provocados pelo fogo ou por contusões
Desabrigados e desalojados
Redução das oportunidades de trabalho relacionada com o manejo florestal
Perguntas freqüentes
1 - Posso fazer uma queimada em meu pasto? Sempre consulte a secretaria estadual ou municipal do meio ambiente antes de fazer queimada, pois você poderá está cometendo crime ambiental.
2 - O que eu posso fazer para evitar um incêndio florestal? Construção de aceiros, que devem ser mantidos limpos e sem materiais combustíveis
Construção de faixas limpas e sem materiais combustíveis
Plantação de cortinas de segurança com vegetação menos inflamável
Construção de barragens de água que atuem como obstáculos à propagação do fogo e como reserva de água para o combate ao incêndio
Construção de estradas vicinais, no interior de florestas, facilita a fiscalização e favorece o carreamento dos meios de controlar os incêndios
Utilização de medidas de vigilância: fixa, por meio de torres de observação; ou móvel, por meio de patrulhamento terrestre ou aéreo. O CPTEC identifica focos de incêndios por satélite
Aviso imediato, em caso de incêndio florestal, ao Corpo de Bombeiros, Defesa Civil ou Polícia
Seguir as instruções dos bombeiros ou Defesa Civil.
3 - O que não fazer? Nunca tente combater um incêndio sozinho.
por Portal de São Francisco
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por Diário de um Bombeiro às 09:27
Segunda-feira, 26.11.12
A negligência está na origem de 44 por cento dos fogos na floresta. Uma parte significativa não é investigada por falta de meios.
O Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (Sepna) da GNR, responsável pela investigação das causas dos incêndios florestais, terminou este ano 3943 inquéritos, tendo concluído que a maioria (44 por cento) é de origem negligente. Os fogos intencionais representam 22 por cento do total e as causas naturais são responsáveis por apenas dois por cento das ignições investigadas. Não foi possível determinar a causa de um terço dos fogos.
Os números não são muito diferentes do ano passado, em que o fogo provocado por incendiários foi a causa de 26 por cento dos casos investigados. As negligências, que explicam a maioria dos fogos, são reportadas ao Ministério Público, que normalmente delega na GNR a investigação, adianta o responsável do Sepna, o tenente-coronel José Grisante. Quem provocar um incêndio florestal com um comportamento negligente incorre numa pena de prisão até três anos ou multa. Mas não há dados sobre condenações.
Quando a GNR detecta indícios de crime doloso, o Sepna reporta o caso à Polícia Judiciária (PJ), que possui competência reservada sobre este ilícito. Mas a informação recolhida pelos militares é muitas vezes relevante para as detenções. Isso mesmo é assumido pela PJ nos seus comunicados, como acontece com uma das duas detenções anunciadas ontem. A Directoria de Lisboa e Vale do Tejo "identificou e deteve, com a colaboração dos Serviços de Protecção Florestal da GNR, um homem, de 38 anos de idade, casado, ex-madeireiro e actualmente auxiliar agrícola, pela presumível autoria de três incêndios que destruíram 21 hectares de eucaliptal", na zona de Santarém, lê-se na nota. O suspeito fica obrigado a apresentar-se duas vezes por semana às autoridades. Também ontem foi anunciada a detenção de um homem de 52 anos, em Ribeira de Pena, suspeito de atear um fogo a 31 de Julho. "O arguido, com antecedentes criminais como incendiário e que agia por deslumbramento e prazer perante o espectáculo das chamas, é suspeito de ter feito deflagrar outros fogos", diz outro comunicado. Ficou apenas com termo de identidade e residência. Até ontem, a PJ deteve 24 suspeitos de incêndio florestal, 12 dos quais ficaram em prisão preventiva. Foi o caso do homem de 32 anos, suspeito de atear o incêndio de Castro Daire, que estava a cumprir pena de prisão (pelo mesmo crime), em regime de dias livres.
Mas uma parte significativa das ocorrências não é investigada por falta de meios. José Grisante garante, contudo, "a investigação de todos os fogos com uma área ardida superior a 100 hectares e mais de 80 por cento dos fogos entre os dez e os 100 hectares".
Chamas em Alijó cortaram trânsito no IP4 em ambos os sentidos
O reacendimento de um incêndio em Alijó, Vila Real, obrigou ao corte do Itinerário Principal 4, que liga Amarante a Bragança, durante perto de duas horas na tarde de ontem. Ao início da noite, o incêndio continuava com duas frentes activas numa área de mato com pinheiros dispersos, tendo passado para o concelho de Murça.
Pouco antes, o segundo-comandante operacional distrital, Almor Salvador, dava conta ao PÚBLICO de que o combate estava a correr bem e que esperava ter o incêndio dominado até ao fim da noite. "Esperemos que os ventos não nos troquem as voltas", dizia. A página da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), às 21h00, contabilizava 188 ignições ao longo do dia, quatro das quais estavam activas. Além do fogo de Alijó, que mobilizava 95 combatentes e 22 veículos, havia um outro em Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, também com duas frentes activas. Outros dois eram dados como dominados.
Um deles era o fogo que já destruiu cerca de metade da Mata do Cabril, uma das três áreas de protecção integral do Parque Nacional da Peneda-Gerês. O comandante distrital de Viana do Castelo, António Antunes, explicava ao fim da tarde por que é que o incêndio que começou na sexta-feira passada ainda não estava extinto. "Neste momento, o incêndio está confinado e estamos a tentar que não saia daí, construindo um aceiro. Mas só para chegar ao fundo da encosta do Cabril os homens demoram duas horas e meia", realçou. O fogo continuava ao fim do dia com duas frentes, apesar da Protecção Civil o considerar dominado. "Uma virada a Noroeste, com início na linha de água, a ser contida por um aceiro, com o apoio de uma máquina de rasto e pessoal apeado, e uma segunda virada a nordeste", lia-se no site da ANPC.
PSD pede medidas
O líder do PSD quer saber como será defendida a área que ainda não ardeu neste Verão para não se repetirem erros do passado. De visita à área ardida em S. Pedro do Sul, Passos Coelho pediu ontem alterações à utilização económica da floresta e, citado pela Lusa, criticou "a fraca intervenção" dos ministérios da Agricultura e do Ambiente no ordenamento do território.
por Publico
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por Diário de um Bombeiro às 01:37
Terça-feira, 20.11.12
No presente ano registaram-se 20.969 ocorrências, menos 1.307 ocorrências abaixo da média registada entre 2002 e 2011, considerando o período que vigora entre 1 de janeiro e 15 de outubro. Embora não seja possível vislumbrar uma tendência degressiva, importa salientar a presente redução, muito embora seja necessário manter e mesmo reforçar os esforços de sensibilização e de educação, de vigilância e de intervenção rápida em sinistros, de investigação criminal e adequação da Justiça a crimes de natureza ambiental, social e económica.
Todavia, a par da diminuição das ocorrências, é evidente no presente ano um aumento significativo da área ardida face a 2011. A área ardida em 2012, no período de 1 de janeiro a 15 de outubro, cresceu 55% face a 2011, sendo que mais de 45% correspondem a povoamentos florestais. Embora abaixo da média registada entre 2002 e 2011, no presente ano os valores de área ardida superaram os registados no quadriénio de 2006 a 2009.
Apesar das potenciais interseções de áreas, no período entre 1 de janeiro e 15 de outubro, arderam nos últimos 11 anos (2002-2012) mais de 1.500.000 hectares, sendo que 53% destes correspondem a áreas de povoamentos florestais.
Nas regiões com maior pressão demográfica persistem os maiores números de ocorrências, muito embora se registem as menores áreas ardidas. Já no interior, onde o êxodo rural é uma realidade, menores números de ocorrências proporcionam significativas áreas ardidas, situação que tende a agravar ainda mais o despovoamento, proporcionando ainda as condições inerentes ao avanço de processos de desertificação.
Considerando os incêndios florestais uma consequência da nula ou fraca rentabilidade dos solos de aptidão florestal, que inviabiliza financeiramente a prática de operações de gestão florestal ativa, a Acréscimo insiste na necessidade do Ministério com a tutela adotar uma atitude pró-ativa, que até aqui não tem tido:
- Intervindo no acompanhamento das relações das cadeias silvo-industriais, caracterizadas por relações win-lose, de oligopólio industrial, sistematicamente desfavoráveis à silvicultura (produção e exploração florestal), tal como comprovado pelas estatísticas específicas do INE;
- Assegurando por si ou em parceria com o associativismo agroflorestal e empresas técnicas um serviço nacional de extensão rural, proporcionando aos proprietários com superfícies florestais as condições mínimas de assessoria técnica, que lhes permita uma gestão ativa das suas propriedades de acordo com as melhores práticas silvícolas; e,
- Investindo na investigação aplicada, no sentido de aumentar a produtividade florestal, no respeito pelos requisitos da gestão florestal sustentável, adotando as melhores práticas silvícolas, bem como para a quantificação e qualificação dos serviços ambientais e de outras produções associadas aos espaços florestais e silvestres.
O anunciado adiamento da concretização do cadastro rústico não é um bom presságio para a redução do impacto dos incêndios florestais em Portugal, tal como o não é para o combate à proliferação de pragas e de doenças que cada vez mais afetam os ecossistemas florestais nacionais. A irresponsável proposta legislativa para a massificação do eucaliptal em regiões de minifúndio também não ajuda à credibilidade do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território.
As oscilações dos números ao longo dos anos, comprovam que o Ministério com a tutela das florestas não está a desempenhar cabalmente as funções que lhe estão atribuídas, com claros prejuízos para os contribuintes e para a Sociedade Portuguesa.
por Acréscimo – Associação de Promoção ao Investimento Florestal
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por Diário de um Bombeiro às 09:48
Domingo, 11.11.12
Instrumentos de apoio a situações de emergência: estabilização de Emergência Após Incêndio, enquadrado na subação 2.3.2.1. – Recuperação do Potencial Produtivo
No sentido de avaliar os impactes dos incêndios sobre os espaços florestais durante o ano de 2012, e considerando a existência de instrumentos de apoio a situações de emergência, designadamente os referidos na Portaria nº 1137-B/2008, de 9 de outubro com as alterações introduzidas pela
Portaria nº 814/2010, de 27 de agosto, -
Estabilização de Emergência Após Incêndio, passíveis de ser executadas através do Programa PRODER - Programa Desenvolvimento Rural, Subprograma 2 – Gestão Sustentável do Espaço Florestal, Medida 2.3 – Gestão do Espaço Florestal e Agroflorestal, Ação 2.3.2 – Ordenamento e Recuperação de Povoamentos,enquadrado na subação 2.3.2.1. – Recuperação do Potencial Produtivo.
Shapes e relatórios sumários de avaliação dos impactos sobre espaços florestais:
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por Diário de um Bombeiro às 18:12
Domingo, 11.11.12

Esta semana foi entregue na Assembleia da República e ao Governo um novo manifesto "Outra vez os incêndios florestais!", subscrito pelo mesmo grupo de 21 personalidades que, no ano passado, entregou o “Manifesto pela Floresta contra a Crise”.
Nas contas de cada campanha de incêndios, aos avultados custos de combate, deve somar-se um custo anual que ascende a mil milhões de euros – 150 milhões de euros por prejuízos diretos nas matas e florestas ardidas e 750 milhões em produtos que deixam de ser fabricados em Portugal devido à falta de madeira.
Mas também há prejuízos indiretos, nomeadamente perdas de solo, de biodiversidade e libertação de CO2 para a atmosfera, e “as enormes e mal conhecias ‘rendas’ pagas aos agentes de combate aos fogos”.
As contas foram feitas por um grupo de 21 personalidades, entre as quais se destaca o ex-Presidente da República Jorge Sampaio, num grupo que reúne professores universitários e engenheiros florestais, que entregou esta semana o manifesto "Outra vez os incêndios florestais!" (disponível
aqui), no parlamento e à Ministra da Agricultura, Assunção Cristas.
Em setembro de 2011, o mesmo grupo entregou o “Manifesto pela Floresta contra a Crise” (disponível
aqui), apelando a uma melhor gestão do território florestal e à implementação de medidas que resolvam os problemas que estão na base da degradação da floresta portuguesa.
É preciso investir na prevenção
Neste segundo manifesto conclui-se que, por não se investir o suficiente em prevenção, Portugal acaba por pagar sempre uma fatura mais elevada nas despesas do combate aos fogos e nas consequências que daí decorrem para a economia da fileira florestal.
O manifesto recorda que só em 2012 "os incêndios provocaram sete mortos, desorganizaram vidas e empresas, destruíram casas e queimaram mais de 100 mil hectares de matas e florestas".
“Para um país pobre, o custo de uma estratégia centrada no combate aos incêndios, é pois ineficaz, ineficiente e incomportável. Hoje, mais do que nunca tem de se quebrar este ciclo vicioso, estimulando uma economia da prevenção que gere empregos no território rural (que são as regiões mais deprimidas do país!) e valorize o ambiente, criando valor na economia real. Investir na floresta, é um presente para o futuro”, lê-se no manifesto.
por esquerda.net
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por Diário de um Bombeiro às 18:11
Sexta-feira, 09.11.12

Mais de 370.000 ha de florestas e terrenos agrícolas com elevado valor económico e ambiental, em Portugal, Itália, Grécia, Espanha e Turquia, foram severamente atingidos este verão por incontroláveis incêndios florestais. A WWF, a organização de conservação, pede aos governos do mediterrâneo e à União Europeia ações urgentes de modo integrado para a conservação da floresta.
randes áreas de importantes ecossistemas e valiosos terrenos produtivos, como os parques nacionais de Garajonay, nas Ilhas Canárias, e de Teide e Cabañeros, no Centro de Espanha; o Sítio Natura Serra do Caldeirão, no Sul de Portugal; ou importantes áreas rurais como as terras de goma de aroeira (Pistacia lentiscus var chia), na ilha de Chios, Grécia, foram gravemente afetados pelos fogos florestais neste verão.
Apesar da natureza inflamável da floresta Mediterrânica, as alterações climáticas, a negligência humana e, sobretudo, a falta de uma adequada gestão florestal que atue ao nível da prevenção dos incêndios, formam uma combinação letal que ameaça as florestas e meios de subsistência das populações.
Acresce que, os sistemas primários de proteção e combate a incêndios na Grécia foram duramente atingidos por drásticos cortes no orçamento. Por exemplo, os 5 helicópteros propriedade da Corpo de Bombeiros Grego não descolaram durante a época de incêndios de 2012 por falta de fundos.
No mega incêndio de Valência, que custou uma vida humana e 52.500 hectares, as condições meteorológicas extraordinárias tornaram o controlo do fogo uma tarefa impossível. Estima-se que os danos materiais causados pelo incêndio de Valencia sejam de € 90 milhões. Incapaz de fazer face a este enorme custo devido à crise económica, o Governo espanhol apresentou um pedido de assistência através do Fundo de Solidariedade da UE.
A WWF, a organização de conservação, apela aos governos do mediterrâneo e à União Europeia que empreendam ações urgentes de modo integrado para a conservação da floresta. Especificamente, os escritórios da WWF a trabalhar na Grécia, Portugal, Espanha e Itália, afirmam que:
• O foco dos esforços relativamente aos incêndios florestais deve passar do combate para a prevenção, através da efetiva implementação da gestão florestal responsável a longo prazo. A gestão florestal responsável é mais eficaz e financeiramente mais eficiente do que o financiamento de gigantescos mecanismos de combate a incêndios usados todos os anos. Os incêndios florestais previnem-se, não se combatem.
• A prevenção dos fogos florestais deve realizar-se tendo por base os princípios da gestão florestal sustentável, ser coerente com as políticas relevantes e integrada nas estratégias de adaptação.
• Os sistemas de proteção da floresta precisam de apoio urgente.
• A coordenação efetiva entre as diferentes entidades ligadas à floresta a nível nacional e regional é vital.
• É urgente desenvolver ferramentas poderosas para sensibilizar e educar as sociedades sobre os valores dos ecossistemas florestais do mediterrâneo e sobre a prevenção de incêndios florestais. A WWF também apela a todos os cidadãos para evitarem o uso do fogo durante os períodos de maior risco de incêndios florestais.
• É urgente promover a gestão florestal responsável para a produção de produtos e serviços florestais de forma sustentável, especialmente em tempos de crise, sobretudo porque ambos são benéficos ambiental e economicamente.
"A crise financeira que paira sobre a Grécia resultou na dizimação do já escasso financiamento para a gestão e proteção da floresta. A memória do trágico verão de 2007, onde mais de 270.ooo ha arderam e mais de 80 vidas humanas se perderam, deve ensinar-nos que o custo da prevenção e gestão integrada é sempre uma solução mais barata e mais eficaz, em comparação com o custo real das crises ambientais, como são os incêndios florestais", afirma Demetres Karavellas, Diretor da WWF Grécia.
“Comportamento responsável e gestão florestal responsável são os melhores meios para evitar fogos florestais. As ferramentas de gestão florestal responsável, como a certificação FSC, podem ajudar os proprietários e silvicultores a gerir as suas terras. Boas práticas de gestão previnem fogos florestais, asseguram a conservação da biodiversidade e acrescentam valor extra aos produtos da floresta”, afirma Rui Barreira da WWF em Portugal.
"A WWF Espanha acredita que os mega incêndios florestais ocorridos este ano no nosso país são a herança de um legado de décadas de negligência, falta de coordenação e falta de visão sobre as políticas florestais. Este ano, as condições climáticas extremas causaram um ano de elevado risco de incêndio e as consequências foram devastadoras. É necessário reverter esta situação através do desenvolvimento de ferramentas de gestão e promoção de mercados de produtos florestais, como um novo motor para o modelo económico e ecológico sustentável", diz Enrique Segovia, Diretor de Conservação da WWF Espanha.
"As condições climáticas excecionais podem ter contribuído para aumentar o número de incêndios, mas deve dizer-se que na Itália o foco de incêndio primário ainda é responsabilidade do comportamento humano. Dados oficiais confirmam que um em cada quatro incêndios é causado por piromaníacos e criminosos, enquanto um em três incêndios é causada por pessoas que subestimam os possíveis riscos de incêndios. A prevenção de incêndios deve permanecer no topo da agenda política ao longo do ano e de supressão de fogos deve ser assegurada por instrumentos e financiamento adequados, apesar daqueles que querem cortá-los em nome da crise económica", observa Massimiliano Rocco da WWF Itália.
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por Diário de um Bombeiro às 15:15