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diariobombeiro


Quarta-feira, 27.03.13

O Trabalho dos Bombeiros não devia ser criticado

O Trabalho dos Bombeiros não devia ser criticado de modo generalizado, porque como em tudo há competentes e incompetentes. Por outro lado, os fatores adversos são determinantes para o sucesso ou não, sendo esses fatores variáveis e indetermináveis por muito vislumbráveis que sejam.
 
Há pelo menos uma variável! O fator HUMANO
 
As capacidades de hoje são diferentes das de ontem e das de amanhã. A falta de uma noite bem dormida, um peso na consciência porque o ordenado não chega para pagar as contas, uma desilusão sentimental, uma dor que surge de súbito, uma lesão inesperada, uma doença sem sinais evidentes,.... tudo pode contribuir para determinar uma boa ou má atuação.
 
Rejeito por completo julgar a atuação sem se investigar a causa tendo em conta a condição de vida humana. O homem é a máquina mais perfeita ao cimo da terra, mas é uma máquina humana e não um robot.

  • A propósito, qual é o CB em que todos os bombeiros sem excepção tem acompanhamento psicológico continuo e não apenas quando já existem emergências psicológicas? 
  • Qual o CB onde todo o bombeiro tem acompanhamento médico e social regular e não apenas em SOS?
 
Bombeiro = Mão de obra barata, porque se de fato os dirigentes fossem humanitários preocupavam-se com os seus como se preocupam com os de fora, contudo com os seus são despesas e com os outros são receitas. 
 
Onde está o humanitarismo? Eu sei! nos €€€€€

Há corpos de bombeiros quem tem inclusive clínicas. Mas quantos bombeiros lá são assistidos regularmente e sem terem de suportar custos porque dão o seu melhor de borla? Pois é! É só para gerar receitas...

Se algum dirigente federativo de bombeiros quer agarrar uma causa humanitária tem ai a causa é só pegar e brilhar.
 
 
               João Paulo Saraiva
Presidente Conselho Português de Protecção Civil

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por Diário de um Bombeiro às 17:58

Terça-feira, 26.03.13

MDN, MAI, Incêndios e Asneiras Escusadas

Foto da Revista Mais Alto nº 253 de Maio/Junho de 1988
Uma das primeiras intervenções do novel Ministro da Defesa (MDN), efectuada numa visita à Força Aérea (FA), foi a de perspectivar o regresso daquele Ramo militar ao combate aos incêndios florestais (IF).

A ideia é boa, apesar de requentada, e mereceu desde logo – e bem – um alerta do respectivo Chefe de Estado Maior, lembrando que tal desiderato não seria viável de um dia para o outro.

Como as pessoas em Portugal têm a memória curta por esquecimento ou conveniência, vamos tentar dilucidar, sucintamente, todo este imbróglio. Porque de um imbróglio se trata, apesar da aparente candura das palavras ministeriais.

O Governo tinha adquirido, em 1982, equipamentos com o acrónimo “MAFFS”, que foram adaptados aos aviões C-130, e que permitiam largar sobre os incêndios uma quantidade apreciável de uma calda retardante. Custaram, na altura, cerca de 200.000 contos.

Para além disto, na “época dos fogos” distribuíam-se pelo país meia dúzia de helicópteros AL III, que ficavam em alerta aos incêndios. Estes helicópteros tinham uma capacidade muito reduzida de actuação, pois apenas podiam transportar equipas até cinco elementos e largar um pequeno balde de água sobre o fogo.

Com o agravamento anual do número de fogos e área ardida, cada vez foi necessário alugar mais hélis e aviões a empresas privadas, o que gerou um negócio de muitos milhões.

Em 1997, durante o governo do Eng. Guterres, o Secretário de Estado da Administração Interna, Armando Vara, decidiu (presume-se que com o assentimento do MDN), retirar a FA do combate e prevenção aos IF. Tal decisão abriu o caminho para se vir a adquirir, mais tarde, meios aéreos para esta missão, que foram colocados na dependência do MAI.

A fundamentação para tudo baseou-se – como se encontra descrito em vários documentos – na pouca capacidade que a FA possuía para atacar os IF, já que as poucas aeronaves C-130 existentes (cinco, mais tarde seis), o reduzido número de tripulações e o número substancial de outras missões cometidas à esquadra, nunca ter permitido o uso simultâneo dos dois equipamentos MAFFS existentes, a que acrescia as limitações do AL III (para o fim a FA já tinha muitas dificuldades em comprar a calda, pois esta já estava adjudicada a terceiros).

Para além disto, referia-se, o Estado gastava muitos milhões de contos a alugar, sazonalmente, aviões e hélis, não era dono de nenhum e estava sujeito ao mercado.

Salvo melhor opinião, as principais razões que levaram à alteração da política governamental não têm nada a ver com a argumentação aduzida, ou tem pouco a ver. As razões, creio, radicam-se na “luta de capelinhas”; na proeminência que o MAI passou a ter sobre a Defesa; na paranóia em querer afastar os militares de tudo o que não tivesse exclusivamente a ver com a vida nos quartéis, substituindo-os por “boys e girls” – uma pecha insaciável dos partidos – e, também porque nos negócios a efectuar, a FA a Armada e o Exército não terem por hábito pagar comissões ou horas extraordinárias. Senão não teriam feito o disparate que fizeram que é sempre pago pelo contribuinte.

Tudo, aliás, tem resultado num desastre: os fogos não param, a legislação não é adequada, não há prevenção, há muitos acidentes com os bombeiros (os poucos que se apresentam dos cerca de 30.000 inscritos…), etc. Não se sabendo o que fazer com o que restava dos Guardas Florestais, nem como os enquadrar, resolveu-se incorporá-los na GNR que, por ser um corpo militar, é pau para toda a obra; e até se inventou um grupo especial de intervenção contra os fogos, dentro daquela corporação, cuja missão nada tem a ver com isto.

Em contrapartida nada se fez para reforçar os sapadores bombeiros que são os únicos profissionais em apagar fogos, em todo este âmbito…

Ora se tivesse havido boa mente na apreciação da situação, o que deveria ter sido feito era ter aumentado os meios da FA (já que eram insuficientes…) e, ou, dotá-la de meios apropriados que pudessem ser aproveitados noutro tipo de missões, de modo a rentabilizá-los todo o ano. Manter-se-ia, deste modo, os meios aéreos sob comando e controle centralizado (sem embargo da descentralização da execução), a serem operados por quem sabe e tem experiência e capacidade de os operar e manter.

Mas não, decidiu-se pegar no dinheiro – que pelos vistos nunca faltou no MAI – e ir-se inventar a pólvora, pois no nosso desgraçado país os últimos 30 anos têm sido um farró! E o “negócio dos Incêndios” lá continuou de vento em popa.

Constituiu-se mais um dos inúmeros grupos de trabalho (GT), que pulularam no país, como cogumelos, para se equacionar a coisa. As conclusões deste GT foram entregues, em 6 de Setembro de 2005 e daqui surgiu a EMA, Empresa de Meios Aéreos (de capitais públicos), na dependência do MAI.

Do plano inicial fazia parte a compra de hélis ligeiros (quatro) e pesados (seis) e aviões pesados (quatro). Mas continuava a advogar-se o aluguer de 20 (!) hélis e 14 (!) aviões ligeiros e médios. Afinal…

Só para se ter uma ideia da insanidade em que se caiu, em 2010 chegaram a operar, em simultâneo, 56 meios aéreos, o que representa 40% da totalidade das aeronaves do inventário da FA!

Acabou-se por só se adquirir os helicópteros, um negócio atribulado com a Rússia (os Kamov) e, ainda os AS350B3, da Eurocopter (tudo cerca de 54-56 Milhões de euros), e já não se adquiriram os aviões por não haver dinheiro. Os hélis chegaram entre Junho de 2007 e Março de 2008.

O intermediário foi a empresa Heli Portugal, a quem foi adjudicado, também, por cinco anos, a manutenção das aeronaves, o que vale 16 M euros/ano.

A chefia da FA ainda fez uma proposta, em finais de 2004, avançando com a ideia de uma esquadra de aviões tipo Canadair (oito a 10), de multiuso. Este avião tem a vantagem de já ter dado boas provas e ser operado por Marrocos, Espanha, França, Itália e Grécia, podendo-se equacionar uma futura “poole“ destes meios. Ficou, ainda, em aberto a hipótese de reconfiguração dos 10 SA 330 Puma existentes e em desactivação, mas aproveitáveis, apesar de não serem os ideais. Hoje estão à venda e não se lhes encontra comprador.

Não deixa de ser curioso notar, contudo, que a chefia da FA, entre 1997 e 2000, não se ter mostrado nada interessada na questão dos IF, nem nos “Canadair”.

A FA, com realismo militar, mas com falta de “perspicácia” política, sempre foi dizendo que necessitava de cinco anos para tudo estar operacional, o que logo foi aproveitado pelos políticos, como óbice pela falta de celeridade. Menos, certamente, por preocupação com os fogos, mas por estarem sempre de olho nas próximas eleições e no papelinho do voto…

É claro que a proposta ficou na gaveta da política e só não temos a certeza do grau de assertividade com que esta dama foi defendida. E devia tê-lo sido, não só pela FA mas pelo Conselho de Chefes.

E, assim, se avançou para a organização de uma empresa para operar helicópteros num organismo que sabia rigorosamente nada sobre tal “negócio”. O Estado Português tem destas coisas e é, como se sabe, rico.

Faltava agora decidir sobre o dispositivo, isto é, onde estacionar os meios. A Autoridade Nacional de Protecção Civil pretendia meios colocados em Loulé e S. Comba Dão (e outros locais) mas, para além disto, era necessária uma base central.

O MAI António Costa, ainda tentou colocá-los na antiga base de Tancos (que tem todas as infra-estruturas, espaço e está despido de meios aéreos, e para isso reuniu com os Chefes do Exército e da FA. A reunião correu mal (para variar), e nenhum acordo foi atingido.

Resultado, foi-se gastar uma nota gorda (cerca de 15M euros), a fazer uma “base” no aeródromo municipal de Ponte de Sor (a 50 km de Tancos…), que foi completamente remodelado.

Como houve dificuldades, no inicio, em recrutar pilotos para os “Kamov”, a EMA foi generosa e passou a oferecer 6000 euros/mês a um comandante, fora as alcavalas. Afinal só não há dinheiro é para os hélis dos Ramos, nem para aumentar o risco de voo dos pilotos militares… Para já não falar nos diferentes pesos e medidas, que o mesmo patrão (o Estado), usa para com os seus servidores.

Como ninguém, aparentemente, explicou com algum detalhe aos senhores do MAI, que operar meios aéreos não é propriamente o mesmo que colocar uma asa num carro de bombeiros, os custos da empresa não mais pararam de derrapar e o passivo já ultrapassa os 40 milhões, se é que se podem acreditar nas contas que por aí correm. Tentou-se,” in extremis” impor quotas de horas de voo à GNR, PSP, ANPC, SEF, IMTT, etc., o que tem gerado uma apreciável confusão.

E agora ninguém sabe o que fazer. Daí o anzol lançado pelo MDN.

A desintonia e os desencontros, entre MDN, MAI, bem como entre as principais entidades que têm andado ligadas a esta problemática, têm sido a regra

Os incêndios, esses, continuam a surgir por geração espontânea e fazem o seu percurso placidamente.

Deve ser das alterações climáticas.

            João José Brandão FerreiraTen. Cor. Piloto Aviador (ref.) - Cmd. Linha Aérea

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por Diário de um Bombeiro às 09:41

Terça-feira, 26.03.13

Programa "Olhos nos Olhos - Reflorestação Nacional"

Bom dia a todos os "Agentes" de proteção Civil em geral.

Deixo aqui algumas afirmações ditas na noite de ontem no programa citado a cima, com o Eng. Medina Carreira,  Eng. Vitor Moura.

Transferi algumas frases, para que se possa debater cada uma delas, e desta forma dinamizarmos o Grupo.

- Mais de 38% da floresta está desvastada.
- 3 hectares é a média de propriedade florestal.
- Existem em Portugal 400 mil proprietário florestais.
- A época de incêndios de incêndios de 2003 e 2005 foram épocas de incêndios inovação e progressão nos combates aos incêndios, desde 2007 que temos vindo regredir .
- A negligência é o principal fator dos grandes incêndios.
- O combate a incêndios vai ter mais 5% das verbas que no ano passado.
- O estado ganha de IMI 20€ por hectare, gasta 27€ por hectare em cada incêndio.


         Por: Micro_fz
diariobombeiro@gmail.com

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por Diário de um Bombeiro às 09:14

Segunda-feira, 25.03.13

Sensibilização: Bombeiros caem a um poço durante combate a incêndio

9 de Julho de 2008

Era quase meia-noite, o telefone tocou, já me preparava para ir descansar e pela hora quase de certeza que se tratava de um serviço para ser feito. Não me enganei, o CDOS (comando distrital de operações de socorro) mandou-nos para Boelhe auxiliar os colegas de Penafiel num incêndio florestal. Fomos para o local no VFCI-04, estava uma noite quente e quase não havia vento.
 
Ao passarmos na barragem do Torrão já se avistava o fogo, e então pensei, mais uma noite perdida, sim, porque só por aquilo que conseguia ver, dava para ter a perceção que seria um incêndio demorado. Quando chegámos ao local parecia que o inferno tinha descido à terra, o incêndio lavrava em várias frentes com bastante intensidade muito por culpa do vento que aqui já se fazia sentir, protegi-me o mais que pude com todo o meu EPI (equipamento de proteção individual), pois o vento encarregava-se de transportar muitas faúlhas pelo ar.
 
No local já estavam várias viaturas de outros corpos de bombeiros e mesmo assim o incêndio não nos dava tréguas, fomos para um local definido pelo COS (comandante de operações de socorro) e demos inicio ao nosso trabalho, o vento era sem dúvida o inimigo numero um, as faulhas deslocavam-se a uma velocidade impressionante, os cuidados tinham que ser redobrados pois corríamos o risco de haver uma projecção de fogo e a qualquer momento poderíamos ficar cercados pelo fogo. Felizmente isso não aconteceu, passado algum tempo chegaram mais meios vindos de outras corporações, e depois de uma batalha desigual o fogo começava finalmente a ceder, o vento também nos deu uma ajuda preciosa, pois tinha abrandado de forma considerável e pudemos finalmente dominar o incêndio.
 

Depois de já termos gasto cinco carros de água, começamos a fazer rescaldo na frente que nos encontrávamos, e já com o incêndio completamente extinto recebemos a indicação para nos deslocarmos para um descampado, para abastecermos a viatura e posteriormente ali permanecermos e aguardar por novas indicações, digamos que era uma especie de ZCR (zona de concentração de reserva). Estava exausto, as ultimas horas tinham sido de muito trabalho, ainda por cima sempre na frente do fogo de agulheta na mão, olhei rapidamente para o relógio, eram quase quatro da manhã, e então tive a certeza que a noite estava perdida, mas com um pouco de sorte se tudo corresse bem, talvez fossemos desmobilizados e assim ainda teria algum tempo para descansar antes de voltar ao trabalho diario, mas como eu estava enganado.
 
As indicações que recebemos foi para permanecermos ali e aguardarmos por novas instruções, comecei a sentir um pouco de frio pois tinha transpirado bastante e agora o corpo começava arrefecer e entao fui para dentro da viatura. Passados alguns minutos já estavamos todos dentro do carro, pois lá fora a temperatura tinha descido consideravelmente. Quem é bombeiro sabe muito bem do que estou a escrever, pois chega a uma hora que estamos de tal maneira cansados que qualquer cantinho serve para fazer “ninho”, e comigo não foi exceção, passado pouco tempo estavamos todos encostados uns aos outros a tentar descansar um pouco.
 
Estava eu a passar pelo sono, quando de repente alguém lá fora gritava a pedir ajuda, pois dois bombeiros tinham caído a poço, bem mais uma vez digo que quem é bombeiro sabe muito bem o que estou a dizer, e aquilo para mim foi como se me tivessem dado uma injecção de adrenalina, e rapidamente saltei do carro juntamente com os meus colegas para irmos em socorro dos nossos camaradas. É nestas alturas que nós esquecemos tudo, esquecemos o cansaço, esquecemos as horas, esquecemos o sono, desligamos de tudo e passamos a ter um único objectivo, socorrer quem precisa de auxílio. Os nossos camaradas tinham caído num poço com quase oito metros, e felizmente era um poço seco, estavam conscientes mas muito nervosos pois ninguém estava a contar cair a um poço, fizemos uma rapida avaliação da situação e demos conhecimento ao INEM do que se passava e pedimos apoio médico pois não sabiamos o verdadeiro estado deles, o INEM enviou para o local a viatura médica do hospital de Penafiel que rapidamente chegou ao local. Enquanto isto nós tinhamos que tirar os nossos colegas dali, e depois de termos a certeza que estes não tinham lesões de maior gravidade, chegamos à conclusão que os podiamos içar com as nossas mangueiras, e foi o que fizemos, falamos com eles, e um de cada vez amarraram a mangueira à cintura e conseguimos tirá-los cá para fora. Felizmente estavam bem dentro dos possíveis, mas muito atordidos com tudo o que estava acontecer, a equipa médica já tinha chegado e começou a prestar os cuidados médicos necessários.
 
É incrivel a força que possuimos dentro de nós muitas das vezes sem sabermos que a temos, naquela hora estava completamente exausto, e de um momento para o outro parece que todo o cansaço tinha desaparecido. Mas nós bombeiros somos assim mesmo, por vezes vamos buscar forças onde elas não existem, e nunca duvidem, que um bombeiro para cumprir com o seu dever no auxílio dos outros, por vezes vai buscar forças ao “fim do mundo” para cumprir a sua missão.
 

 
De salientar que os nossos colegas envolvidos neste incidente se encontram bem de saúde e apenas sofreram ferimentos ligeiros, para os colegas Manuel Ribeiro Couto dos bombeiros de Paredes e Fernando Sousa Coelho dos bombeiros de Cête, deixo aqui um grande abraço de amizade e de dever cumprido, Bem Hajam.
 
Quero também aproveitar esta situação, para vos deixar alguns alertas, principalmente aos bombeiros, a época florestal está quase a chegar, e não tenham duvidas que este vai ser um ano terrível em termos de fogos florestais, por isso preparem-se, mas acima de tudo tenham cuidado, tenham muito cuidado porque nada paga a perda de uma vida humana e muito menos num incêndio florestal. Eu costumo dizer se não há habitações em risco, não arrisquem em demasia porque não vale a pena.
 
Aos civis, a esses eu pessoalmente peço, não façam fogo nas florestas, não façam queimadas em dias de vento e previnam todo e qualquer tipo de risco de incêndio, afinal de contas a nossa floresta fica muito mais bonita “pintada” de verde, do que de cinza


      José Filipe
  Bombeiro de 2.ª
CB Entre-os-Rios


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por Diário de um Bombeiro às 14:29

Segunda-feira, 25.03.13

O Fundo de Protecção Social dos Bombeiros e os Bombeiros

O Fundo que um dia foi criado para apoiar os Bombeiro nas mais variadas situações difíceis das suas vidas, tem cada vez mais razão de existir, de ser divulgado, de ser ampliado e ser aplicado em todos os casos devidamente regulamentados, mas também em casos pontuais que esta vida de miséria a que estamos a ser condenados nos está a conduzir. E os Bombeiros, enquanto pessoas, não fogem às dificuldades acrescidas que nos últimos tempos têm vindo a afectar e a degradar as condições de vida da maioria do povo português e especialmente as classes mais desfavorecidas.

Dadas as circunstâncias penosas que todos estamos a atravessar, e os Bombeiros, enquanto pessoas, não fogem à regra, penso que é altura da Liga fazer mais um trabalho aturado de divulgação do Fundo, de preferência em sintonia com as Federações, de modo a que os responsáveis das Associações, especialmente aqueles que estão há menos tempo na grande família de Bombeiros e portanto menos conhecedores das potencialidades do Fundo, possam identificar localmente, casos dignos de ser apoiados, e devem ser muitos, que estão a escapar a esse apoio, e procederem em conformidade.

Alguns dirão que os responsáveis dos Bombeiros conhecem o Fundo e sabem como agir. Isso não passará de uma meia verdade que pode ser confirmada em qualquer relatório do Fundo em que se pode comprovar que há meia dúzias de Associações e Corpos de Bombeiros que sabem aproveitar os benefícios que a lei lhes confere e a maioria só aproveita casos pontuais e outros nem por isso.

Com esta filosofia, são os Bombeiros, especialmente aqueles que hoje estão a sofrer com o desemprego, com a doença, com o agravamento das condições de sobrevivência dos seus agregados familiares, que estão a ser prejudicados ou melhor dizendo, a deixar de serem apoiados pelo Fundo só pelo facto desses casos não serem apresentados, como manda o Regulamento, à Direcção do Fundo que os analisaria e despacharia se os mesmos lhes fossem apresentados.

Quero acreditar, acredito mesmo, que muitos dos Bombeiros que estão a passar dificuldades, nunca antes admitidas, muitas vezes se envergonharão de apresentar os seus casos aos seus Comandantes ou aos seus Presidentes por uma razão de humildade conhecida e também por um certo desconhecimento do que é o Fundo e para que serve o Fundo. Mas eu diria, como diz o Povo, vergonha é roubar. Mas pedir aquilo a que se tem direito, é um dever de cada um e nunca uma vergonha.

Penso que este será o momento mais indicado para que os sentimentos de solidariedade que os Bombeiros praticam todos os dias para com o seu semelhante, sejam também colocados, de forma ampliada, ao serviço daqueles que todos os dias fazem o bem sem olhar a quem. E o Fundo pode ajudar a minimizar muitas situações complicadas na grande família dos Bombeiros.

 
Carlos Pinheiro
    07.03.13

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por Diário de um Bombeiro às 12:41

Sexta-feira, 22.03.13

"As Vítimas da Incompetência"

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Artigo, publicado no jornal "o diário", de 5/9/86.

Como se lê no texto: "... 1978, altura em que, mercê de um acordo firmado entre representantes do MAI, do MAP e dos bombeiros, se entendeu que todas as responsabilidades deveriam recair inteiras sobre as corporações de bombeiros locais, ....Aos técnicos e restante pessoal florestal ficou cometido somente a detecção dos sinistros, mesmo para as matas do Estado". 

E, assim se deitou para o lixo, anos e anos de experiência de combate aos incêndios florestais.

O artigo termina: "Os bombeiros que morreram em Águeda e em Armamar e os que ainda poderão vir a morrer não se sabe quando nem onde, são vitimas da incompetência dos que a alto nível dirigem a luta contra os incêndios florestais em Portugal."

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por Diário de um Bombeiro às 12:23

Sexta-feira, 01.03.13

O cidadão: primeiro agente de protecção civil

Os cidadãos são, hoje em dia, simultaneamente protagonistas e agentes activos de protecção civil, no direito à informação sobre os riscos a que estão sujeitos. É neste espírito que se decidiu evocar este ano em Portugal o Dia da Protecção Civil.

Assinala-se hoje, 1 de Março, o Dia da Protecção Civil, comemorado a nível internacional desde 1990, ano em que foi aprovado pela Assembleia Geral da Organização Internacional de Protecção Civil, com sede em Genebra, e instituído oficialmente em Portugal em 2008 por despacho do Ministro da Administração Interna.

Em Portugal e no mundo, a efeméride cumpre dois objectivos essenciais: por um lado, prestar tributo a todos aqueles que se encontram ligados a este vasto e fundamental sector que concorre para a segurança colectiva: serviços de protecção civil, bombeiros, forças de segurança e militares, entidades técnicas e científicas, e outras; por outro, promover a reflexão e o diálogo em torno dos riscos a que territórios e populações estão sujeitos, e o papel que cabe a cada um de nós, cidadãos, no esforço colectivo de criação de comunidades resilientes, próprias das sociedades mais desenvolvidas.

Ao longo da última década, em todo o mundo, uma sucessão de ocorrências (sismos, inundações, tsunamis, furacões, erupções vulcânicas, incêndios florestais e outros) tem originado um número elevadíssimo de mortos, feridos, desalojados e avultados prejuízos económicos.

Também Portugal tem enfrentado um conjunto de adversidades que, dia após dia, testam as capacidades técnicas e operacionais da sua estrutura de protecção civil e dos agentes que a integram. Não será necessário recuar muito no tempo para obtermos alguns exemplos de ocorrências que causaram fortes impactos no território nacional: O temporal de 19 de Janeiro deste ano, em que num período de apenas 16 horas se registaram cerca de 10.000 ocorrências e outras tantas operações de socorro; os incêndios florestais que atingiram severamente o Algarve e a Madeira no verão passado; os eventos hidrometeorológicos que causaram dezenas de mortes no Funchal há sensivelmente 3 anos atrás; a sinistralidade rodoviária, que diariamente teima em ceifar a vida a condutores, passageiros e até transeuntes; os acidentes domésticos e uma plêiade de outras ocorrências que, embora não tão espectaculares e por conseguinte merecedoras de menor atenção mediática, obrigam à mobilização permanente de um vasto conjunto de recursos humanos e técnicos.

Agir neste paradigma de “sociedade de risco”, se por um lado exige aos serviços de protecção e socorro um conjunto de novas capacidades técnicas e organizacionais, por outro apela à necessidade de os indivíduos adquirirem outras competências pessoais, alicerces de uma cidadania participada e informada.

Os países e as cidades que têm tido mais êxito na gestão dos riscos são os que cumprem duas condições importantes: por um lado, possuem serviços públicos activos e competentes que respondem com eficácia e prontidão às necessidades dos cidadãos; por outro, contam com cidadãos participativos e mobilizados em torno de causas comuns, como a segurança.

De facto, os cidadãos são, hoje em dia, simultaneamente protagonistas e agentes activos de protecção civil, no direito à informação sobre os riscos a que estão sujeitos no seu dia-a-dia, e no dever de adopção de medidas preventivas e comportamentos de autoprotecção adequados.

É neste espírito que se decidiu evocar este ano em Portugal, sob o mote “o cidadão: primeiro agente de protecção civil”, o Dia da Protecção Civil.

O tema vem sublinhar o papel fundamental que um cidadão bem preparado desempenha numa emergência, já que os serviços de protecção e socorro nunca serão suficientemente lestos a prestar os cuidados necessários. Nestas circunstâncias, cabe ao cidadão a importante missão de proteger a sua vida e a dos seus próximos (família, vizinhos e comunidade), socorrer quem necessite (de acordo com procedimentos antecipadamente treinados e apreendidos), informar a sua comunidade e as autoridades (mantendo-se ao mesmo tempo informado) e colaborar activamente com as autoridades e agentes de protecção civil.

Ao assinalarmos este dia, atribuindo particular ênfase no cidadão, lançamos um apelo à comunidade educativa para que o desafio quotidiano de edificação de uma cultura de prevenção e segurança seja uma realidade permanente, dentro e fora do contexto escolar, envolvendo a memória, a reflexão e a aprendizagem, e visando o desenvolvimento de valores que levem a encarar a protecção civil como uma responsabilidade partilhada, inerente ao pleno exercício de direitos e de deveres.

Todos somos protecção civil!

Manuel Mateus Couto
Presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil

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por Diário de um Bombeiro às 20:51

Sexta-feira, 01.03.13

Cidadania e Protecção Civil

Por iniciativa da Organização Internacional de Protecção Civil, todos os anos, no dia 1 de Março, assinala-se o Dia Mundial da Protecção Civil.
Com esta iniciativa pretende-se sensibilizar os cidadãos para a problemática da prevenção de comportamentos de risco, bem como difundir informação conducente à criação de uma cultura de segurança.
“ O cidadão: primeiro agente de protecção civil” é o lema da efeméride deste ano. Sendo correcta esta afirmação, a verdade é que em Portugal há um longo caminho a percorrer, até que o desígnio deste lema se concretize na prática quotidiana da comunidade nacional.
No ordenamento jurídico português define-se protecção civil como “ A actividade desenvolvida pelo Estado, Regiões Autónomas e autarquias locais, pelos cidadãos e por todas as entidades públicas e privadas com a finalidade de prevenir riscos colectivos inerentes a situações de acidente grave ou catástrofe, de atenuar os seus efeitos e proteger e socorrer as pessoas e bens em perigo quando aquelas ocorram.”
Nesta formulação percebe-se que a protecção civil é uma tarefa de todos. Mas uns têm mais responsabilidades que outros, nomeadamente quando são eleitos para fazer cumprir as funções do Estado democrático, a nível central, regional ou local. Por isso, esta comemoração dirigida aos cidadãos em geral, deve também ser endereçada aos decisores políticos. Sem o esclarecimento e empenho destes últimos, dificilmente se poderá esclarecer e mobilizar os primeiros. 
por Duarte Caldeira

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por Diário de um Bombeiro às 20:47

Quinta-feira, 28.02.13

Duarte Caldeira: Memória Televisiva

Entrei num café de Lisboa ao fim da tarde para lanchar. Ao balcão, saboreio uma sandes de fiambre e um galão. De súbito aproxima-se um cidadão e interpela-me, com um rasgado sorriso na cara: "Desculpe. O senhor é dos Bombeiros. Como já não o vejo há muito tempo na televisão e via-o quase todos os dias a reclamar do Governo, pergunto se os problemas dos Bombeiros já estão todos resolvidos?”
Surpreendido pela abordagem, comecei por informar o cidadão que há mais de um ano que não sou Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, razão porque deixei de aparecer na televisão. Acrescentei que aparecia na televisão e noutros órgãos de comunicação social apenas para defender os Bombeiros, pois não tenho vocação para ser vedeta mediática.
Quanto aos problemas dos Bombeiros, há os que foram resolvidos e outros que estão por resolver, cabendo agora ao actual Presidente da Liga falar deles.
“ Desculpe mas não sabia que já não era dos Bombeiros. Eu gostava de ouvi-lo, pois falava para todos nós e tornava os problemas dos Bombeiros como nossos. E agora quando o vi entrar lembrei-me de abordá-lo”, justificou-se. 
Voltando a desculpar-se o cidadão lá foi à sua vida. Entretanto o galão esfriou. Enquanto o empregado voltava a aquecê-lo, confesso que me senti orgulhoso por ainda haver cidadãos que mantêm na memória a minha intervenção pública em representação da Liga e que dão pela falta dela.
por Duarte Caldeira

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por Diário de um Bombeiro às 19:09

Quarta-feira, 27.02.13

Teatro de Operações: Boas notícias

No dia 18 de Fevereiro foi publicada no Diário da República a Portaria nº 76/2013, que “Estabelece os termos e condições do Novo Programa Permanente de Cooperação”, instrumento previsto na alínea a) do artigo 31º da Lei nº 32/2007 de 14 de Agosto, que define o regime jurídico das associações humanitárias de bombeiros (AHB).

Tal como se diz no preâmbulo deste diploma, ele resulta do “consenso entre o Estado e os parceiros do sector no sentido do mútuo reconhecimento da necessidade de rever o modelo de financiamento da actividade dos corpos de bombeiros”.

É de elementar justiça reconhecer que o modelo de apoio financeiro à AHB agora aprovado melhora, substancialmente, o anterior. Para além da actualização dos valores recebidos pelo conjunto das associações, destaca-se a racionalidade da fórmula utilizada para o efeito, facto que se saúda.

Para se chegar até à versão agora em vigor, foi preciso muito labor técnico e vontade politica. Labor técnico da parte da Direcção Nacional de Bombeiros da ANPC e da equipa que em representação da Liga participou na construção deste diploma. Vontade política do Ministro da Administração Interna e do Secretário de Estado do mesmo ministério, que viabilizaram as soluções agora consagradas em lei.

Faço esta referência elogiosa porque em outras ocasiões critiquei a falta de decisões para responder aos problemas das estruturas de bombeiros, num contexto de enormes dificuldades e restrições. Não tenho uma lógica de terra queimada nem gosto de utilizar os Bombeiros para outros fins que não sejam a defesa dos seus interesses.

Os valores investidos pelo Estado nas AHB têm um retorno garantido. A título de exemplo, cabe destacar os muitos indicadores recolhidos através do Recenseamento Nacional os Bombeiros Portugueses (RNBP), administrado pela ANPC.

Diz-nos este importante instrumento de análise e estudo da realidade do sector de Bombeiros que, em 2012, os 28.541 elementos inseridos no quadro activo dos 413 corpos de bombeiros voluntários do Continente, prestaram um total de quase 15 milhões de horas de serviço operacional comprovado. Este número representa uma média superior a 520/horas/bombeiro/ano de serviço operacional voluntário.

Outros dados são susceptíveis de serem avançados em defesa da tese aqui exposta, aproveitando o rico manancial de informação que o RNBP hoje disponibiliza.

Oxalá que o tradicional secretismo que tem afastado a reflexão técnica e cientifica do sector de Bombeiros, não impeça que se tire todas as conclusões possíveis que este precioso instrumento de gestão e acção politica responsável permite.

Se assim acontecer ganha toda a gente e, sobretudo, ganham os portugueses que são os principais destinatários de um Sistema de Protecção e Socorro, racional e qualificado, tendo por principais agentes os Bombeiros.

 
por Duarte Caldeira

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por Diário de um Bombeiro às 11:57


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