Sábado, 23.02.13
Foi com muita satisfação que soube através da comunicação social espanhola que os Bombeiros de Madrid, da Catalunha e da Galiza decidiram deixar de participar em operações de despejo de cidadãos, para apoio da polícia ou das autoridades policiais.
Em comunicado a secção sindical dos Bombeiros da Comunidade de Madrid defende que os bombeiros “ não são fantoches da banca nem seus servidores no Governo”, pelo que negam-se a participar em quaisquer acções que “ contribuam para aumentar as desigualdades e miséria que atinge a classe trabalhadora”.
Finalmente, os bombeiros de Madrid afirmam que apenas estão disponíveis para actuar em situações de emergência “ para prestar serviço aos cidadãos”.
Esta corajosa atitude suscita uma reflexão das autoridades e dos próprios responsáveis dos Bombeiros, relativamente à utilização dos “soldados da paz” em acções de natureza policial, fora do contexto da sua missão de socorro aos cidadãos.
Em momentos de crise como aquele que se vive em vários países da Europa, com frequência as unidades de Bombeiros têm sido chamadas a intervir em acções policiais contra manifestantes, quebrando deste modo o compromisso que, à escala global, os Bombeiros de todo o Mundo têm com todos os cidadãos, independentemente das suas convicções ideológicas, religiosas ou outras.
A decisão dos bombeiros espanhóis não é apenas simbólica. Ela representa um grito de identidade, que sublinho e elogio.
por Duarte Caldeira
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por Diário de um Bombeiro às 19:16
Segunda-feira, 18.02.13
No âmbito da actividade de investigação sobre o Sistema de Protecção Civil, que actualmente ocupa uma significativa parte do meu quotidiano, tenho entre mãos um interessante conjunto de indicadores sobre a actividade dos Bombeiros em Portugal.
Decidi partilhar com os leitores alguns desses indicadores, considerando a sua relevância para a compreensão da realidade do socorro no nosso país.
Segundo dados disponibilizados pela Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) através da plataforma Recenseamento Nacional dos Bombeiros Portugueses (RNBP), em 2012, os 28.541 bombeiros do Quadro Activo inseridos nos 413 corpos de bombeiros voluntários sedeados em 267 (dos 278) municípios do território do Continente, prestaram 14.904.556 horas de serviço operacional voluntário.
Quer isto dizer que cada bombeiro, ao longo do ano passado, prestou, em média, mais de 522 horas de serviço operacional voluntário.
Se tivermos em consideração que os bombeiros portugueses fazem mais de um milhão de serviços de emergência/ano, facilmente se conclui pela importância dos corpos de bombeiros inseridos em Associações Humanitárias de Bombeiros, na estrutura de resposta ao socorro existente no país.
Analisar os dados disponíveis no RNBP constitui hoje um imperativo para todos quantos queiram conhecer, com rigor, a realidade do socorro em Portugal. Não sendo uma plataforma perfeita, ela é seguramente um precioso instrumento para a investigação aplicada e a conceptualização de modelos e soluções organizativas, capazes de perspectivar o futuro do socorro confiado a Bombeiros. É nesta tarefa que estou seriamente empenhado, entre outras, no contexto do Sistema.
Proximamente, voltarei ao assunto!
por Duarte Caldeira
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por Diário de um Bombeiro às 09:24
Segunda-feira, 18.02.13
Caros amigos,
Há muito tempo que não dedicava umas palavrinhas ao que me move e aquilo em que acredito. Nas ultimas semanas, fruto de ocorrências das mais diversas naturezas, nos órgãos de comunicação social têm surgido caras Jovens, serenas, refletindo um espírito diferente... São caras onde se vislumbra paixão, são caras onde se evidência competência e conhecimento... São elas as caras da nova geração de quadros de comando dos Corpos de Bombeiros Portugueses.
Se alguns apontam o dedo à crise, se alguns temem sérias e graves dificuldades na gestão destas instituições que se dedicam a fazer o bem, eu aponto o dedo à oportunidade que surge em cada esquina de mudar o paradigma onde vivemos durante dezenas de anos!
Esta é a oportunidade de lançar e projetar a geração de Bombeiros mais bem formada de sempre! Esta é a oportunidade dos jovens deixarem de olhar para os Bombeiros como uma forma de passar o tempo, contribuindo somente para a prestação de serviços de protecção e socorro.
O tempo de resolver os problemas quotidianos e diários de um Corpo de Bombeiros, não nos levará a lado nenhum... Acima de tudo é preciso VISÃO, é preciso ESTRATÉGIA!
Esta é sem dúvida a oportunidade que as Instituições de Bombeiros têm de definitivamente abrirem as portas e as janelas à mudança e ao sucesso, este é o tempo de abrir as portas à motivação, ao empreendedorismo. É tempo de se abrirem as portas às ideias e aos projectos dos jovens que por aí andam à procura de um rumo!
Os Corpos de Bombeiros mais do que nunca devem ser um polo de desenvolvimento nas suas comunidades, evidenciado rigor e qualidade! Isto só será possível com o aproveitamento dos melhores recursos que estes detêm.
Hoje, as melhores máquinas que os Corpos de Bombeiros têm são sem dúvida os seus Jovens! São eles que podem pôr a casa a mexer, são eles que podem abrir as portas da integração e do aprofundar dos laços com a restante sociedade civil. A diferença está na imagem, a diferença está na ATITUDE! Os valores são os mesmos, mas a garra meus senhores, a garra é outra! Movem-se por paixão!
É com orgulho que vejo o reflexo do investimento em alguns Jovens Bombeiros, nos lugares de tomada de decisão, são estes jovens que ao longo dos ultimos meses têm evidenciado uma extraordinária competência para a gestão quotidiana da vertente operacional dos Corpos de Bombeiros. Aqui e ali evidencia-se algo que alguns dizem não existir... FUTURO!!!
Aqui e ali, lá aparecem eles a falar na televisão, com um atavio e um aprumo que dignifica e valoriza em muito os Bombeiros Portugueses.
Os tempos são de mudança, a receita está à vista de todos... Cabe-lhes agora a eles Jovens Comandantes continuar a dar o exemplo de que é POSSÍVEL e é preciso acima de tudo ACREDITAR nas ideias, nos projectos, nas vontades, nos valores, na PAIXÃO que nos move!
Este é o tempo dos JOVENS fazerem mais e melhor pelos BOMBEIROS PORTUGUESES.
Tenho dito,
Nuno Tiago Simões
B.V. Setúbal
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por Diário de um Bombeiro às 07:15
Quinta-feira, 14.02.13
O artigo 22.º do Decreto-lei n.º 247/2007, de 27 de junho determinava que competia à Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) «(…) assegurar ações de formação necessárias ao ingresso nas estruturas de comando, ao ingresso e progressão nas carreiras de o cial bombeiro e de bombeiro.»
Em complemento, a alínea b) do artigo 2.º do Despacho n.º 713/2012, de 18 de janeiro, refere competir à Escola Nacional de Bombeiros (ENB) «ministrar e ou certi car a formação dos cursos do quadro de comando, os cursos de formação para ingresso e acesso na carreira de o ficial bombeiro e os cursos de formação para acesso na carreira de bombeiro e os módulos de formação do curso para ingresso na carreira de bombeiro previstos no quadro 2, em anexo», isto é, os módulos FI-03-I, técnicas de socorrismo e FI-04-I, técnicas de salvamento e desencarceramento.
Com as alterações ao decreto-Lei n.º 247/2007 que resultam da publicação do Decreto-lei n.º 248/2012, de 21 de novembro, esta matéria passou a constar no n.º 5 do artigo 21.º, no qual se pode ler «compete à ANPC assegurar as ações de formação necessárias ao ingresso nas estruturas de comando, ao ingresso e acesso na carreira de o ficial bombeiro, ao acesso na carreira de bombeiro e ao ingresso na carreira de bombeiro especialista.» Ou seja, a ANPC deixa de assegurar o ingresso na carreira de bombeiro voluntário, mas, em contrapartida passa a assegurar a formação de ingresso na carreira de bombeiro especialista.
Naturalmente, este texto é suscetível de provocar alterações ao despacho que determina as competências da ENB quanto à formação de ingresso na carreira de bombeiro voluntário, passando o comandante do corpo de bombeiros a assegurar todos os módulos com os meios internos que tem à sua disposição, tal como já acontecia com quatro deles.
A decisão de transferência da responsabilidade de todos os módulos de ingresso na carreira de bombeiro voluntário para a esfera do comandante do corpo de bombeiros poderá ser consequência do seguinte:
• Excessiva carga horária de ambos os módulos (50H cada), que foram adaptados às unidades de formação de curta duração (UFCD) do referencial de formação da saída pro ssional bombeiro/a, do Catálogo Nacional das Quali cações;
• Elevado custo associado aos módulos, nomeadamente na formação ministrada em corpos de bombeiros que, ainda, não dispõem de formadores credenciados pela ENB, quando se prevê uma diminuição muito acentuada dos fundos comunitários disponíveis para tal;
• Significativa percentagem de desistências antes do final do estágio, que resulta no não retorno do investimento efetuado.
Neste âmbito, com vista ao cumprimento do que agora se determina no Decreto-lei n.º 247/2007, a alteração do regulamento dos cursos de formação, de ingresso e de acesso do bombeiro, publicado pelo despacho supracitado poderia vir a ter as seguintes linhas de orientação:
• A diminuição da carga horária de ambos os módulos para 25H cada;
• O módulo de técnicas de salvamento e desencarceramento poderia continuar a ser ministrado por formadores de salvamento e desencarceramento (SD) credenciados pela ENB nos respetivos corpos de bombeiros e por bombeiros chefes de equipa SD, nos restantes casos;
• O módulo de técnicas de socorrismo poderia continuar a ser ministrado por formadores de tripulantes de ambulância de transporte (TAT) credenciados pela ENB nos respetivos corpos de bombeiros e por bombeiros tripulantes de ambulância de socorro (TAS), nos restantes casos;
• A ENB garantiria a formação TAT após o término do estágio a todos os bombeiros que o comandante elegesse como necessários para satisfazer as exigências do serviço;
• Em alternativa, por decisão do comandante, o módulo de técnicas de socorrismo da formação de ingresso poderia ser substituído pelo curso TAT, quando o corpo de bombeiros dispusesse de formadores TAT credenciados pela ENB.
Em resumo, poderá dizer-se que a competência para assegurar a formação de ingresso na carreira de bombeiro voluntário está atribuída ao comandante do corpo de bombeiros, cabendo à entidade detentora suportar os respetivos custos.
Em relação à formação de ingresso na carreira de bombeiro especialista, a decisão do legislador não é fácil de compreender, tendo em conta a opção tomada quanto à formação de ingresso na carreira de bombeiro
voluntário.
O artigo 35.º-A introduzido no Decreto-lei n.º 241/2007, de 21 de junho, efeito das alterações consubstanciadas no Decreto-lei n.º 249/2012, de 21 de novembro, refere no n.º 1 que «a carreira de bombeiro especialista é constituída por elementos que, devido à sua especialização, integram o quadro ativo em apoio ao corpo de bombeiros, em funções diretamente associadas a essa especialidade, reportadas a uma área funcional nos termos previstos nos números seguintes.» A alínea a) do n.º 5 do mesmo artigo determina que podem ingressar nesta carreira os elementos que «detenham habilitação académica ou pro ssional especí ca para o cumprimento das missões do corpo de bombeiros.» Isto é, quem quer ingressar já deve estar habilitado para o desempenho da especialidade, sem prejuízo, naturalmente, de poder vir a frequentar ações de formação para aperfeiçoamento técnico, posteriores ao ingresso na carreira.
Assim, salvo melhor opinião, a formação de ingresso dos estagiários da carreira de bombeiro especialista terá a ver, essencialmente com a integração desses elementos no corpo de bombeiros, que poderia passar por um conjunto de matérias ligadas à organização do serviço de bombeiros, aos equipamentos e veículos e,
ainda, ao socorrismo básico, no caso dos estagiários não diretamente ligados à área da saúde. Ora, essas matérias constam dos módulos de formação de ingresso na carreira de bombeiro voluntário. Donde, a formação de ingresso na carreira de bombeiro especialista poderia coincidir com parte dos módulos da carreira de bombeiro voluntário, mesmo que para tal fosse necessário reorganizar os planos curriculares de
alguns desses módulos, algo que seria feito, naturalmente, aquando da revisão do regulamento dos cursos de formação, de ingresso e de acesso do bombeiro, isto é, do Despacho n.º 713/2012.
Fica, no entanto, uma questão por responder: qual terá sido a intenção do legislador ao atribuir à ANPC a competência para assegurar a formação de ingresso na carreira de bombeiro especialista?
Ora, se o modelo atrás apresentado, isto é, fazer coincidir parte dos módulos de formação em ambas as carreiras transferiria responsabilidade e custo, respetivamente para o comandante do corpo de bombeiros e entidade detentora, a alternativa que corresponderia à aparente intenção do legislador, teria a ver com a criação de módulos especí ficos de formação para ingresso na carreira de bombeiro especialista, a ministrar pela ENB ou por formadores de corpos de bombeiros por ela credenciados.
Não se antevendo a possibilidade de puder vir a existir em cada corpo de bombeiros um número mínimo suficiente de estagiários da carreira de bombeiro especialista para constituir uma turma, essa formação seria ministrada em centros de formação da ENB, unidades locais de formação (ULF) ou em instalações postas à disposição pelos corpos de bombeiros. Na maior parte dos casos implicaria a deslocação dos estagiários ao local da formação, com custos operacionais adicionados à contratação do formador.
Porém, se por um lado há matérias comuns a todos os estagiários da carreira de bombeiro especialista dos diferentes corpos de bombeiros como, por exemplo, as relacionadas com a organização do setor, por outro, no que respeita a equipamentos e veículos, seria muito mais vantajoso que a aprendizagem de cada estagiário estivesse diretamente ligada ao material disponível no seu corpo de bombeiros, como acontece com os estagiários das duas outras carreiras.
Partindo da decisão do legislador sobre a alteração quanto à responsabilidade de assegurar a formação de ingresso na carreira de bombeiro voluntário, será que é legítimo formular a hipótese de que a competência para assegurar a formação de ingresso na carreira de bombeiro especialista foi atribuída à ANPC por lapso?
Tendo em conta os constrangimentos de tal decisão, talvez valesse a pena repensar o que ficou consignado no n.º 5 do artigo 21.º do decreto-Lei n.º 247/2007, com as alterações introduzidas pelo Decreto-lei n.º 248/2012, de 21 de novembro, tratando de igual modo o ingresso em ambas as carreiras.
Artur Gomes
Departamento de Projectos Especiais da ENB
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por Diário de um Bombeiro às 19:40
Quinta-feira, 14.02.13

Alguém conhece o Senhor Comandante Guilherme Gomes Fernandes? Alguém conhece o seu percurso? Quem sabe o que ele conseguiu a nível internacional? Alguém sabe o que o movia? Qual era o espírito na sua época? Creio que muita pouca gente deve saber, mas podem consultar em baixo uma breve biografia mas muito esclarecedora, que nos permite concluir que o espírito de então, praticamente desapareceu.
Isto apenas serve de introdução para mais uma vez mostrar a minha tristeza e o meu desagrado pela situação que os Bombeiros Portugueses vivem neste momento, por sua própria culpa.
Deixamos que nos tirassem toda a nossa essência, personalidade e identidade! Entre muitas outras coisas entristece-me o facto de não termos o nosso próprio Comando Nacional e o nosso próprio sistema, à semelhança do que já existia. Somos o principal Agente de Protecção Civil (A.P.C.) e que por acaso não tem nenhum representante ou responsável operacional, à exceção dos 474 Comandantes dos Corpos de Bombeiros (existentes em 2010), dos quais alguns, com o devido respeito, apenas se preocupam em ter veículos melhores do que o CB vizinho, Quartéis melhores do que o do vizinho (mas sem analisar a operacionalidade do mesmo), continuando a viver numa realidade de quintinhas, rivalidade e falta de união.
Felizmente é uma realidade que tem vindo a desaparecer, mas muito lentamente. A melhor mais-valia de qualquer organização é o potencial humano, que está muitas vezes esquecido! Os Homens e Mulheres que todos os dias vestem a farda, independentemente de serem Sapadores, Voluntários, Municipais, Mistos ou Privativos, querem-se motivados, formados, respeitados e valorizados! O que é que falta aqui? A união de todos para que em vez de pedinchar cada um para si, possamos EXIGIR como um todo ao Governo, que nos devolva a nossa identidade, o nosso Comando e que nos comece a valorizar! Grande parte dos A. P. C. são profissionais, logo todos, (sociedade, Bombeiros, Comunicação social, etc.) dizem, á boca cheia que são umas máquinas no trabalho que desempenham, na disciplina, no rigor e na postura que ostentam!
Eu também acho o mesmo, e sinceramente não tenho nada contra essas forças, antes pelo contrario, e já que as criaram agora que as mantenham, mas... e os Bombeiros não são visto assim porquê? Apesar da maior parte dos A. P. C. serem profissionais, é nos Bombeiros Voluntários que se encontra o maior número de efetivos. Esses efetivos estão limitados na sua formação e na sua disponibilidade não por vontade própria, e nem por vontade dos seus Comandos, mas sim pelo risco que correm em não verem o seu contrato de trabalho renovado se, mesmo em conformidade com a lei, frequentarem as formações e acorrerem aos T.O.’s no seu horário de trabalho.
Então onde está a solução? Eu vejo de forma simples, outros verão de forma mais complexa. PROFISSIONALIZAÇÃO! Existem 2 forças profissionais (GIPS e FEB) criadas recentemente, com o primeiro, e na altura principal, objetivo de combaterem incêndios florestais (é o que mais show off dá a TODA a estrutura operacional) e que fazem basicamente a mesma coisa, embora cada uma com a sua orgânica e origem bem diversa, assim como algumas valências distintas. Foi preciso investir MILHÕES do erário público, para formação, equipamento (desde EPI aos veículos), infraestruturas (umas construídas de raiz, outras recuperadas).
Numa dessas forças, apenas na primeira fase de criação aplicou-se mais de 17 M€. Não obstante, nos Bombeiros Portugueses, as infra estruturas já existiam e existem, os veículos também, muitos operacionais formados nas mais diversas áreas. Porque não selecionar CB’s geográfica e estrategicamente colocados, e iniciar um processo de profissionalização? Obvio que não é necessário profissionalizar TODO o efetivo do CB, mas sim abrir as vagas necessárias, assim como um concurso e prestação de provas adequadas a fim de as ocupar.
Salvaguardando sempre o lugar e o respeito dos Voluntários, pois é certo e sabido, que são parte indispensável de todo o sistema. É evidente que também deveria ser criado novo regulamento para essas equipas profissionais, que apesar de estarem na tutela direta do Comandante do CB local, pudessem ser mobilizadas no território nacional aquando dessa necessidade, passando a estar na dependência temporária da estrutura nacional, com meios nacionais que poderão estar alocados nos CB’s que fizerem parte dessa mobilização.
Há algumas coisas muito importantes que parecem passar ao lado de muita gente da tutela. Existem algumas EIP’ s cujo financiamento é partilhado entre duas entidades, a ANPC e o Município, em que as verbas são canalizadas para as AHBV através de subsídios, a fim de procedem ao pagamento do salário ( miserável diga-se de passagem), mas faz-me confusão como é que 1 funcionário tem “3 patrões”.
Ainda mais confusão me faz e pergunto-me muitas vezes “será que os incidentes e emergências têm hora marcada?” Não sei, é que uma EIP tem horário de trabalho legalmente definido (as adaptações são da responsabilidade de quem as faz), normalmente horário laboral. E os incidentes têm mais probabilidade de acontecer quando?
Mas é um mal menor, pelo menos tenta-se remediar a situação com uma equipa que trabalha de Segunda a Sexta. Mas e os CB’s que não dispõem dessas equipas? E os CB’s que embora digam no seu regulamento interno que dispõem de equipas, à partida voluntárias, em 3 turnos, mas que na realidade não existem? Esses CB’s são mais que muitos! Os voluntários são isso mesmo, VOLUNTÁRIOS, e têm os seus afazeres laborais para conseguirem ter um ordenado para sustentar a sua própria casa. Não podendo estar durante o dia no quartel, e assegurando simplesmente (por vezes com algum sacrifício) os turnos da noite.
Esta falha tenta-se colmatar com os funcionários assalariados cujo principal objetivo são os serviços clínicos. Agora eu pergunto “em dia de muitos serviços clínicos, com todo o pessoal fora e sendo necessário o veículo de desencarceramento ou a central recebe um alerta de incendio urbano como se faz?” É fácil, emite-se um alerta e “toca-se a sirene” e espera-se que apareça alguém, mantendo-se a incógnita até á sua chegada. Por vezes alguns CDOS ainda dizem “ ah e tal se não tiver gente nos enviamos de outro CB”, como se os outros CB’s funcionassem de forma diferente!
A sirene ou os alertas apenas deveriam servir para chamar pessoal de reforço e não para primeira intervenção.
Mas isto acontece não por falta de vontade dos Comandantes, não por falta de vontade dos operacionais, ou ate mesmo por falta de vontade de alguns CODIS. Acontece pela conjuntura que vivemos, pela falta de visão e do sentido real da responsabilidade por parte da tutela, por meros caprichos ou por simples desinteresse. É necessário pensar de forma séria, responsável e clara na solução do problema. A primeira intervenção não pode estar assente apenas no voluntariado, mas sim numa solução profissional! Mais uma vez reforço que o Voluntário é fundamental e indispensável ao sistema de proteção e socorro, mas no reforço, pelos motivos já explicados.
O que poderiam as equipas profissionais fazer durante a época mais baixa? (Sim porque todos nós sabemos que a época alta é no verão com os incêndios florestais.) Tantas coisas, desde ações de sensibilização junto da comunidade, ações de formação (recebidas e/ou ministradas á comunidade ou outras entidades), trabalho de atualização de planos de intervenção (todos sabem que na maior parte dos municípios isso não existe e quando existe não está devidamente atualizado), mas acima de tudo poderiam trabalhar na sua própria formação e partilhar os conhecimentos adquiridos com os efetivos voluntários, para estes estarem mais e melhor preparados, mais valorizados e mais conscientes do que de facto estão para enfrentar em cada situação.
Existindo uma equipa 24h por dia profissional a primeira intervenção estará salvaguardada ao mais alto nível. Os voluntários só têm a ganhar com a partilha de conhecimentos destes profissionais. O sistema atual apenas quer obrigar os voluntários a serem profissionais sem receberem por isso. Através da minha experiência consigo concluir que enquanto voluntário faço o dobro do horário que faço no meu local de trabalho.
É preciso recordar que o País não é apenas os grandes centros, há zonas de Portugal em que um meio de socorro demora mais de uma hora a chegar. Sendo o trajeto tão moroso, as vítimas ainda têm que aguentar com o tempo incógnito da chegada de voluntários aos quarteis para saírem para a ocorrência?
Há duas coisas que não se podem confundir PROFISSIONALIZAÇÃO com
PROFISSIONALISMO!
Muita gente se irá questionar “e o financiamento?” Certamente que não será através do PPC actualmente atribuído ás AHBV, será necessário criar mecanismos, mas deixo já uma “provocação”. Como é o sistema de financiamento do INEM? Reparem bem nos vossos recibos dos seguros.
Muito mais se poderia escrever, sendo este assunto muito complexo e “melindroso”.
Muitos criticarão de forma destrutiva esta minha mera opinião, exposição, reflexão, ou o que lhe quiserem chamar, muitos outros apoiarão, contudo apenas vos digo que “se eu evoluir, quem está á minha volta também evolui e juntos, seremos melhores”.
Esta minha reflexão/opinião não tem o intuito de ofender ou criticar de forma destrutiva nada nem ninguém, pelo que peço desde já desculpas se tal acontecer.
Vemo-nos por aí…
Adj. Comando, Marco Domingues.
C. B. 1608 - Valença
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por Diário de um Bombeiro às 19:29
Terça-feira, 05.02.13
Caros Camaradas,
Flashmob's realizados e protagonizados por Bombeiros por todo o Mundo, partilhados pelo Youtube, são coisa que não falta.
Enquanto os vídeos são oriundos da França, Alemanha, Estados Unidos, entre outros, são partilhados comentados de bom humor.
Foi um fartote de rir, "muito fixe e tal"!...
Partilhou-se de mural em mural, bombeiro em bombeiro...
Mas, a partir do momento em que tal acontece em Portugal, torna-se alvo irrisório
por parte dos Bombeiros Portugueses.
Sim... por Parte dos Bombeiros, porque da parte da Comunicação Social, bem como da população em geral, as apreciações e comentários
(tal como poderão confirmar nos sites dos meios de Comunicação Social) são positivos, dando a compreender que "em tempo de crise, serve para descomprimir".
De certeza absoluta que todos nós, os bombeiros que comentam, criticam, de algum modo já "denegrimos" a farda que envergamos, por coisas bem mais pequenas e menos insignificantes!...
Não necessito aqui de as referir, pois quem tiver boa memória lembrar-se-á, das noticias mais polémicas, das imagens mais partilhadas, que em nada elevam os Bombeiros Portugueses.Epa... vamo-nos deixar de coisas, e da mania de superioridade, porque todos nós, alguma vez já fomos apanhados por câmaras de vídeo-amador, ao serviço, fardados, a denegrir a farda envergada.
Demonstrando a falta de brio, que muitas vezes, mesmo sem querer, temos!!...
Sobre este assunto muito se fala, muito se comenta, tenta-se promover a auto-notoriedade...
Mas para outros assuntos, muito mais importantes e reais, para os Bombeiros Portugueses nada se faz, e muito menos se comenta!!...
- Quantos CB's estão a beira da falência e não tem meios para reverter a situação?
- Quantos CB's não tem salários em atraso, sem a possibilidade monetária para acertar as contas com os seus funcionários?
- Quantos Bombeiros estão a passar necessidades por não terem meios, monetários ou outros, para conseguirem ultrapassar as dificuldades?
Entre outros assuntos, de carácter mais individual que só devem ser debatidos e resolvidos em sede de Direito, em vez da "praça pública".
Alguém se importa com isso?
Alguém se importa em ajudar?
São capazes de comentar, "dar a cara, para parecer bem e lindo", e na realidade nada mais fazem!!
Unam-se para aquilo que realmente interessa aos Bombeiros Portugueses, e defendam aquilo que realmente é necessário defender!!
Deixe-mo-nos de prepotências, e de tentar passar a imagem de altruísmo individual!...
"Eu não sou melhor, mais espero, mais sabichão, e mais Bombeiro que tu..."
«Oppa gangnam style»Marco António Francisco
diariobombeiro@gmail.com
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por Diário de um Bombeiro às 17:12
Sexta-feira, 01.02.13
O estado deverá “abrir a gestão de cuidados (de saúde) primários a cooperativas de profissionais, entidades privadas ou sociais, aumentando a oferta deste nível de cuidados.
Entrevista de Pedro Passos Coelho em 2011 e do programa eleitoral do PSD.
O tema deixou de ser TABU, o governo muito em breve ira abrir mão do socorro pré-hospitalar às empresas privadas, uma politica que lentamente tem sido aplicada sem grande oposição das entidades responsáveis.
O projecto conhecido por poucos teve durante anos metido numa gaveta de um secretário de estado, que começou a ser aplicado a alguns anos. Atualmente já temos, helicópteros, VMERs e ambulâncias que fazem socorro pré-hospitalar geridas por empresas privadas, protegidas por símbolos de fachada das entidades responsáveis pelo socorro, onde num futuro muito próximo todos os meios irão passar para entidades privadas através de contratos de concessão.
Outro grande passo importante que esta a ser dado é na área da formação, toda a formação na área do pré-hospitalar irá passar para empresas privadas, pondo um ponto final na grave lacuna camuflada da falta de formação nessa área a nível nacional, passara existir formação em quantidade e qualidade suficiente para a necessidade do país, mas vai ser paga e bem paga, os tempos de tirar formação para fins curriculares para nunca se aplicar tem os dias contados, o que ira originar a profissionalização de todo o sector, porque será impossível financeiramente para as entidades responsáveis formar pessoas para depois trabalharem em outras áreas sem ser naquela para a qual receberam formação.
O problema da fiscalização é outro problema em fase de resolução, os agentes de autoridade já algum tempo vem a receber formação complementar a nível legal nessa área, o tempo de andar a afazer serviço de socorro pré-hospitalar sem pessoas sem qualificações tem os dias contados e pode sair caro, quer às entidades que as detêm ou quem faz o serviço fazendo-se passar por outro, e as coimas são altas para os infractores de ambas as partes, situação que em vários distritos já esta a ser aplicada, onde tripulações são alvo frequentes de fiscalização por parte das entidades policiais, onde foram aplicadas multas avultadas pelo incumprimento legal do diploma que rege o transporte de doentes.
Em resumo, esta em curso uma reestruturação silenciosa de todo o sector da emergência pré-hospitalar em Portugal, uma reestruturação que irá acabar com os atropelos da lei nessa área.
por Fénix
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por Diário de um Bombeiro às 20:07
Sexta-feira, 01.02.13
A notícia ainda não foi confirmada, mas é dada como quase certa, o governo prepara-se para aplicar os respectivos impostos ao valor pago pela ANPC a todos os bombeiros que fazem parte das equipas afectas ao DECIF2013, sejam eles profissionais ou voluntárias.
No ano 2012 o governo resolveu somente aplicar os respectivos impostos aos valores recebidos pelos ECIN e ELAC aos bombeiros profissionais que faziam esse serviço nas suas folgas, que motivou um boicote por parte de dezenas de corpos de bombeiros do distrito de Lisboa ao DECIF, e este ano o governo pretende aplicar o respectivo imposto a todos os bombeiros, sem excepção, para isso tem ao seu dispor a máquina fiscal bem oleada ávida de receitas.
Em muitos corpos de bombeiros, os comando já informaram os elementos do quadro ativo para a possibilidade dessa situação acontecer no ano 2013, e tentam perceber a reação dos seus homens antes de aceitarem as imposições da ANPC referente ao DECIF 2013, e as reações são unânimes, pelo preço que é pago é aos bombeiros por esse serviço é NÃO, assim será o fim do DECIF para os bombeiros.
por Fénix
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por Diário de um Bombeiro às 20:06
Sexta-feira, 01.02.13
Todos vocês sabem dizer o que acham acerca de uma corporação de Bombeiros, sabem rebaixar, dizer o que há de mal num serviço, dizer que os bombeiros são isto e aquilo… Vocês queixam-se dos nossos erros, não nos felicitam pelas nossas vitórias. Mas não têm dois dedos de testa para dizer os riscos que um Bombeiro passa, para salvar a TUA vida!
Quando alguém se sente mal, e vêem a pessoa adorada à beira da morte sabem para quem ligar, quando a sua casa está a arder, e vêem as suas coisas que tanto custou comprar a serem destruídas, sabem para quem ligar! Deixando suas casas, suas famílias esperando e rezando para que tudo corra bem, dando as suas vida para salvar um Ser Humano! E mesmo assim, quando os Bombeiros chegam são bombardeados com a tal frase “ Demoraram muito tempo “.
Dizem que demoramos muito tempo a chegar ao local, mas não fazem ideia do que passámos para chegar até vocês. Dizem que ser Bombeiro é uma profissão como outra qualquer, é porque definitivamente não sabem o que é ser um Bombeiro.
O que é para vocês um Bombeiro?
É fácil responder, mas difícil de compreender. É uma pessoa com uma roupa engraçada que vai a correr para um incêndio de mangueira na mão e apaga o fogo?...
É uma pessoa que mete alguém dentro de um carro e transporta-a para o hospital?...
Se assim fosse, porquê não o fazes tu?...
Porque não vais tu para o meio das chamas?...
Sentir o calor do fogo, a ouvir os estalos das chamas, e sempre a rezares para que não fiques encurralado!
Porque não transportas tu a pessoa?...
Quando há um acidente ao qual envolve veículos e vitimas, porque não vais tu lá? Quase a destruir o veículo, mas sempre com o pensamento do tipo "será que só está a minha espera para sair do carro"?...
Será que está morta?...
Será que tem ferimentos graves ou que são ligeiros?
E se for um bebé que precisa de assistência médica?
Vais ter coragem para te chegar à frente?...
Pior que isso, é quando pensas que vais socorrer alguém que nunca viste na vida, e começaste a aperceber que estás numa rua conhecida, e quando dás por ti, estás a olhar para a tua mãe, pai, avó, ou, até mesmo para um amigo!
Não sabem o que é ser um Bombeiro, nem sabem ver que arriscamos tudo por vocês. É triste!!! Chegamos a chorar pelas outras pessoas, porque simplesmente nos ficam na cabeça, como se fossem nossa família. Remoemos cada caso, cada serviço. Há coisas que nos marcam. Mas vocês não conseguem ver!!
Dava uns minutos para que trocasses connosco e veres o quanto dói ser criticado num trabalho como o nosso. Nós, não somos de ferro! Somos feitos de pele, carne e osso!
Temos um coração, que nos dói cada vez que damos o que podemos dar, cada vez que nos esforçamos para te salvar, e única coisa que tu sabes fazer, é acusar-nos e criticar-nos.
E quando um bombeiro sai para uma ocorrência e não volta?
Pois, aí já dizem “coitadinho, deu a vida por um de nós”, mas só aí, é que lhe dão o respectivo valor.
Tenho orgulho no que sou, orgulho na farda que visto. É um orgulho que nem todos conseguem suportar, e por vezes iremos ter que cair, mas por vocês, levantamo-nos, todos os dias!
Por vocês, vestimos a farda vermelha, e toda a vida iremos manter o lema "Vida Por Vida". Um Bombeiro é um Herói, mas não tem super poderes.
E eu?...
Eu faço parte de uma instituição de Heróis!
Marco António Francisco
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por Diário de um Bombeiro às 10:54
Quinta-feira, 31.01.13

Em 2013, a aposta da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) “é salvaguardar a sustentabilidade das associações. Pela necessidade de garantir a prestação do socorro” afirma Rui Rama da Silva.
O dirigente mostra a “necessidade de garantir a continuidade das associações também noutras componentes da sua intervenção na comunidade”. Razão que leva a LBP a querer “reforçar o plano de formação dos bombeiros, compatibilizando, coordenando, optimizando com outras entidades o mesmo objectivo”.
O presente ano “não será muito diferente de 2012, se bem que os problemas tenderão a agudizar-se” afirma António Calinas. O vice-presidente da Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários (APBV) diz que “continuaremos a assistir ao total desinteresse por parte dos dirigentes em defender aqueles que suportam e dão sentido de existência às associações humanitárias de bombeiros”.
António Calinas acrescenta que “continuaremos a verificar o total incumprimento da mais básica legislação no que diz respeito aos direitos dos bombeiros voluntários e ao rigoroso cumprimento da mesma no que diz respeito aos deveres”.
No Verão, o responsável pela APBV perspectiva, que “mais uma vez a população, os seus bens e o ambiente dependerão da acção dos bombeiros voluntários, que tal como sempre o fizeram e mais uma vez estarão dispostos a fazer muito recebendo nada”.
Para António Calinas, “tal como em anos anteriores”, também durante 2013 os portugueses poderão estar confiantes nos seus bombeiros, pois estes continuarão a fazer tudo o que estiver ao seu alcance no sentido de os proteger ou socorrer em caso de necessidade”.
por João Paulo Teixeira
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por Diário de um Bombeiro às 21:52