Muitos doentes crónicos vão perder o direito ao transporte gratuito assegurado pelos bombeiros.
O transporte passa a ser requisitado pelo médico e só podem ser transportados os doentes que não ultrapassem os 419 euros de rendimento por mês e os que estão em situação clínica incapacitante. No entanto, há excepções: segundo apurou o CM, o novo regulamento do transporte de doentes, que se encontra em fase de finalização, prevê que o médico requisite o transporte sem ter em conta a condição económica nos casos de doentes de cancro, que fazem hemodiálise, com perturbações visuais graves ou transplantados cardíacos, renais ou medulares.
A alteração das regras do transporte vai criar dificuldades no acesso aos tratamentos e eventuais desistências, alerta ao CM o novo bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva. O bastonário eleito, que toma posse sexta-feira, receia que muitos doentes sejam excluídos do transporte, como, por exemplo, as pessoas que tiveram um acidente vascular cerebral (AVC) e se encontram a fazer fisioterapia. Este é um dos maiores grupos de utilizadores do transporte.
José Manuel Silva considera que "estão a ser criadas cada vez mais dificuldades à ajuda do Estado e ao tratamento dos doentes carenciados. O caso pode redundar em sérios prejuízos na melhoria do estado de saúde dos portugueses, que deixam de ter acesso a tratamentos que impliquem maiores deslocações".
O novo bastonário propõe que a Entidade Reguladora da Saúde "faça uma auditoria séria na avaliação do que está mal no sistema de saúde". As associações de bombeiros já anunciaram uma assembleia geral para sexta-feira, para decidir se haverá denúncia do contrato com o Ministério da Saúde. Não está afastado o recurso à via judicial, se houver recusa de pagamentos.
in: CM