É um problema ambiental grave, que não deveria acontecer em Portugal. Espero que nos sirva a todos de lição”, as palavras são do comandante dos Bombeiros de Moreira da Maia, Manuel Carvalho, após o combate às chamas, anteontem às 20h00, na Naimet, em Moreira da Maia, uma fábrica devoluta de produtos químicos.
O incêndio pôs a nu um problema ambiental grave: no local estavam cinquenta toneladas de cianeto de sódio e ainda resíduos de hidróxido de sódio e acetona mal acondicionados. Estes são produtos tóxicos que colocam em perigo a saúde pública.
“Poderia ter sido muito mais complicado, havia muitos produtos químicos”, disse Manuel Carvalho. O combate às chamas revelou uma realidade que bombeiros, Protecção Civil e Câmara Municipal não conheciam. A origem do fogo não é ainda conhecida, mas suspeita-se de mão criminosa, tendo inclusive sido chamados à fábrica devoluta inspectores da Polícia Judiciária.
“Não fazíamos ideia do que íamos encontrar”, acrescentou o comandante dos bombeiros. A mesma ideia é partilhada por fonte da edilidade que revelou que “se trata de uma empresa em fase de insolvência e que neste momento tem como liquidatário uma entidade bancária responsável pelo acondicionamento do material químico”.
CHAMAS INTENSAS
O combate às chamas foi bastante complicado para os bombeiros, pelo desconhecimento do local e “devido à intensidade do fumo”. O material era muito inflamável, o que ainda provocou duas violentas explosões de dois grandes depósitos cheios de acetona.
Oito bombeiros tiveram de ser transportados para o Hospital Pedro Hispano, Matosinhos. Cinco apresentavam problemas respiratórios e três tinham queimaduras ligeiras.
A Câmara da Maia afirmou ao CM que comunicou ao Tribunal de Trabalho a ocorrência e que a juíza responsável pelo caso ordenou ao “fiel depositário da fábrica que removesse o material perigoso e que se procedesse à selagem das instalações”. Essa entidade terá um período para cumprir a ordem do tribunal, sendo que, se tal não acontecer, será a edilidade a assumir as responsabilidades.
O sinistro ocorreu numa zona industrial, sem moradores por perto. No entanto, o comandante dos bombeiros afirmou que “a propagação dos fumos poderia ser perigosa.”
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in: Correio da Manhã