
A Empresa de Serviços de Bombeiros da Região Autónoma da Madeira (ESB),cujos accionistas são várias corporações da Região, prestou em 2010, cerca de 90 mil transportes. Mais oito mil do que no ano anterior (82 mil).
Rui Nunes, elemento da direcção da empresa, explica ao JORNAL da MADEIRA, que em média, fazem-se 7 mil e 500 serviços por mês.
Questionado sobre as queixas que surgiram por ocasião da entrada em funcionamento daquela empresa - em Agosto 2008- relativamente ao desespero que muitos doentes sentiram à espera do transporte, Rui Nunes garante que a situação está completamente ultrapassada, havendo agora apenas casos residuais.
«Convém lembrar que as viaturas estão sujeitas a muito desgaste. Que trabalhamos com bom tempo e com mau tempo. E que pode acontecer algum contratempo.
Às vezes, há uma pessoa da Calheta que tem alta a uma determinada hora e a viatura pode estar noutro sítio qualquer o que leva algum tempo a que lá chegue», refere Rui Nunes, o qual assegura que os longos tempos de espera iniciais foram bastante reduzidos.
Marcações via online
As marcações do transporte prestado pela Empresa de Serviços de Bombeiros da Região Autónoma da Madeira (que transporta, sublinhe-se, apenas doentes não urgentes), são feitas via online, através dos centros de saúde. Estes endereçam estas marcações que, por sua vez, são trabalhadas, «de maneira a que consigamos, na hora marcada, ter o doente no local agendado».
Rui Nunes refere que surgem ainda as marcações inopinadas, como sejam as altas de urgência ou transferências de centros de saúde. Estes serviços têm de ser feitos intercaladamente com outros já previamente marcados.
«Os mais queixosos», segundo admite Rui Nunes, «são precisamente estas situações».
«Há uma série de situações que fazem com que não consigamos, por vezes, cumprir horários. Vou dar um exemplo, há doentes que fazem radioterapia e que, quando lá chegamos, embora já tenham terminado o tratamento, não se encontram bem dispostos. Temos de esperar. É preciso ver que isto é uma área que as coisas não podem ser feitas do tipo. Quem está está, quem não está fica. Estamos a trabalhar com a saúde das pessoas», frisa Rui Nunes, corroborado por Alcino Ferreira (também da direcção).
Um milhão e 500 mil quilómetros percorridos
A Empresa de Serviços de Bombeiros da Região (EBS)dispõe, neste momento, de 84 funcionários, dos quais 74 são tripulantes de ambulância. O centro de recepção de chamadas, que funciona na Rua do Matadouro, número 1, dispõe de três funcionários e ainda uma central operacional com mais quatro. Há ainda a parte administrativa com três funcionários.
Em termos de equipamento, são 27, as ambulâncias que, ainda no ano passado, percorreram um milhão e 500 mil quilómetros de todos os concelhos da Região (incluíndo o Porto Santo).
Refira-se que esta Empresa iniciou actividade em 2008 mas foi constituída ainda antes disso, com viaturas cedidas por associações de bombeiros.
«Algumas dessas viaturas estavam já velhas e até já foram substituídas. Mas a nossa intenção é a de, se houver a possibilidade, este ano adquirir «mais alguma, de forma a garantir um serviço mais rápido e mais eficiente», afirma Rui Nunes.
Já Alcino Ferreira recorda que a ESB é uma empresa privada. «E que têm havido muitas dúvidas sobre isso».
A empresa é gerida por sócios cujo capital social é detido por associações de bombeiros voluntários de toda a Região.
Balanço positivo ao período de actividade
Alcino Ferreira faz um balanço muito positivo destes três anos de serviço, realçando que «existe uma relação muito boa entre os próprios utentes e os nosso tripulantes».
«Esta simpatia que os nossos funcionários têm prestado ajuda na cura», afirma Alcino Ferreira, o qual admite que a empresa poderá vir a ter alguns problemas financeiros como todas as outras. No entanto, apesar das dificuldades, «vamos aguentar».
Os problemas que surgirão, no futuro, «poderão estar relacionados com os equipamentos». Refira-se que as viaturas são sujeitas a um extremo desgaste devido ao acidentado do terreno.
A EBS surgiu na sequência de uma deliberação do Governo Regional, da criação de um modelo de financiamento das corporações de bombeiros, definida em 2004, relativamente ao transporte de doentes, não urgente.
Maria Sandra realça qualidade
São setenta, os degraus que os bombeiros têm que subir até a residência de Maria Sandra, numa zona mais isolada do concelho de Machico. é utente da Empresa de Serviço de Bombeiros há relativamente pouco tempo.
Fomos encontrar esta senhora à porta da Clínica de Santa Catarina, onde foi fazer um exame médico. «Estes serviço são muito importantes porque nem todos têm carro próprio. E há problemas de saúde que impedem que a gente se desloque de táxi ou de autocarro. No meu caso, o problema que tenho, tinha mesmo de vir deitada. E ambulância tem de vir mesmo devagar porque os balanços da viatura prejudicam-me imenso», conta-nos, enquanto se prepara para mais um trajecto de volta a casa.
«Estes senhores são impecáveis. Tanto na condução, como no transporte escada acima, sendo que há sempre uma palavra amiga, um gesto de conforto».
«Há percursos muito sinuosos»
Helder Castro e Valdei Macedo são dois profissionais daquela empresa desde o seu primeiro dia de funcionamento. Enquanto aguardam que passe o tempo que lhes foi dado a conhecer sobre a duração do exame a que a doente de Machico está a ser sujeita, aproveitam para adiantar alguma informação sobre aquele que é o seu dia-a-dia.
«Nunca temos sítio certo. Estamos aqui parados e podemos ser chamados a ir buscar qualquer pessoa a qualquer sítio. Essa distribuição é feita pela central. No entanto, há sítios que frequentamos muitas vezes e que até já sabemos quantos degraus são, quantos metros temos de andar», contam-nos. «Temos um doente, por exemplo, que obriga a que façamos um quilómetro a pé, ao longo de uma levada, e ainda mais uma escadaria com cerca de cem degraus».
Jardim Ramos ciente de «eficiência»
Na altura da apresentação da Empresa de Bombeiros, o secretário regional dos Assuntos Sociais referiu que a mesma ia permitir um transporte mais humanizado, seguro e eficiente dos doentes. Recorde-se que esta empresa destina exclusivamente ao transporte de doentes não urgentes.
Tempos de espera estão quase todos resolvidos
Alcino Ferreira e Rui Nunes asseguram que tudo sido feito no sentido de proporcionar aos doentes um transporte em casa «dentro da normalidade». Inicialmente, «admito que essa missão não tenha sido cumprida na totalidade no que diz respeito aos tempos de espera», sublinha Rui Nunes, o qual garante contudo, que tal situação está totalmente resolvida. Os primeiros atrasos, denunciados pela população, se deveram a «uma certa inexperiência nessa matéria».
Desgaste físico é também grande
Para além do desgaste das viaturas, a direcção da EBS destaca o facto de o próprio pessoal ser submetido a um esforço muito grande durante o seu dia-a-dia de trabalho.
«Andar por becos e veredas, subir e descer escadarias, a carregar doentes tem trazido algumas doenças aos tripulantes».
Cursos de tripulantes e certificação da EBS avançam
No próximo ano, a Empresa de Serviços de Bombeiros vai avançar com os cursos de TAT (tripulantes de ambulância de transporte) e com a certificação da empresa. Tudo está a ser preparado neste momento, para que as duas iniciativas fiquem resolvidas no primeiro semestre de 2011.
Libertar bombeiros
Libertar os bombeiros para que melhor se preparem para o socorro e a emergência é apontada como a mais-valia deste serviço, em funcionamento desde Agosto de 2008.
in: JM