O deputado do CDS-PP, eleito por Viseu, Hélder Amaral, deixa aqui a sua opinião.
Quem salva os Bombeiros Municipais
«Não consigo calar esta revolta. Deixo uma declaração inicial: ninguém dos Bombeiros Municipais de Viseu (BMV) me encomendou o “sermão”; este resulta de uma conversa com elementos do Sindicato Nacional dos Bombeiros Profissionais, que me relataram como são tratados os Bombeiros Municipais da minha terra, e como quem não se sente não é filho de boa gente, não posso calar o que me foi contado.
Tenho o maior respeito pelas opções políticas de quem foi eleito de forma tão clara, mas a cidade merece uma explicação da parte do Município: os Bombeiros Municipais são para acabar ou não? Que falha ou crime cometeram para serem, como parece, completamente esquecidos pela Autarquia? Tem a Autarquia alternativa para os serviços que os Bombeiros Municipais oferecem? Convém recordar que o Presidente da Câmara é o responsável da proteção civil, e que o que pode estar em causa é a segurança de pessoas e bens…
Estava eu a teclar estas desajeitadas palavras quando sou assaltado por um sinal de mensagem acabadinha de entrar no meu telemóvel. Pensei aguardar, mas a curiosidade falou mais alto e fui ver. Em boa hora alguém, que não consigo identificar, mas a quem presto aqui o meu agradecimento, alertava – e vou citar: “os BMV têm desde Janeiro o único carro urbano do concelho capaz de combater incêndios em altura na oficina. O orçamento de reparação são de 3 mil euros. Se houver fogo acima do quarto andar, só pedindo ajuda fora do concelho”.
Pedir ajuda não envergonha ninguém, mas alguém consegue perceber que não haja 3 mil euros para este efeito, mas existam 25 mil euros para a criação de um circuito de manutenção “medicalizado”, dando a possibilidade aos utilizadores de efetuarem alguns exames à sua condição física? O que deve ter prioridade: a segurança e prevenção do risco da população, principalmente numa altura em que o perigo de incêndio aumenta à velocidade do mercúrio, ou uma redundante oferta de exames físicos? Nada me opõe, por princípio, aos exames à condição física de cada um: é bom manter a saúde sob vigilância.
Mas existem vários empresários que investiram muitos euros e oferecem hoje com rapidez e qualidade todos os meios complementares de diagnóstico. Bem sei que não faltam voluntários para as referidas análises: basta uma passagem em ritmo de joking pelos blogues da cidade para ver que não faltam especialistas em toque retal ou apalpação mamária.
De regresso à seriedade que o tema obriga, sugiro que se compare, por exemplo, Viseu e o Município de Coimbra. Este último oferece uma Unidade de Bombeiros Sapadores com valências que passam por incêndios urbanos e Industriais, socorro em cheias, inundações e tempestades, acidentes com risco ambiental ou materiais perigosos, acidentes em meio aquático, deslizamento e colapso de estruturas, entre outras mais triviais, como fogos florestais, etc.. O quadro de pessoal é composto por 138 efetivos. Percebe-se a diferença. Será que Coimbra é assim tão diferente de Viseu?
O concelho de Viseu tem uma área geográfica bastante grande, com uma vasta área florestal desordenada e um centro histórico com elevada carga térmica (dada a antiguidade da construção). O tecido empresarial do concelho cresceu ao longo dos últimos anos, existindo cada vez mais indústria que utiliza máquinas e aparelhos complexos que, em caso de utilização imprudente e desinformada, podem conduzir a acidentes. A rede rodoviária que faz parte integrante deste Município é constituída por várias estradas nacionais, municipais e ainda por estradas de grande volume de tráfego, como são os casos da A 24, a A 25 ou do IP 3. Os nossos Bombeiros Municipais têm mais de 100 anos, têm património e história que importa preservar e mostrar, mas parecem precisar que desta vez sejamos nós a ligar o 112.
Os BMV têm um forte deficit de pessoal, apenas 8 bombeiros por piquete. Um estudo levado a cabo pela ANBP/SNBP aconselha um aumento urgente do número que meios humanos, dado que nos próximos 2 anos se vão aposentar 15 elementos da corporação. A Câmara Municipal de Viseu procedeu à abertura de um concurso (Outubro de 2008) com vista à admissão de 7 bombeiros; contudo, em Janeiro de 2011 os apurados nas provas de admissão foram informados que o respetivo concurso tinha sido cancelado. O Decreto-Lei n.º247/2007 diz, sobre a organização dos corpos de bombeiros, o seguintes:
“a) São criados, detidos e mantidos na dependência direta de uma câmara municipal;
b) São exclusivamente integrados por elementos profissionais;
c) Detêm uma estrutura que pode compreender a existência de regimentos, batalhões, companhias ou secções, ou pelo menos, de uma destas unidades estruturais;
d) Designam-se bombeiros sapadores.”.
Os nossos, até à data, não foram merecedores dessa “honra”. É urgente saber o que se quer para o
futuro destes Homens da Paz.
Hélder Amaral – Deputado CDS-PP – Viseu, 29 de Junho de 2012»
fonte: ViseuMais