Três voluntários da corporação de bombeiros de Lourosa perderam a vida num espaço de tempo que nem a um ano chega. Dois ao serviço da corporação, um no exercício da actividade profissional, Henrique Silva. Cristiana Josefa, de 21 anos, não resistiu ao cerco de um incêndio em Gondomar, no monte da Meda. Diamantino Sá, que representava a corporação de Lourosa desde 1975, sofreu graves lesões no mesmo incêndio, ficando em coma durante os últimos meses e acabando por falecer na passada semana.
José Oliveira, comandante dos bombeiros de Lourosa, assume que é tempo de reunir forças e manter a vontade de ajudar e socorrer o próximo. A dor da perda mantém-se, mas o empenho vai ser ainda maior. “Vai ser um pouco difícil ultrapassar isto tudo. Admito que estamos abatidos psicologicamente, mas continuamos a guardar os nossos colegas no íntimo. Resta-nos levantar a cabeça e trabalhar com o mesmo afinco de sempre, prestando socorro sem protagonismo e sempre no anonimato” – refere o comandante.
José Oliveira não deixa de realçar que a corporação tem mantido o brio em todas as suas acções e lembra que os acontecimentos recentes servem para exemplificar a alma com que os bombeiros se entregam ao seu dever. “Tenho que agradecer a todo o corpo activo, que conta com cerca de 90 pessoas, pelo seu empenho e afinco, marcando presença de forma assídua e maciça nas variadas intervenções a que são chamados. Nós, bombeiros, somos voluntários. A partir daí temos que cumprir um regulamento interno que nunca foi descurado. As pessoas devem lembrar-se que não é só bater palmas e chorar quando estas situações trágicas acontecem que ganhamos mais força.
Os bombeiros devem ser acarinhados o ano inteiro, porque o voluntariado precisa disso. A memória do que aconteceu ainda está bem fresca. Foram seis meses de incertezas e de sofrimento. Não se esqueçam que a corporação de Lourosa faz 43 por cento do serviço no Concelho, para além das situações em que é chamada a intervir para fora de Santa Maria da Feira. Vamos continuar com o nosso profissionalismo” – sustenta.
in: terrasdafeira.pt