O senhor general da Autoridade Nacional da Proteção Civil fez o obséquio de me mandar uma carta. Foi a primeira e se calhar a última porque me diz que está de passagem. Senhor general fiquei agradado da atenção dada mas infelizmente era para dar resposta à única vez em que eu não escrevi e até dei a vez a um colega bombeiro cá do corpo de bombeiros que é letrado e muito bom rapaz.
Mas mesmo assim recebi a carta com gosto. Senhor general, uns passam, outros voltam, chegam novos e nós, os bombeiros, cá estamos sempre enquanto a saúde e a gana nos deixar. Percebi o desabafo que mostra na carta e aquela maneira assim direta como ali o faz. É como se a partir de agora esteja mais à vontade para comentar e explicar algumas das coisas que viveu durante estes anos. Sei que estes meus escritos eram leitura obrigatória aí em Carnaxide e fico feliz por isso.
Mas, olhe, nunca quis ser mais que os outros. Deu-me para escrever pelas minhas palavras, a minha maneira de ver as coisas, tosca e pouco letrada mas muito sentida e que nem sempre teve o jeito de dizer as coisas com a matreirice e o conhecimento que se aprende nos bancos das escolas superiores. Nunca tive essa escola e se ali tivesse estado se calhar era um craque. Mas tive outras escolas, tive que lutar para muito cedo ajudar a encher a gamela lá de casa. Na minha profissão não me tratam por doutor mas sabem que o que faço é com medidas certas e bons acabamentos e isso chega para que tenha orgulho e brio no que faço. (...)
Leia o texto na íntegra na edição em papel do "Bombeiros de Portugal".