15 De Dezembro de 2009, eram quase 8 da manhã, o telefone tocou e do outro lado da linha pediam-nos ajuda para um atropelamento junto à escola de Cabeça Santa.
Saímos para o local na ABSC-03, estava uma manhã fria e havia muito gelo na estrada, quando chegámos ao local deparámo-nos com três vítimas, alunas da escola EB-2,3 de Cabeça Santa, todas elas vitimas de atropelamento.
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Viatura em que fui para o local |
Fizemos um rápido reconhecimento e solicitamos mais meios para o local.
Uma das miudas tinha sido atropelada por uma viatura que se despistou no gelo, e as outras duas, amigas desta, vieram em seu auxílio e acabaram por ser também atropeladas por uma segunda viatura que se despistou também no gelo.
A nossa atenção focou-se numa das vítimas que aparentava muito mais gravidade, vitima esta que foi projectada a uma distância quase de dez metros. Quando chegámos junto dela, encontrámo-la em decubito lateral, apresentava dor na cintura pélvica, evisceração abdominal, fracturas multiplas, várias escoriações e estava completamente desorientada no espaço e no tempo, e não era para menos, pois ao ser projectada foi embater num esteio de ramada em pedra partindo-o em três.
Foi aqui que a jovem foi parar
Efectuamos imobilização completa e colocámo-la dentro da viatura, solicitamos apoio diferenciado ao Inem mas não haviam meios disponíveis. Casualmente, ia a passar um médico no local e prontamente parou e se ofereceu para nos ajudar no socorro das vítimas. Durante este tempo chegaram mais duas viaturas nossas, e prestaram o respectivo socorro às outras duas. De salientar a prontidão deste médico que ia a passar no local e de imediato se ofereceu para prestar auxilio, é pena que nem todos sejam assim.
Lembro-me perfeitamente do pouco à vontade do doutor, em pré-hospitalar, mas também era compreensível, pois o seu trabalho era num centro de saúde, mas mesmo assim a sua ajuda foi muito, muito importante e mostrou-se sempre muito prestável, inclusive acompanhou-nos até à unidade hospitalar. Depois de todos os cuidados prestados transportámos a nossa vítima até ao hospital de Penafiel.
Durante o tempo que estivémos a socorrer estas jovens foram muitos os automobilistas que se viram um pouco atrapalhados para “segurarem” as suas viaturas, muito por culpa do gelo que havia no local, apesar de toda a sinalização colocada a avisar do perigo que ali existia.
Vim a saber recentemente que infelizmente, esta adolescente ficou paraplégica, vivendo hoje numa cadeira de rodas.
Este é o local do acidente
Deixo aqui uma chamada de atenção aos automibilistas e outra aos alunos de todas as escolas, aos automibilistas, lembro que numa zona escolar devem ter cuidados redobrados, pois normalmente existe a presença constante de crianças e adolescentes na via pública, por isso, por favor reduzam a velocidade, e sempre que possível cedam passagem, principalmente nas passadeiras para peões, e tenham sempre muito cuidado com as crianças na estrada, porque amanhã, pode ser um filho vosso a ser atropelado.
Aos alunos, e a todos os peões no geral, deixo o alerta, tenham cuidado ao atravessar as estradas, mesmo sendo nas passadeiras, devem ter o cuidado de verificar se podem atravessar, sempre que possível caminhem nos passeios, e tenham cuidado redobrado em dias de visibilidade reduzida, como dias de chuva ou de nevoeiro e principalmente à noite, as passadeiras por si só, não dão o direito aos peões de atravessar de imediato, pois os condutores muitas das vezes nem sequer têm tempo de parar. Grande parte dos atropelamentos, acontece por negligência de uma das partes, uns porque não respeitam os limites de velocidade nem a passagem de peões, e outros porque não verificam se podem passar e simplesmente se metem atravessar e são colhidos pelos automobilistas.
A prevenção depende de todos nós, por isso, não contribuam para uma causa de morte que cada vez é maior, que são os atropelamentos.
Previnam os outros, mas acima de tudo, previnam-se a vocês próprios.
por
José FilipeVida de Bombeiro