
Ventos fortes e muita chuva lançaram o caos no norte do País, durante todo o dia de ontem.
Uma mulher de 46 anos morreu, ao início da tarde, soterrada na sequência de um deslizamento de terras, em Gandra, Paredes. No Porto, o mau tempo potenciou também a derrocada de um edifício na marginal junto ao Douro e o afundamento de um bar flutuante no rio.
Em Gandra, Ana Maria Brito Pacheco, que deixa 10 filhos – cinco dos quais menores –, estava a apanhar lenha junto a um aterro quando foi surpreendida pelo aluimento. A doméstica foi retirada já sem vida, por quase quatro dezenas de bombeiros e com a ajuda de uma retroescavadora.
"Ainda lhe dei um berro, mas já foi tarde", contou Mário Fontes, que estava, juntamente com Ana Maria, num terreno privado a recolher madeira que tinha sido despejada, momentos antes e no meio de outros inertes, por um camião. Mário escapou à morte por minutos, pois também ele estava na parte de baixo do terreno. Também Maria Clementina Almeida assistiu à tragédia: "Vim à janela e vi-a a apanhar lenha. De repente, a terra aluiu e ela ficou debaixo do entulho".
No Porto, na av. Gustavo Eiffel, a derrocada de uma casa devoluta atirou várias pedras de grandes dimensões para a marginal do Douro, obrigando ao corte da via – que se mantinha até ao fecho desta edição. Avançou também a demolição de outras residências em ruínas, na mesma escarpa.
por Roberto Bessa Moreira / Ágata Rodrigues com C.M./ J.N.P.