Mário Pessoa ausentou-se ontem da sua cela para entrar numa outra, a da esquadra, onde disparou sobre dois militares Durante cerca de duas horas, bombeiros e elementos da GNR tentaram explicar, in loco, como tudo terá acontecido naquele dia 29 de Novembro de 2009. Colectivo de juízes, procurador do Ministério Público e advogados de ambas as partes ouviram as explicações e tentaram apurar mais algumas informações relativamente ao duplo homicídio perpetrado por Mário Pessoa, que vitimou Manuela, a esposa, que se encontrava dentro da ambulância, e um elemento da GNR, morto dentro da própria esquadra.
A reconstituição do crime e a inspecção do local onde se encontram as celas, que ontem teve lugar fora e dentro da esquadra da GNR de Montemor, envolveu um forte dispositivo policial e tinha sido pedida na primeira sessão do julgamento pelo advogado do militar morto, Emílio Torrão, no sentido de aferir o posicionamento dos envolvidos nas cenas. Na rua, alguns populares assistiram, ao longe, ao desenrolar das operações. Mário Pessoa, o homicida acusado de 11 crimes, dois dos quais de homicídio qualificado, não saiu à rua. Foi obrigado a permanecer no interior da esquadra, por uma questão de segurança, e, ao que o Diário de Coimbra apurou, limitou-se a reconstituir o que se passou no interior do edifício, onde atirou mortalmente sobre um GNR e feriu outro.
Cá fora, coube aos dois bombeiros que nesse dia prestavam socorro a Manuela e a tentaram transportar para o Hospital da Figueira da Foz com vários ferimentos provocados pelo marido, explicar como actuou Mário Pessoa que, naquele dia, perseguiu a ambulância que se dirigia ao hospital, obrigando o motorista a inverter perigosamente a marcha e a regressar ao posto da GNR a pedir socorro. Foi aqui, mesmo à frente dos vários elementos que entretanto tinham sido alertados para a perseguição e se preparavam para o auxílio, que Mário Pessoa, de caçadeira na mão, obrigou, sob ameaça, todos os militares a permanecerem quietos e entrou na ambulância. Disparou sobre a mulher, mesmo à frente da filha menor que se encontrava com a mãe, que acabaria até por ser ferida com os chumbos provenientes dos disparos. «Foram tiros à queima-roupa», dizia ontem um dos bombeiros.
Ao sair da ambulância, o arguido acabaria por ser imobilizado pelos militares e conduzido à esquadra. Mas eis senão quando, no momento que era conduzido à cela, saca de um revolver que trazia no bolso e disparou sobre um militar, provocando-lhe ferimentos, e, não satisfeito com isso, sobre outro, que acabaria por matar. O próprio arguido participou ontem na reconstituição das cenas que decorreram na esquadra da GNR. Ele e os restantes militares que se viram envolvidos na cena homicida. Enquanto isso, o colectivo de juízes presidido por Pedro Figueiredo, procurador do Ministério Público e advogados esclareciam possíveis dúvidas relativamente à forma como decorreram os acontecimentos.
por Margarida Alvarinhas
fonte: DC