As dívidas dos hospitais, sobretudo por transporte de doentes, estão a "sufocar" os Bombeiros Voluntários da Póvoa de Varzim, que podem ficar sem dinheiro para o gasóleo.
"Sem gasóleo, as viaturas não andam, o que significa que o que está realmente em perigo é o socorro às populações. E é isso que nos preocupa", disse, à Agência Lusa, o presidente dos Bombeiros Voluntários da Póvoa de Varzim.
Segundo Rui Coelho, o "grosso" da dívida de 150 mil euros é dos hospitais e diz respeito ao transporte de doentes. "Temos facturas para pagamento desde Dezembro de 2010", afirmou.
Sublinhou que, com esta situação, fica também em causa o pagamento de salários aos 44 profissionais da corporação. Por mês, os bombeiros da Póvoa de Varzim precisam de 35 mil euros para pagar salários: o de Agosto já está assegurado, "mas a muito custo".
"As receitas do parque de estacionamento junto às piscinas, que este mês foram de cerca de 20 mil euros, constituíram um autêntico balão de oxigénio para as nossas contas. Mas sabemos bem que, em Setembro, esse valor não deverá ultrapassar os quatro mil euros e depois, nos meses de Inverno, será residual", sublinhou Rui Coelho.
Perante esta situação, e se entretanto "uma boa parte das dívidas do Estado não for liquidada", o pagamento dos salários de Setembro "fica seriamente ameaçado".
Por mês, a corporação gasta cerca de 10 mil euros em gasóleo, uma factura que tem de pagar no dia acordado com a gasolineira. "A partir desse dia, se não pagarmos, podem fechar-nos a torneira. E isso significaria que deixaríamos de poder socorrer as populações", disse ainda o presidente.
Para os problemas de liquidez da corporação contribui ainda o facto de a Autoridade Nacional de Protecção Civil apenas pagar no próximo ano as despesas com gasóleo ou avarias das viaturas envolvidas no combate a incêndios.
"Ainda agora tivemos uma viatura que partiu a suspensão num combate a um incêndio. Em situações normais, não haveria problema, mas com estes atrasos todo do Estado, ficamos de mãos atadas, porque não temos dinheiro para a mandar reparar", alertou Rui Coelho.
A situação de asfixia financeira da corporação deverá conduzir, até ao final do ano, à redução, pelo menos em cinco, do número de profissionais. "Mas para o próximo ano, se as coisas continuarem como estão, teremos de cortar ainda mais", rematou.
fonte: JN