Os Bombeiros Voluntários de Miranda do Corvo (BVMC) admitem encerrar a secção de Semide, nos arredores da vila, devido a "problemas financeiros", mas estão a negociar uma solução com a autarquia, disseram fontes da corporação à agência Lusa.
Uma fonte da direção da Associação Humanitária dos BVMC, pedindo para não ser identificada, confirmou que, no domingo, chegou a ser divulgado um comunicado a anunciar que os serviços de Semide, a segunda freguesia mais importante do concelho, seriam encerrados "assim que possível", devido à redução do subsídio municipal.
A nota foi enviada "apenas a alguns órgãos" da imprensa regional, "mas foi suspensa" depois de a presidente da Câmara Municipal, a social-democrata Fátima Ramos, ter marcado uma reunião para hoje, com vista a encontrar uma solução para os problemas.
Fátima Ramos confirmou à Lusa que a reunião realizou-se esta tarde, indicando que, "a pedido da direção dos Bombeiros", não revelaria os resultados.
A autarca alegou ter acordado com a corporação "não fazer qualquer comentário" sobre a reunião.
Também o presidente da direção dos BVMC, Sérgio Seco, escusou-se a revelar os resultados da negociação, alegando que, no seu caso, acumula as funções dirigentes da instituição com o cargo de vereador da maioria PSD na Câmara.
Na sexta-feira, o PS local contestou a redução do subsídio mensal que a Câmara atribui aos Bombeiros, considerando que a medida "prejudica gravemente" a corporação.
Nesse dia, a direção dos Bombeiros efetuou uma reunião extraordinária em que deliberou no sentido de fechar a secção de Semide.
Na última reunião do executivo, na quinta-feira, o PS votou contra a proposta de Fátima Ramos, "que prevê um corte inaceitável no subsídio pago" à Associação Humanitária dos BVMC.
Com Fátima Ramos de férias, coube ao vice-presidente da Câmara, Reinaldo Couceiro, presidir àquela sessão e reagir depois ao comunicado em que o PS critica a redução do subsídio.
Couceiro disse então à Lusa que "era necessário aprovar agora o subsídio para despesas correntes" da corporação, explicando que o corte resultou das atuais restrições financeiras das instituições do Estado.
Por proposta de Fátima Ramos, a Câmara fixou em 4.000 euros o subsídio mensal aos Bombeiros Voluntários, para julho e agosto, o que se traduziu num corte de pelo menos 750 euros.
Reinaldo Couceiro disse no dia seguinte que esta deliberação "poderá ser reavaliada ao fim de dois meses".
Retomando o seu lugar na presidência, Fátima Ramos reuniu-se com a direção dos Bombeiros, que tinha mandado "suspender o comunicado" de domingo na expetativa de ser encontrada, hoje, uma solução para os problemas financeiros criados pela redução da subvenção municipal.
O presidente da assembleia dos BVMC, Gustavo Cardoso, contactou esta tarde a Lusa, confirmando que foi efetuada a reunião com Fátima Ramos, após ele próprio ter suspendido o comunicado.
No entanto, ao abrigo do "acordo entre as partes", Fátima Ramos e os dirigentes da corporação não iriam revelar as conclusões da reunião, informou o mesmo dirigente.
Fonte: RTP