A direção dos bombeiros de Castro Daire enviou hoje um oficio ao Ministério da Administração Interna (MAI) a avisar que nas próximas horas vai ser obrigada a suspender toda a atividade da corporação, por falta de dinheiro para gasóleo.

O presidente da direção, António Pinto, explicou à agência Lusa que a decisão de colocar o MAI perante esta realidade, "de forma clara e inequívoca para que assuma as suas responsabilidades", foi tomada numa reunião realizada na última noite.
"Decidimos ainda informar o Ministério de que os bombeiros de Castro Daire já não acorrem a chamadas para incêndios florestais ou transporte de doentes não urgentes e as emergências, como fogos urbanos ou acidentes de diversos tipos, só estão garantidas nas próximas horas", disse.
António Pinto sublinhou que os bombeiros de Castro Daire pretendem "sensibilizar o Ministério da Administração Interna para o facto de ter sido uma época anormalmente intensa de fogos florestais em janeiro e fevereiro, que esvaziou os cofres da corporação".
Perante uma situação extraordinária "impõe-se uma resposta extraordinária da tutela", de forma a que "as populações não fiquem à mercê da sorte em caso de uma emergência", acrescentou.
"Informamos também a tutela de todas as despesas realizadas entre 01 de janeiro e 28 de fevereiro, com detalhe, de forma a deixar claro que se os bombeiros hoje não têm dinheiro para o gasóleo é porque o seu planeamento financeiro foi desbaratado neste período por sucessivas saídas para fogos florestais", disse António Pinto.
O presidente dos bombeiros de Castro Daire espera que o Ministério avance com uma verba extraordinária "o mais rápido possível", mesmo que seja um "avanço em relação ao previsto para o verão".
Da "situação extrema" que os bombeiros de Castro Daire estão a viver, por descrição do presidente da direção, ressalta o facto de já estarem a bombear gasóleo de umas viaturas para as outras, nomeadamente para as ambulâncias de socorro, quando em causa está "apenas o pagamento de uma dívida de três mil euros" ao fornecedor habitual de combustível.
Perante a situação de rutura, o presidente da Câmara de Castro Daire, Fernando Carneiro, disse na quarta feira à agência Lusa que o problema estaria resolvido até ao final da semana passada, com a atribuição de uma verba, colocando como possibilidade adiantar parte do dinheiro que o município disponibiliza anualmente aos bombeiros, o que não se veio a concretizar.
Perante este impasse, Fernando Carneiro reconheceu, já esta semana, que o problema não foi resolvido e que a autarquia "nada deve aos bombeiros", admitindo que da continuação do diálogo com a direção da associação de bombeiros "poderá surgir uma solução", mas recusando dizer de que tipo.