Depois de uma noite de sobressalto com o fogo a rondar habitações nas freguesias de Aldreu e de Palme, em Barcelos, o dia de ontem não trouxe tréguas. Pelo contrário, o incêndio percorreu várias freguesias e chegou, ontem à tarde, ao concelho de Esposende, na zona de Vila Chã.
A Estrada Nacional 103 - que liga Barcelos a Viana do Castelo - esteve cortada e mais de uma centena e meia de combatentes estiveram no terreno a tentar controlar o incêndio que ontem já tinha consumido cerca de três mil hectares de área, ultrapassando o grande incêndio que em 2006 devastou a zona de Fragoso.
A situação levou o presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Miguel Costa Gomes, ao terreno, tendo percorrido algumas das zonas afectadas.
Foi em Bustelo, na freguesia de Palme, que Miguel Costa Gomes, confessou ser “uma imagem chocante”.
Bustelo é um lugar que esteve totalmente cercado pelas chamas na noite de ontem, sitiando bombeiros e população durante cerca de duas horas, revelou o vereador da Protecção Civil da autarquia barcelense, Carlos Brito, que passou a noite em claro a acompanhar a situação.
Os presidentes de Junta também tiveram um papel importante. Alguns andaram a bater às portas das casas para alertar as pessoas do perigo da proximidade das chamas.
O presidente da Câmara confessava ontem ser “difícil encarar uma situação destas” e mos-trava-se preocupado com os muitos cidadãos que ainda sobrevivem à custa das terras que o fogo devastou.
Miguel Costa Gomes constatou também, no te rreno, o “desgaste visível no rosto de quem está a combater”.
Apesar de estarem no terreno mais de 160 elementos, o incêndio chegou ao concelho de Esposende. Aos dez corpos de bombeiros do distrito, juntaram-se um Grupo de Reforço do Porto e duas equipas de Viana do Castelo e um meio aéreo.
Ao longo da EN 103, os militares do Exército posicicionaram-se para tentar impedir o avanço das chamas.
Essa era, aliás, a estratégia de quem comandava as operações, mas o incêndio foi mais ‘forte’ e chegou ao outro lado, à freguesia de Vila Chã, em Esposende.
A GNR também teve vários elementos no terreno.
Aos combatentes do dispositivo de protecção civil, juntaram-se tractores com cisternas de populares que tentavam defen-der o que, afinal, é de todos.
Terreno, vento e doença do eucalipto ‘ajudaram’ à propagação do incêndio
O incêndio que ontem continuava a lavrar em Barcelos deflagrou no Lugar do Monte, em Carapeços, numa zona que já a semana passada foi fustigada pelas chamas. Além de Carapeços, este incêndio lavrou em Tamel St.ª Leocádia; Palme, Aldreu, Fragoso, Feitos e Vilar do Monte e ontem à tarde continuava activo em duas frentes.
O adjunto do comando distrital de Operações de Socorro, Vítor Azevedo, explicou ontem que vários factores contribuíram para a propagação do incêndio: a morfologia do terreno, a intensidade do vento que se fez sentir e também as características da vegetação com o eucalipto afectado por uma doença, situação aliada ao mato.
por Teresa M. Costa
fonte: Correio do Minho