O presidente da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) afirmou hoje que os portugueses levam «muito tempo» a reconhecer os sintomas do enfarte do miocárdio e a pedir ajuda, deslocando-se muitas vezes pelos próprios meios ao hospital errado.
Esta situação levou a APIC a associar-se hoje ao projecto da Ordem dos Farmacêuticos Geração Saudável, que há um ano percorre num autocarro didáctico pedagógico as escolas do país a informar os alunos do segundo ciclo sobre sexualidade, alimentação e, a partir de agora, sobre emergência médica.
O presidente da APIC, Hélder Pereira, adiantou que os portugueses demoram em média duas horas a pedir ajuda quando estão a sofrer um enfarte do miocárdio, a maioria (77%) não contacta o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e muitas vezes dirigem-se pelos próprios meios a hospitais que não são especializado no tratamento da doença.
Hélder Pereira é também o representante em Portugal do projecto europeu ‘Stent for Life’ que visa reduzir a mortalidade do enfarte do miocárdio na Europa, através do «melhor tratamento» para o enfarte, a angioplastia primária.
Dados divulgados por Hélder Pereira na assinatura do protocolo entre a APIC e a OF, na Escola Marquesa de Alorna, em Lisboa, indicam que Portugal é um dos países do Norte da Europa que realiza menos angioplastias.
O «principal problema» no acesso a este tratamento é a falta de reconhecimento por parte da população dos sinais do enfarte do miocárdio, adiantou.
Os dados indicam que em 2010 realizavam-se em Portugal 268 angioplastias por milhão de habitante, número que subiu para 303 em 2011, sendo o objectivo chegar às 600 por milhão de habitante
Para Hélder Pereira, a parceria com o projecto Geração Saudável é «muito positiva» porque permite levar às gerações mais novas informação sobre as doenças cardiovasculares e ensinar-lhes a reconhecer os sintomas de um enfarte do miocárdio e como devem agir se foram testemunhas de um ataque.
Os jovens são um bom veículo de transmissão desta mensagem aos familiares e amigos, disse.
«Conseguir que os mais novos associem sintomas como dor no peito, suores e náuseas, como um possível enfarte do miocárdio ou saber ligar o 112 é o grande desafio dos formadores da Geração Saudável», adianta a OE.
Desde que o projecto ‘Stent for Life’ foi lançado, em 2009, já se notam alguns indicadores positivos: «Há um maior número de pessoas a pedir ajuda através do INEM e mais pessoas a dirigirem-se a hospitais onde se realizam angioplastias».
Presente na cerimónia, o presidente da Secção Regional de Lisboa da OE afirmou que o projecto pretende abranger, este ano lectivo, 10 mil alunos de 24 escolas em Santarém, Lisboa, Setúbal, Portalegre, Évora, Beja e Faro.
A completar um ano em Dezembro, o projecto na área da sexualidade abrangeu 12 escolas, 2.626 aluno e 135 professores e, na área da alimentação, 11 escolas, 1.824 alunos e 119 professores, adiantou Hipólito Aguiar.
O bastonário da OE, Carlos Maurício Barbosa, salientou a importância deste projecto de intervenção, que «sem qualquer recurso financeiro do Estado», se organizou para levar educação em saúde à população.
por Lusa/SOL