Inaugurada a 15 de maio de 2002, a VMER – Viatura Médica de Emergência e Reanimação do Centro Hospitalar do Oeste Norte comemorou o seu 10º aniversário. Funciona 24 horas por dia e no mínimo efetua quatro saídas diariamente. A base situa-se no hospital das Caldas e a tripulação é composta por um médico e um enfermeiro. Atualmente a VMER conta com uma equipa de 17 médicos e 14 enfermeiros que se revezam em turnos. Foi no passado 15 de maio (dia da cidade), com uma exposição de fotografia, na sua sede, da autoria do fotojornalista caldense Carlos Barroso, e com um evento de convívio, que a equipa da VMER assinalou o aniversário.
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A equipa tem 17 médicos e 14 enfermeiros que se revezam em turnos / foto Carlos Barroso
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A VMER é um veículo de intervenção pré-hospitalar destinado ao transporte rápido de uma equipa médica ao local onde se encontra o doente. O seu principal objetivo consiste na estabilização pré-hospitalar e no acompanhamento médico durante o transporte de vítimas de acidente ou doença súbita em situações de emergência. O JORNAL DAS CALDAS falou com o seu coordenador, o médico Joaquim Urbano, que fez um balanço muito positivo destes dez anos de existência da VMER, que desde então já fez 11900 saídas, a maioria no concelho e para socorrer sobretudo casos de doença súbita e acidentes rodoviários. A sua área de influência é a do centro hospitalar (concelhos de Alcobaça, Nazaré, Caldas da Rainha, Óbidos, Bombarral e Peniche), mas vai para outros locais quando é necessário.
Joaquim Urbano disse que a vinda deste projeto para Caldas da Rainha nasceu da perceção de que havia vítimas de acidentes e de doenças súbitas que teriam um melhor prognóstico se fossem socorridas no local do acidente. Este fato levou a que um grupo de médicos e enfermeiros há mais de dez anos atrás solicitasse junto da administração do centro hospitalar caldense a criação de um serviço pré-hospitalar, que foi aceite. “Antigamente procurava-se chegar rapidamente perto da vítima e transportá-la rapidamente para o hospital. A filosofia depois mudou e verificou-se que deslocar uma equipa médica até à vítima, estabilizá-la no local e posteriormente transportá-la até o hospital era muito melhor para o doente”, explicou este médico, acrescentando que “a VMER presta socorro avançado, não transporta doentes mas permite acautelar a deslocação para os hospitais depois de prestadas as primeiras assistências, muitas vezes vitais”. Tem no seu interior medicamentos e maquinaria de eletromedicina, desfibrilhadores e equipamentos de reanimação, macas estabilizadoras, ligas, compressas e soros, conseguindo dar resposta a várias vítimas.
Joaquim Urbano recorda que em fevereiro de 2002 os médicos e enfermeiros que iam fazer parte da equipa da VMER estavam em formação nas Caldas da Rainha (Expoeste) quando foram informados de um acidente no viaduto da Fanadia, que andava a ser construído para a A15. “Curiosamente naquela manhã iria falar-se em situações de exceção de catástrofe e ela surgiu”, lembrou este responsável, acrescentando que “os formadores como tinham uma viatura completamente equipada que utilizavam para a formação dirigiram-se logo para o local acompanhados pelos médicos que estavam em formação e prestaram socorro aos feridos”. “Foi aqui que tivemos a perceção de como este serviço era fundamental vir para esta zona”, apontou Joaquim Urbano, que é o coordenador da VMER deste serviço desde o início. O enfermeiro coordenador inicial era João Gomes, mas por motivos profissionais saiu e atualmente é Luís Félix.
Os enfermeiros é que conduzem o veículo e recebem formação em condução defensiva. Segundo Joaquim Urbano, há uma preocupação muito grande na segurança. “Pretende-se conferir a quem conduz um maior índice de controlo da viatura e de segurança na sua condução, porque quando somos ativados temos uma condução diferente em relação aos restantes condutores, daí a necessidade de ter vários cuidados”, explicou este responsável, adiantando que “é fundamental a confiança que temos no enfermeiro que vai a conduzir”. “Apesar da experiência que temos há sempre uma descarga da adrenalina que nos põe em alerta. Se formos com receio da condução não chegamos em boas condições para prestar a assistência a quem necessita”, apontou o coordenador da VMER.
Joaquim Urbano confessa que quando há um socorro a uma criança há sempre mais stress. “Nós tivemos alguns casos dramáticos relacionados com afogamentos. E quando conseguimos estabilizar a criança no local é um sentimento espetacular”, disse o médico. Setenta por cento dos casos de emergência são doença súbita e quarenta por cento são de acidentes rodoviários, quedas, afogamentos, acidentes com armas de fogo, intoxicações entre outros incidentes. “Há algumas situações de paragem cardiorespiratória em que os esforços da equipa médica e dos bombeiros é fundamental para salvar o doente”, frisou.
Com as medidas de austeridade, Joaquim Urbano diz que a equipa da VMER, como a maioria das pessoas em Portugal, está desmotivada. “Sentimos isto também na população que socorremos, além de atendermos as vítimas também ouvimos os familiares e muitas vezes também os temos que confortar”, sublinhou o coordenador deste serviço. O médico frisou ainda “que não fazemos milagres, utilizamos os meios e conhecimentos que temos”, fazendo notar que “só faz emergência médica quem tem perfil para isso”.
Dentro da equipa da VMER estabeleceu-se um laço de amizade. “Costumamos dizer que é a nossa segunda família”, disse Joaquim Urbano, adiantando que existe também uma ligação entre os cuidados primários de saúde e o hospital.
Passados dez anos de atividade, Joaquim Urbano continua otimista e determinado que haja mais dez anos de intervenção social. “Há medida que os anos vão passando dá-se lugar a colegas mais novos e todos passam por formação que é da responsabilidade do INEM”, disse o médico.
Exposição assinalou aniversário da VMER
Uma exposição de fotografia, da autoria do fotojornalista caldense Carlos Barroso na sede da VMER foi um dos pontos altos da comemoração do décimo aniversário. O autor apresentou 60 imagens dos médicos e enfermeiros em momentos de descontração, já que nos anos anteriores as imagens apresentadas são de momentos de trabalho.
“Costumo tirar as fotos quando a equipa está em socorro. Este ano achei que estava na altura da população vê-los de uma forma mais descontraída, então decidi tirar as fotos no seu local de trabalho mas onde cada um, ou em grupo, brincou um pouco com a sua ferramenta de socorro, desde o carro, à mochila, dando um pouco de ironia ao uso dos seus utensílios”, explicou.
Carlos Barroso tem uma paixão pela fotografia na área da saúde. “Desde que a VMER entrou em funcionamento nas Caldas que tenho acompanhado de perto o trabalho destes profissionais”. As imagens capturadas pelo fotógrafo são um testemunho da coragem e força desta equipa que faz tudo para salvar vidas.
Fonte: Jornal das Caldas