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Durante o simulacro na Promol os bombeiros tiveram de salvar um trabalhador dentro de uma tina |
No âmbito das comemorações do Dia Internacional da Proteção Civil, foram realizados dois simulacros de incêndio na fábrica da Promol e na grande superfície do Aki, nas Caldas.
Os exercícios serviram para o comandante dos bombeiros testar os seus operacionais, mas também ir implementando uma cultura de segurança na população através dos empresários e dos trabalhadores das unidades.
“Muitos dos problemas com que nos deparamos no dia a dia, é por falta de cultura de segurança das pessoas. Acontecem situações hilariantes que ficamos a olhar e interrogamo-nos como é que foi possível que tenham acontecido. Como é que é as pessoas não se aperceberam, como é que não tiveram cuidado, como é que se desmazelaram, como é que potenciaram um teatro de operações. É importante haver uma cultura de segurança, é importante haver simulacros, porque vamos treinando e alertando as pessoas e elas vão sentindo as nossas dificuldades em resolver problemas que poderiam ter sido evitados”, disse José António, no rescaldo dos exercícios.
O também comandante operacional da proteção civil municipal explicou que os dois simulacros, um no dia 1 de março e o outro no dia 2, foram distintos.
“É importante fazermos simulacros em espaços grandes e de características diferentes. O simulacro na Promol foi importantíssimo, não só para aquela entidade, mas também os bombeiros, porque treinámos um incêndio no interior da fábrica, mas por coincidência, havia um trabalhador a fazer limpeza no interior de uma tina de parafina, com seis metros e meio de profundidade e numa temperatura na ordem dos 60 graus. Tivemos de resgatar o operário, sob um grau de dificuldade acrescido, uma vez que a tina apenas tinha uma abertura no topo de 50 por 50 centímetros, e estava a uma distância do telhado muito curta”, explicou.
Este tipo de exercício “foi importante para nós, porque temos de viver com este tipo de dificuldades que nos deparam. Julgo que foi importante para a fábrica verificar que pode contar com os bombeiros, quando necessitar, em qualquer circunstância que ali ocorra”, acrescentou o comandante.
Para Hans Jürgen Bopp, administrador executivo da Promol, este exercício foi importante para continuar a testar os meios internos e externos para uma fábrica que tem muita matéria inflamável.
“Fazemos uma a duas vezes por ano um simulacro com os bombeiros e fora desse sistema realizamos internamente vários exercícios de segurança. Temos uma empresa com uma grande área, com muita carga de incêndios. Para nós é muito importante termos uma reação muito rápida dos bombeiros. Chegar aqui entre oito a dez minutos é o ideal. Uma fábrica de velas com um incêndio, onde a reação não seja rápida, o incêndio pode ganhar grandes dimensões porque trabalha-se com temperaturas acima dos 300 graus. Temos uma fábrica com um certo risco. A cooperação entre a fábrica e os bombeiros é muito importante. Assim eles conhecem a estrutura e diminuímos o risco”, disse.
Para o administrador da Promol a certificação e o cumprimento do manual de boas práticas de produção e a segurança com um agente de certificação internacional, é uma forma de “proteger a fábrica e os seus postos de trabalho”.
De acordo com o responsável é dada formação interna e de forma regular aos cerca de 140 funcionários, sobre todos os riscos dentro da unidade. É também garantida formação com os bombeiros com grande regularidade sobre extintores, manuseamento de máquinas, sobre o calor, os materiais e de outras situações de emergência, “para que numa situação real se saiba como reagir”.
“Os trabalhadores assim sentem-se seguros e em qualquer situação não entram em pânico. Temos uma equipa que cumpre o plano de emergência e de evacuação”.
Para Hans Jürgen Bopp, este exercício serviu também para testar o plano interno e verificar os níveis de comunicação interna.
“É um plano de auto proteção, porque é importante uma comunicação interna. Temos funcionários que controlam os colegas e espaços para que ninguém fique esquecido numa casa de banho ou outro compartimento da fábrica. Temos controlo de todos os empregados e no momento do incêndio sabemos quem está no interior e em que seção, porque temos um departamento que imprime uma lista de presenças e vai verificar se estão todos”, explicou.
Já sobre o exercício dentro da tina de parafina onde foi efetuado o resgate de um trabalhador, o administrador elogiou o profissionalismo e capacidade dos bombeiros das Caldas.
Na grande superfície do Aki foi dada uma formação aos funcionários sobre o manuseamento de extintores e foi simulado um pequeno foco de incêndio na parte administrativa do edifício.
Durante o exercício houve um cliente que estava desaparecido, no momento da evacuação e um funcionário magoado.
“Tudo isto são circunstâncias que nos aparecem no dia a dia e para as empresas testarem a sua capacidade e a versatilidade dos seus funcionários, mas também é importante para nós, testarmos os nossos elementos e treinarmos os procedimentos todos”, disse José António.
Para Lídia Cardoso, responsável do Aki, o exercício serviu para colocar os funcionários e clientes num contexto de segurança.
“Temos dado formação de primeiros socorros e de intervenção teórica aos funcionários, mas sentimos a necessidade de passar da teoria à prática. Temos uma equipa a postos para agir numa situação na loja”, explicou, adiantando que este tipo de exercícios é para continuar pelo menos uma vez por ano, testando “os nossos meios e os meios externos”.
Segundo Lídia Cardoso, a formação em segurança “é importante para nós, até para que os nossos clientes sintam que têm pessoas que os podem ajudar em caso de uma situação de emergência. Queremos que as pessoas sintam que existe segurança e que temos uma equipa preparada para evacuar o espaço que é bastante grande. O cliente quando nos visita está salvaguardado em caso que emergência”.
Como nota final, destaque para uma ambição do comandante dos bombeiros das Caldas que pretende que daqui a cinco anos haja uma equipa só para fazer simulacros.
“Cada vez mais as empresas são obrigadas a fazer simulacros e testarem os seus planos de segurança e as medidas de auto proteção. Dentro de quatro ou cinco anos os bombeiros terão de arranjar uma equipa exclusiva para fazer simulacros, porque as solicitações vão ser muitas e será incompatível responder apenas com voluntários”, disse José António Silva.
por Carlos Barroso
fonte: Jornal das Caldas