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diariobombeiro



Quarta-feira, 30.01.13

Meios informáticos do INEM atrasam socorro

A TVI teve acesso a ordens escritas de médicas responsáveis. Os documentos falam de «atrasos inexplicáveis» e do risco de vítimas morrerem 
 
Os meios informáticos do INEM estão a atrasar o socorro de doentes urgentes. A TVI teve acesso a ordens escritas das médicas responsáveis pelas centrais 112. Os documentos falam de «atrasos inexplicáveis» e mesmo do risco de vítimas ficarem por atender e morrerem.

Por causa das dúvidas sobre o software, é preciso confirmar sempre por telefone os procedimentos, o que atrasa o socorro.

Ambulâncias, carros médicos e helicópteros de emergência médica comunicam com as centrais 112 do INEM através de computador. O equipamento, chamado Mobile Clinic, devia permitir a transmissão rápida dos sintomas de risco dos doentes e indicar aos meios de emergência a rota mais rápida para chegar a ele, como um bom GPS. Mas está a acontecer o contrário. Os computadores bloqueiam, demoram tempo a reiniciar e, pior ainda: muitas vezes nem sequer recebem os alertas da central 112, induzindo em erro os operadores telefónicos emergência, que julgam ter activado ambulâncias que, afinal, não chegam a receber qualquer informação.
Uma Ordem de Serviço, emitida pela médica Regina Pimentel, directora regional do Centro do INEM, para os coordenadores e supervisores das centrais de emergência, em 28 de Novembro, prova a existência de graves atrasos no socorro por falha do equipamento Mobile Clinic:

«Meus caros: sempre que se acciona um meio pelo mobile, está escrito que deve ser confirmada a recepção do evento. Este procedimento não está a ser feito. Podem dizer-me que há muito trabalho, mas haverá muito mais se o evento não chegar onde deve, a ambulância não sair para o local, a vítima morrer, irmos todos a tribunal ou sermos postos nos disponíveis ou na rua com um processo. Todos sabem que o Mobile não está fiável ainda, os fluxos vieram trazer celeridade ao envio de meios e nós não temos a certeza que o meio foi! Não estamos afazer bem o nosso trabalho. Há atrasos no socorro inexplicáveis. Isto não é um conselho, porque esse já o dei há muito tempo. É UMA ORDEM E É PARA CUMPRIR a nível nacional».

A directora da Central de Doentes Urgentes de Lisboa reencaminhou de imediato a ordem de serviço para os operadores da maior central do país. Teresa Pinto, médica, acrescentou apenas: «Repito - é MESMO para cumprir».

O Mobile Clinic e o GPS Navigator foram adquiridos em 2007 e nos dois primeiros anos custou um milhão e trezentos mil euros. Mas foi colocado na prateleira precisamente devido à falta de qualidade. No relatório e contas de 2011, a administração do INEM explica que o equipamento foi colocado em testes mas que não era de todo fiável, tendo sido descontinuado.

No primeiro semestre de 2011, contudo, o INEM decidiu colocar o equipamento em todas as suas ambulâncias, carros médicos e helicópteros de emergência. O presidente, que não acedeu a um pedido de entrevista da TVI, garantiu então aos deputados que não tinham razões para se preocupar:

As ordens de serviço emitidas há dois meses pelas médicas com maior responsabilidade no INEM coincidem com a descrição feita à TVI por dezenas de operacionais de meios de emergência. O equipamento atrasa o socorro e ainda é encarado como um empecilho.

O pior é que o INEM já antes da sua instalação tinha um mau desempenho, como descrito pelo Tribunal de Contas numa auditoria de Dezembro de 2010:

«Nas chamadas de emergência associadas a risco imediato de vida, a capacidade de resposta dos meios do INEM é manifestamente insuficiente, quando comparada com os standards internacionais», lê-se.

Os juízes explicavam que no socorro a doentes em risco de vida, com acidentes vasculares cerebrais, ataques cardíacos, dor e doença coronária súbita, em paragem ou com dificuldades respiratórias severas, ou com traumatismos graves, como as vítimas de acidentes, os padrões internacionais estabelecem em oito minutos para os meios de socorro chegarem a eles, ora em Portugal, o INEM só consegue fazê-lo em 20 por cento dos casos, apenas um em cada cinco doentes, contra 68 a 78 por cento dos ingleses.
 
 
por TVI

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por Diário de um Bombeiro às 20:56


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