Quarta-feira, 31.08.11
Cento e quarenta e sete hectares de terrenos destruídos, mais de 100 mil euros em custos no combate aéreo e terrestre e um grande susto para a população, foi este o balanço dos incêndios que nos dias 13 e 14 de Agosto assolaram a aldeia de Pé da Serra e onde as autoridades competentes não duvidam que houve mão criminosa.
Ao longo dos dois dias, por quatro vezes ecoaram as sirenes do quartel da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Nisa. No dia 13, ao início da tarde, seria dado o primeiro alerta, que se repetiria por volta das 17h30, já que depois de praticamente dominado o primeiro foco de incêndio, um novo fogo deflagrou noutra zona de mato e lavrou até ao final do dia, tendo sido dado como dominado às 19h40. Já no domingo, 14 de Agosto, pelas 15h52 deflagrou um novo incêndio, sendo dominado cerca de duas horas mais tarde. À noite a sirene voltaria a soar, mas desta vez não passou de um falso alarme, tratando-se apenas de algumas árvores que ainda ardiam depois do rescaldo do incêndio da tarde, mas que foram suficientes para alarmar a população.
Juntos, os fogos consumiram 147 hectares de terrenos – 96 no sábado e 51 no domingo –, tendo no auge do incêndio de sábado, o maior e mais grave, estado envolvidos quatro helicópteros ligeiros e um pesado, 32 veículos e 131 combatentes, entre bombeiros, sapadores, elementos da GNR e da Afocelca, como revelou o comandante operacional distrital da Protecção Civil, Belo Costa, numa reunião convocada pela Junta de Freguesia de S. Simão para discutir os incêndios, no dia 18 de Agosto.
Segundo este responsável, da análise dos pontos de ignição dos incêndios facilmente se conclui que se tratou de fogo posto. “Olhando para aqueles incêndios vemos que há ali um denominador comum. Se olharmos para os fogos de longe, vemos que quem teve a intenção de provocar esta situação andou sempre para sul/poente; todos aqueles fogos foram feitos de modo a que o vento os levasse naquele sentido, em direcção a uma zona onde há eucaliptais e uma zona de caça”, esclareceu Belo Costa.
Para além dos prejuízos para os proprietários dos terrenos, o combate aos incêndios é também extremamente dispendiosos para o Estado. O aluguer de um helicóptero ligeiro, como os quatro que estiveram no Pé da Serra, ronda os 1700 € por hora, enquanto “um helicóptero pesado custa quase o triplo”, elucidou o comandante operacional distrital da Protecção Civil, que estimou que só “o combate aéreo a este incêndio andou à volta dos 20 mil euros”, valor que adicionado aos meios terrestres envolvidos, mais difíceis de contabilizar, “rondou os cento e muitos mil euros”.
Apesar dos custos implicados, a disponibilidade de meios e uma melhor organização e coordenação do dispositivo, relativamente a anos anteriores, revelou-se essencial para o sucesso do combate ao incêndio.
“Se a Protecção Civil e os bombeiros não tivessem tido um trabalho tão meritório e eficaz como tiveram, a freguesia ficava deserta e tudo seria negro desde o Pé da Serra até Montalvão, porque o vento estava precisamente a empurrar naquela direcção”, frisou o presidente da Junta de Freguesia, José Hilário, tendo sempre presente o fantasma dos incêndios que devastaram o concelho de Nisa em 2003. “Felizmente as coisas já estão organizadas de outra maneira, a mentalidade das populações também já mudou e tudo isso contribuiu para que isto ficasse reduzido ao mínimo.”
“Felizmente o dispositivo hoje responde com outros padrões de organização e os esforços que têm vindo a ser feitos estão a dar resultados”, concordou Belo Costa, revelando que no mesmo sábado outros dois incêndios deflagraram no distrito e foram combatidos com eficácia. Ainda assim, este responsável lembrou que “a melhor forma de combater os incêndios é evitá-los” e destacou a importância da autoprotecção dos aglomerados, nomeadamente o cumprimento da legislação que obriga os proprietários à limpeza dos terrenos.
fonte: Jornal de Nisa
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por Diário de um Bombeiro às 11:34
Quarta-feira, 31.08.11
Cento e quarenta e sete hectares de terrenos destruídos, mais de 100 mil euros em custos no combate aéreo e terrestre e um grande susto para a população, foi este o balanço dos incêndios que nos dias 13 e 14 de Agosto assolaram a aldeia de Pé da Serra e onde as autoridades competentes não duvidam que houve mão criminosa.
Ao longo dos dois dias, por quatro vezes ecoaram as sirenes do quartel da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Nisa. No dia 13, ao início da tarde, seria dado o primeiro alerta, que se repetiria por volta das 17h30, já que depois de praticamente dominado o primeiro foco de incêndio, um novo fogo deflagrou noutra zona de mato e lavrou até ao final do dia, tendo sido dado como dominado às 19h40. Já no domingo, 14 de Agosto, pelas 15h52 deflagrou um novo incêndio, sendo dominado cerca de duas horas mais tarde. À noite a sirene voltaria a soar, mas desta vez não passou de um falso alarme, tratando-se apenas de algumas árvores que ainda ardiam depois do rescaldo do incêndio da tarde, mas que foram suficientes para alarmar a população.
Juntos, os fogos consumiram 147 hectares de terrenos – 96 no sábado e 51 no domingo –, tendo no auge do incêndio de sábado, o maior e mais grave, estado envolvidos quatro helicópteros ligeiros e um pesado, 32 veículos e 131 combatentes, entre bombeiros, sapadores, elementos da GNR e da Afocelca, como revelou o comandante operacional distrital da Protecção Civil, Belo Costa, numa reunião convocada pela Junta de Freguesia de S. Simão para discutir os incêndios, no dia 18 de Agosto.
Segundo este responsável, da análise dos pontos de ignição dos incêndios facilmente se conclui que se tratou de fogo posto. “Olhando para aqueles incêndios vemos que há ali um denominador comum. Se olharmos para os fogos de longe, vemos que quem teve a intenção de provocar esta situação andou sempre para sul/poente; todos aqueles fogos foram feitos de modo a que o vento os levasse naquele sentido, em direcção a uma zona onde há eucaliptais e uma zona de caça”, esclareceu Belo Costa.
Para além dos prejuízos para os proprietários dos terrenos, o combate aos incêndios é também extremamente dispendiosos para o Estado. O aluguer de um helicóptero ligeiro, como os quatro que estiveram no Pé da Serra, ronda os 1700 € por hora, enquanto “um helicóptero pesado custa quase o triplo”, elucidou o comandante operacional distrital da Protecção Civil, que estimou que só “o combate aéreo a este incêndio andou à volta dos 20 mil euros”, valor que adicionado aos meios terrestres envolvidos, mais difíceis de contabilizar, “rondou os cento e muitos mil euros”.
Apesar dos custos implicados, a disponibilidade de meios e uma melhor organização e coordenação do dispositivo, relativamente a anos anteriores, revelou-se essencial para o sucesso do combate ao incêndio.
“Se a Protecção Civil e os bombeiros não tivessem tido um trabalho tão meritório e eficaz como tiveram, a freguesia ficava deserta e tudo seria negro desde o Pé da Serra até Montalvão, porque o vento estava precisamente a empurrar naquela direcção”, frisou o presidente da Junta de Freguesia, José Hilário, tendo sempre presente o fantasma dos incêndios que devastaram o concelho de Nisa em 2003. “Felizmente as coisas já estão organizadas de outra maneira, a mentalidade das populações também já mudou e tudo isso contribuiu para que isto ficasse reduzido ao mínimo.”
“Felizmente o dispositivo hoje responde com outros padrões de organização e os esforços que têm vindo a ser feitos estão a dar resultados”, concordou Belo Costa, revelando que no mesmo sábado outros dois incêndios deflagraram no distrito e foram combatidos com eficácia. Ainda assim, este responsável lembrou que “a melhor forma de combater os incêndios é evitá-los” e destacou a importância da autoprotecção dos aglomerados, nomeadamente o cumprimento da legislação que obriga os proprietários à limpeza dos terrenos.
fonte: Jornal de Nisa
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por Diário de um Bombeiro às 11:34
Quarta-feira, 31.08.11
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Rui Coelho |
Quem o diz é Rui Coelho, presidente da Real Associação Humanitária dos Bombeiros da Póvoa de Varzim, que está a sentir muitas dificuldades para gerir a instituição devido aos atrasos nos pagamentos do Estado e aos cortes que também estão ser aplicados, nomeadamente no transporte de doentes
A actual crise nos Bombeiros da Póvoa é, essencialmente, uma crise de tesouraria?
Não é só uma crise de tesouraria. Ao contrário de em anos anteriores também estamos com uma crise económica. Os nossos resultados têm vindo a diminuir, e certamente chegaremos ao final do ano com resultados negativos. Isto deve-se aos cortes que o Ministério da Saúde está a fazer em alguns serviços que nós prestávamos, nomeadamente no transporte de doentes para as clínicas. É uma situação a que nos estamos a ajustar, e que poderá precipitar algumas medidas dolorosas, como a redução do pessoal. Aliado a isto, a situação agrava-se com as crises de tesouraria. O Estado tarda em pagar e isso dificulta-nos muito a nossa acção. Estamos numa época de Verão em que os gastos aumentam, devido aos fogos florestais, e só uma parte dessa despesa é comparticipada. Tudo junto cria problemas a que não podemos ficar calados, porque alguém tem mudar o rumo da situação.
Que valores têm ainda por receber?
Pelas nossas últimas contas temos em dívida, dos hospitais, cerca de 150 mil euros. Nós percebemos a situação dos hospitais, porque se o dinheiro também não entra lá eles também não podem pagar aos fornecedores. A nossa relação com o Centro Hospitalar Póvoa de Varzim / Vila do Conde é muito boa, e por isso não lhes apontamos o dedo, mas sim a quem tem obrigação de resolver o problema: o Estado. Outra das coisas que nos melindra bastante é que a troika impôs determinadas condições para pôr em ordem as contas do país, e algumas estão a ser cumpridas mas outras, nomeadamente o pagamento a 90 dias, não estão.
E só este dinheiro dos hospitais que está em falta?
Também prestamos serviços para a Administração Regional de Saúde do Norte e para o INEM, mas apesar de alguns atrasos as coisas têm sido cumpridas.
No caso da intervenção dos bombeiros nos fogos florestais tem uma ideia do que devia ser pago?
Ainda não temos as contas feitas, porque há muita despesa que não é contabilizada. Mas para ter uma ideia, nesta altura do Verão a nossa despesa com gasóleo ronda os 10 mil euros, e no resto do ano ronda os 7500 euros, só esse diferencial mostra algum do acréscimo que temos no combate e prevenção de fogos florestais. Além disso, temos algumas viaturas que estão disponíveis para actuar em incêndios florestais no concelho mas também fora, e ainda esta semana uma viatura nossa foi chamada para um incêndio fora, e teve uma avaria considerável, que terá de ser reparada com dinheiro do Estado. Mas em outras situações a que acorremos as nossas viaturas têm um desgaste significativo e se não avariarem durante a época de incêndios, temos de ser nós a assumir depois essas despesas. Outra coisa que não está correcta é que temos uma grande incidência de fogos florestais fora da época, e nessa altura a Autoridade Nacional já não comparticipa. Acabam por ser os bombeiros a financiar o combate a incêndios. Ainda para mais, as verbas que nos deviam ser pagas só o são quase um ano depois, numa espécie de motivação para a próxima época de incêndios.
Os Bombeiros têm algum desconto especial no gasóleo?
O preço é o normal, tal como para toda a gente. No entanto, dado o nosso volume conseguimos negociar com o fornecedor uma redução do preço do litro. Uma das formas de financiamento dos Bombeiros podia passar por essa situação de termos descontos do Estado, como no caso da Agricultura, com o "gasóleo verde".
Estes problemas de tesouraria podem provocar dificuldades diárias para a corporação?
Claro que sim. O nosso serviço é baseado em viaturas, quer seja no combate a incêndios, na emergência, ou no transporte de doentes. E as viaturas consomem combustível e têm de ter seguro, e se não o conseguimos pagar, automaticamente o contrato fica suspenso, e não podemos deixar a viatura sair sem seguro. A alguns dos nossos fornecedores podemos pedir paciência, mas para as companhias de seguro isso não é possível. Se chegarmos a esses constrangimentos será a ruptura total. Não está em causa o socorro que se faz com os meios humanos, mas sim os meios técnicos que precisamos para o fazer. Deste modo, digo, claramente, que o socorro pode estar em causa muito brevemente.
"O Governo não pode fazer cortes cegos"
A redução que foi imposta aos gastos do Ministério da Saúde pode pôr em causa o transporte de doentes?
á a ter consequências, algumas delas graves. Temos consciência que há algumas situações que não podem continuar a existir, nomeadamente de doentes que não deviam ser transportados e que o estão a ser, mas os cortes não podem ser feitos de uma forma cega. Há pessoas, com parcos recursos, que na nossa opinião deveriam continuar a ser transportados para os tratamentos. O transporte de doentes para as clínicas é uma forma de amenizar o dinheiro que gostamos em outros serviços, e que ninguém nos paga, para tentarmos equilibrar a balança. Por exemplo, temos aqui um posto do INEM, com uma tripulação dedicada a esse serviço, que feitas as contas nos dá prejuízo, mas mantemos porque é um serviço para a população, num fim social. A deixar de existir esse transporte de doentes que equilibre, por exemplo, esse serviço do INEM, as corporações de bombeiros têm de pensar seriamente a sua acção, porque estamos a caminhar para um beco sem saída.
Acredita que é possível manter os actuais serviços que os bombeiros fazem, ou os cortes que podem ainda vir porão em causa algumas coisas?
Não gosto de ser alarmista, mas acho que se não se fizer nada estamos a caminhar para uma situação de grande dificuldade. O serviço que os bombeiros ou hospital presta é insubstituível para a nossa sociedade. A situação exige que tenhamos mais consciência, que nos empenhemos mais em ultrapassar esta crise, e pensamos mais nos outros. Era preciso que a solidariedade seja mais em actos do que em palavras. Choca-me que alguém que ganha milhões de euros venha dizer que não é rico...Deviam olhar mais para a função social que cada um pode ter.
Já admitiu que pode haver uma redução de pessoal na corporação, como é que essa mensagem foi passada para o interior?
Estamos a tentar que numa primeira fase seja feita de uma forma pouco dolorosa, com alguns funcionários que temos que estão no limite da idade da reforma, ou outros que estão de baixa por doença ou invalidez possa também a avançar para a reforma. Mas nesta fase acreditamos que vamos conseguir evitar despedimentos. Mas a continuar assim, teremos de seriamente repensar e estar atentos às próxima medidas do Governo, para evitarmos a bancarrota.
Sente que a Associação Nacional de Bombeiros está consciente desta situação?
As autoridades nacionais já me contactaram a dizer que iam tomar algumas iniciativas junto do Ministério da Saúde para desbloquear a situação. Já tivemos um congresso extraordinário em que este assunto foi debatido, e já houve até um protocolo entre o Governo e a Liga de Bombeiros para tentar amenizar esta redução. Mas pelo o que sentimos não está ser cumprido este protocolo. Dentro de dois meses vamos ter outro congresso, e creio que este assunto será de novo debatido mas de uma forma mais corajosa e concreta. Teremos de fazer finca-pé, porque a situação está deveras preocupante. E para não ficarmos com a responsabilidade nas mãos, temos de denunciar o que se está a passar.
"Auto-escada já está legalizada"
Quanto à auto-escada, ela já está totalmente operacional?
Seguiu nos últimos dias toda a documentação para a Autoridade Nacional. O veículo já está totalmente legalizado, e partir daí já pode combater incêndios.
Ainda em relação a este veículo, apesar da campanha do empresário Artur Antunes, os bombeiros ainda ficaram com uma responsabilidade no pagamento?
Sim, só para auto-escada tivemos disponibilizar 140 mil euros. Não estava nos nossos planos, mas não deixamos de fazer face a isso, embora com o recurso à banca. Temos mais esta responsabilidade, e isso veio também alterar um pouco os nossos planos. Mas se as condições anteriores não se alterassem não seria nada que nos assustasse. Se recebêssemos todo o dinheiro que nos devem conseguíamos pagar toda a dívida da auto-escada. E se a partir daí continuassem a pagar a aquilo que já facturamos, conseguiríamos sobreviver com algum desafogo. Mas quando "a torneira pára de pingar" ficamos sufocados.
Ainda para as despesas da auto-escada, está a decorrer um leilão, com camisolas oferecidas por alguns jogadores de futebol, como está isso?
Esteve um pouco parado, mas nos últimos tempos conseguimos dar algum mediatismo à iniciativa e esperamos que haja coleccionadores que gostem destes artigos e que licitem para que tudo junto possa dar mais algum dinheiro. O leilão decorre, na internet, até 31 de Outubro.
O parque de estacionamento que exploram na marginal continua a ser uma boa fonte de receita?
Foi o que nos permitiu passar este mês de Agosto sem tantas dificuldades. Se não fosse essa receita extra, que ronda os 20 mil euros em Agosto, a situação seria pior. Além disso sem o subsídio da Câmara também não seria possível equilibrar as contas, funciona como uma tábua de salvação.
E o número de associados mantém-se?
Não, também tem diminuído, devido a pessoas que não conseguem pagar. Temos de dezenas de desistências, ainda mantemos 8 mil sócios. Além disso temos cerca de 7 mil euros de serviços que prestamos a pessoas e que não nos pagaram, e estamos ter alguns problemas com isso.
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por Diário de um Bombeiro às 11:31
Quarta-feira, 31.08.11
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Rui Coelho |
Quem o diz é Rui Coelho, presidente da Real Associação Humanitária dos Bombeiros da Póvoa de Varzim, que está a sentir muitas dificuldades para gerir a instituição devido aos atrasos nos pagamentos do Estado e aos cortes que também estão ser aplicados, nomeadamente no transporte de doentes
A actual crise nos Bombeiros da Póvoa é, essencialmente, uma crise de tesouraria?
Não é só uma crise de tesouraria. Ao contrário de em anos anteriores também estamos com uma crise económica. Os nossos resultados têm vindo a diminuir, e certamente chegaremos ao final do ano com resultados negativos. Isto deve-se aos cortes que o Ministério da Saúde está a fazer em alguns serviços que nós prestávamos, nomeadamente no transporte de doentes para as clínicas. É uma situação a que nos estamos a ajustar, e que poderá precipitar algumas medidas dolorosas, como a redução do pessoal. Aliado a isto, a situação agrava-se com as crises de tesouraria. O Estado tarda em pagar e isso dificulta-nos muito a nossa acção. Estamos numa época de Verão em que os gastos aumentam, devido aos fogos florestais, e só uma parte dessa despesa é comparticipada. Tudo junto cria problemas a que não podemos ficar calados, porque alguém tem mudar o rumo da situação.
Que valores têm ainda por receber?
Pelas nossas últimas contas temos em dívida, dos hospitais, cerca de 150 mil euros. Nós percebemos a situação dos hospitais, porque se o dinheiro também não entra lá eles também não podem pagar aos fornecedores. A nossa relação com o Centro Hospitalar Póvoa de Varzim / Vila do Conde é muito boa, e por isso não lhes apontamos o dedo, mas sim a quem tem obrigação de resolver o problema: o Estado. Outra das coisas que nos melindra bastante é que a troika impôs determinadas condições para pôr em ordem as contas do país, e algumas estão a ser cumpridas mas outras, nomeadamente o pagamento a 90 dias, não estão.
E só este dinheiro dos hospitais que está em falta?
Também prestamos serviços para a Administração Regional de Saúde do Norte e para o INEM, mas apesar de alguns atrasos as coisas têm sido cumpridas.
No caso da intervenção dos bombeiros nos fogos florestais tem uma ideia do que devia ser pago?
Ainda não temos as contas feitas, porque há muita despesa que não é contabilizada. Mas para ter uma ideia, nesta altura do Verão a nossa despesa com gasóleo ronda os 10 mil euros, e no resto do ano ronda os 7500 euros, só esse diferencial mostra algum do acréscimo que temos no combate e prevenção de fogos florestais. Além disso, temos algumas viaturas que estão disponíveis para actuar em incêndios florestais no concelho mas também fora, e ainda esta semana uma viatura nossa foi chamada para um incêndio fora, e teve uma avaria considerável, que terá de ser reparada com dinheiro do Estado. Mas em outras situações a que acorremos as nossas viaturas têm um desgaste significativo e se não avariarem durante a época de incêndios, temos de ser nós a assumir depois essas despesas. Outra coisa que não está correcta é que temos uma grande incidência de fogos florestais fora da época, e nessa altura a Autoridade Nacional já não comparticipa. Acabam por ser os bombeiros a financiar o combate a incêndios. Ainda para mais, as verbas que nos deviam ser pagas só o são quase um ano depois, numa espécie de motivação para a próxima época de incêndios.
Os Bombeiros têm algum desconto especial no gasóleo?
O preço é o normal, tal como para toda a gente. No entanto, dado o nosso volume conseguimos negociar com o fornecedor uma redução do preço do litro. Uma das formas de financiamento dos Bombeiros podia passar por essa situação de termos descontos do Estado, como no caso da Agricultura, com o "gasóleo verde".
Estes problemas de tesouraria podem provocar dificuldades diárias para a corporação?
Claro que sim. O nosso serviço é baseado em viaturas, quer seja no combate a incêndios, na emergência, ou no transporte de doentes. E as viaturas consomem combustível e têm de ter seguro, e se não o conseguimos pagar, automaticamente o contrato fica suspenso, e não podemos deixar a viatura sair sem seguro. A alguns dos nossos fornecedores podemos pedir paciência, mas para as companhias de seguro isso não é possível. Se chegarmos a esses constrangimentos será a ruptura total. Não está em causa o socorro que se faz com os meios humanos, mas sim os meios técnicos que precisamos para o fazer. Deste modo, digo, claramente, que o socorro pode estar em causa muito brevemente.
"O Governo não pode fazer cortes cegos"
A redução que foi imposta aos gastos do Ministério da Saúde pode pôr em causa o transporte de doentes?
á a ter consequências, algumas delas graves. Temos consciência que há algumas situações que não podem continuar a existir, nomeadamente de doentes que não deviam ser transportados e que o estão a ser, mas os cortes não podem ser feitos de uma forma cega. Há pessoas, com parcos recursos, que na nossa opinião deveriam continuar a ser transportados para os tratamentos. O transporte de doentes para as clínicas é uma forma de amenizar o dinheiro que gostamos em outros serviços, e que ninguém nos paga, para tentarmos equilibrar a balança. Por exemplo, temos aqui um posto do INEM, com uma tripulação dedicada a esse serviço, que feitas as contas nos dá prejuízo, mas mantemos porque é um serviço para a população, num fim social. A deixar de existir esse transporte de doentes que equilibre, por exemplo, esse serviço do INEM, as corporações de bombeiros têm de pensar seriamente a sua acção, porque estamos a caminhar para um beco sem saída.
Acredita que é possível manter os actuais serviços que os bombeiros fazem, ou os cortes que podem ainda vir porão em causa algumas coisas?
Não gosto de ser alarmista, mas acho que se não se fizer nada estamos a caminhar para uma situação de grande dificuldade. O serviço que os bombeiros ou hospital presta é insubstituível para a nossa sociedade. A situação exige que tenhamos mais consciência, que nos empenhemos mais em ultrapassar esta crise, e pensamos mais nos outros. Era preciso que a solidariedade seja mais em actos do que em palavras. Choca-me que alguém que ganha milhões de euros venha dizer que não é rico...Deviam olhar mais para a função social que cada um pode ter.
Já admitiu que pode haver uma redução de pessoal na corporação, como é que essa mensagem foi passada para o interior?
Estamos a tentar que numa primeira fase seja feita de uma forma pouco dolorosa, com alguns funcionários que temos que estão no limite da idade da reforma, ou outros que estão de baixa por doença ou invalidez possa também a avançar para a reforma. Mas nesta fase acreditamos que vamos conseguir evitar despedimentos. Mas a continuar assim, teremos de seriamente repensar e estar atentos às próxima medidas do Governo, para evitarmos a bancarrota.
Sente que a Associação Nacional de Bombeiros está consciente desta situação?
As autoridades nacionais já me contactaram a dizer que iam tomar algumas iniciativas junto do Ministério da Saúde para desbloquear a situação. Já tivemos um congresso extraordinário em que este assunto foi debatido, e já houve até um protocolo entre o Governo e a Liga de Bombeiros para tentar amenizar esta redução. Mas pelo o que sentimos não está ser cumprido este protocolo. Dentro de dois meses vamos ter outro congresso, e creio que este assunto será de novo debatido mas de uma forma mais corajosa e concreta. Teremos de fazer finca-pé, porque a situação está deveras preocupante. E para não ficarmos com a responsabilidade nas mãos, temos de denunciar o que se está a passar.
"Auto-escada já está legalizada"
Quanto à auto-escada, ela já está totalmente operacional?
Seguiu nos últimos dias toda a documentação para a Autoridade Nacional. O veículo já está totalmente legalizado, e partir daí já pode combater incêndios.
Ainda em relação a este veículo, apesar da campanha do empresário Artur Antunes, os bombeiros ainda ficaram com uma responsabilidade no pagamento?
Sim, só para auto-escada tivemos disponibilizar 140 mil euros. Não estava nos nossos planos, mas não deixamos de fazer face a isso, embora com o recurso à banca. Temos mais esta responsabilidade, e isso veio também alterar um pouco os nossos planos. Mas se as condições anteriores não se alterassem não seria nada que nos assustasse. Se recebêssemos todo o dinheiro que nos devem conseguíamos pagar toda a dívida da auto-escada. E se a partir daí continuassem a pagar a aquilo que já facturamos, conseguiríamos sobreviver com algum desafogo. Mas quando "a torneira pára de pingar" ficamos sufocados.
Ainda para as despesas da auto-escada, está a decorrer um leilão, com camisolas oferecidas por alguns jogadores de futebol, como está isso?
Esteve um pouco parado, mas nos últimos tempos conseguimos dar algum mediatismo à iniciativa e esperamos que haja coleccionadores que gostem destes artigos e que licitem para que tudo junto possa dar mais algum dinheiro. O leilão decorre, na internet, até 31 de Outubro.
O parque de estacionamento que exploram na marginal continua a ser uma boa fonte de receita?
Foi o que nos permitiu passar este mês de Agosto sem tantas dificuldades. Se não fosse essa receita extra, que ronda os 20 mil euros em Agosto, a situação seria pior. Além disso sem o subsídio da Câmara também não seria possível equilibrar as contas, funciona como uma tábua de salvação.
E o número de associados mantém-se?
Não, também tem diminuído, devido a pessoas que não conseguem pagar. Temos de dezenas de desistências, ainda mantemos 8 mil sócios. Além disso temos cerca de 7 mil euros de serviços que prestamos a pessoas e que não nos pagaram, e estamos ter alguns problemas com isso.
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por Diário de um Bombeiro às 11:31
Quarta-feira, 31.08.11
A GNR anunciou a identificação de um homem de 50 anos, professor, residente em Moimentinha, Trancoso, por ter usado uma arma de fogo para ameaçar o piloto de um helicóptero que pretendia recolher água para combater um incêndio florestal.
O caso ocorreu na segunda-feira, pelas 19:00, precisamente em Moimentinha, quando o piloto do helicóptero alertou o centro de comunicações que um homem armado o impedia de abastecer a aeronave num tanque de água.
«O indivíduo terá impedido que responsáveis pelo helicóptero que colaborava no combate às chamas o abastecessem com água na sua propriedade, ameaçando-os com uma arma», contou fonte do Comando Distrital Guarda à agência Lusa.
Dado o alerta, adiantou, a patrulha do posto de Vila Franca das Naves deslocou-se ao local «e ainda encontrou o indivíduo - professor, que lecciona na Escola de Vila Franca das Naves, Trancoso - com a arma de caça».
O homem justificou a atitude por «ter acabado de fazer um investimento no depósito de água» e por ter gasto «uma soma avultada a comprar animais de pastorícia». Alegou que o helicóptero, ao efectuar o abastecimento no tanque, «além de retirar a água que tinha para rega e para a alimentação dos animais, iria assustá-los».
A GNR identificou o homem, apreendeu a arma e as munições que estavam na sua posse e encaminhou o processo para o Tribunal de Trancoso.
A fonte explicou que, após ter sido surpreendido com a ameaça, o piloto do helicóptero «teve que ir abastecer a outro local» e disse que «o incêndio acabou por não tomar grandes proporções» porque ocorreu ao fim da tarde e devido à acção dos bombeiros.
fonte: IOL Diário
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por Diário de um Bombeiro às 11:26
Quarta-feira, 31.08.11
A GNR anunciou a identificação de um homem de 50 anos, professor, residente em Moimentinha, Trancoso, por ter usado uma arma de fogo para ameaçar o piloto de um helicóptero que pretendia recolher água para combater um incêndio florestal.
O caso ocorreu na segunda-feira, pelas 19:00, precisamente em Moimentinha, quando o piloto do helicóptero alertou o centro de comunicações que um homem armado o impedia de abastecer a aeronave num tanque de água.
«O indivíduo terá impedido que responsáveis pelo helicóptero que colaborava no combate às chamas o abastecessem com água na sua propriedade, ameaçando-os com uma arma», contou fonte do Comando Distrital Guarda à agência Lusa.
Dado o alerta, adiantou, a patrulha do posto de Vila Franca das Naves deslocou-se ao local «e ainda encontrou o indivíduo - professor, que lecciona na Escola de Vila Franca das Naves, Trancoso - com a arma de caça».
O homem justificou a atitude por «ter acabado de fazer um investimento no depósito de água» e por ter gasto «uma soma avultada a comprar animais de pastorícia». Alegou que o helicóptero, ao efectuar o abastecimento no tanque, «além de retirar a água que tinha para rega e para a alimentação dos animais, iria assustá-los».
A GNR identificou o homem, apreendeu a arma e as munições que estavam na sua posse e encaminhou o processo para o Tribunal de Trancoso.
A fonte explicou que, após ter sido surpreendido com a ameaça, o piloto do helicóptero «teve que ir abastecer a outro local» e disse que «o incêndio acabou por não tomar grandes proporções» porque ocorreu ao fim da tarde e devido à acção dos bombeiros.
fonte: IOL Diário
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por Diário de um Bombeiro às 11:26
Quarta-feira, 31.08.11
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por Diário de um Bombeiro às 01:20
Quarta-feira, 31.08.11
Quem pensou que estava a ter uma visão ao ver chover notas de euros, enganou-se. De facto, elas voavam e caíam no chão como chuva. O insólito aconteceu na muito movimentada auto-estrada 2 nos arredores de Maastricht, na Holanda.
Na segunda-feira, uma carrinha de valores deixou, literalmente, fugir notas de euros. O dinheiro espalhou-se pela auto-estrada e provocou o caos. Os automobilistas, entusiasmados com a dança esvoaçante das notas, estacionaram os carros na berma e correram atrás delas.
Um repórter holandês, que passava na A2 naquele momento, afirmou ter visto as pessoas a correrem para apanhar o dinheiro e a levarem os bolsos cheios para os carros.
Segundo uma mensagem postada no Twitter pela polícia da província holandesa de Limburgo, "por breves momentos choveram notas".
Não ficou apurada a quantia que voou da carrinha de valores, nem o que provocou o incidente.
http://youtu.be/KxeOV6JeKFk Fonte: JN
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por Diário de um Bombeiro às 00:49
Terça-feira, 30.08.11
O tratamento da Comunicação e Imagem de qualquer instituição assume-se hoje não como uma mais valia institucional, mas sim como uma prática necessária e obrigatória, é dela que depende a formulação da opinião publica, é dela que depende grande parte da interacção com a sociedade civil.
Ao longo dos anos diversas instituições utilizaram as novas tecnologias, para promover as suas actividades de forma mais rentável, económica e como veículo de contacto directo com a sociedade. As instituições que cedo se adaptaram a esta mudança assistiram a um franco crescimento, bem como um aumento do nível de instrução e conhecimento da sociedade perante a sua natureza institucional.
Mais uma vez os Bombeiros pararam no tempo, mais uma vez os Bombeiros estagnaram na sua forma de contactar com o cidadão comum, é do cidadão comum que depende a vida das Associações de Bombeiros, seja através dos seus associados, como da angariação de novos sócios, dinamização do seu Corpo de Bombeiro e do Voluntariado ou da criação de canais de comunicação com as empresas, vendendo os seus produtos associativos.
Com a crescente crise torna-se necessário que os Bombeiros encontrem novas fontes de receita, que podem e devem estar associadas a uma mudança de imagem e de ATITUDE, apostando na qualidade do serviço prestado através da certificação da Qualidade dos seus produtos, seja ao nível da prestação de socorro, do transporte de doentes ou da formação.
Esta é uma questão que devia preocupar os actuais candidatos da Liga de Bombeiros Portugueses.
A imagem mais do que nunca tem de ser trabalhada e instituída por forma a que dela se colham frutos. Frutos de mudança, frutos de apoio e principalmente frutos de confiança da sociedade civil.
Como alguém dizia à pouco tempo numa conversa de corredor, não basta que seja um corpo de bombeiros a fazer as suas regras, não basta ser um Corpo de Bombeiros a ter um elevado grau de exigência!
A Tolerância Zero para comportamentos desviantes devia ser a nossa nova imagem de marca ;)
Mudar de atitude significará em tempos futuros uma melhor geração de Bombeiros em Portugal!
Tenho dito,
Nuno Tiago Simões
CB Setúbal
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por Diário de um Bombeiro às 22:45
Terça-feira, 30.08.11
Um membro da nossa página Diario de um Bombeiro, Sub-chefe Pedro Davidoff Ferreira, CB de Alverca e formador cita:
"Tenho assistido com agrado ás "discussões" lançadas sobre diversos temas do universo dos Bombeiros.
Gostaria de "lançar" um tema para discussão:"
O que cada um dos leitores da página acha que pode melhorar para os Bombeiros em Portugal e que medidas deveriam ser tomadas para melhorar a qualidade dos Bombeiros em Portugal??
Pedro Davidoff Ferreira
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por Diário de um Bombeiro às 22:40