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diariobombeiro



Quinta-feira, 09.06.11

Comunicado: Heliporto - a Verdade dos Factos

Heliporto. A verdade dos factos

Em virtude de estarem a “circular” pela opinião pública, versões incorrectas sobre os factos que estamos a viver com a interdição por parte da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha, à utilização do espaço e instalação municipal denominado de heliporto pelo Corpo de Bombeiros de Albergaria-a-Velha, venho por este meio, repor a verdade.

O Corpo de Bombeiros de Albergaria-a-Velha é confrontado no dia 16 de Março com o acesso negado do heliporto. Sem transmitir aos bombeiros, o Sr. Presidente da Câmara, mandou trocar as chaves do heliporto e do seu edifício, porque segundo ele, os bombeiros tinham consumido uma exorbitância de energia eléctrica (cerca de sete mil euros).
No dia seguinte 17 de Março o comandante do Corpo de Bombeiros pediu uma reunião ao Sr. Presidente, em que explanou as razões da importância operacional do heliporto e das suas instalações como quartel para fogos florestais, heliporto e centro de formação operacional, disponibilizando-se para colaborar em encontrar a razão de tão elevado consumo de energia. Nessa reunião o Sr. Presidente decidiu entregar as chaves de acesso a outro dia (sexta), o que não veio a acontecer por falta de cópia das chaves (testemunhado pelo chefe de gabinete e pelo técnico de protecção civil). As chaves seriam feitas durante o dia e seriam entregues ao comandante por volta das 17.00. Às 16.30 do mesmo dia, o técnico protecção civil telefonou ao comandante dos bombeiros, transmitindo que o Sr. Presidente mandou anular a instrução dos bombeiros e o curso que se iriam desenrolar nessa sexta à noite, sábado e domingo.
Na segunda seguinte 21 de Março em nova reunião, o Sr. Presidente transmite que é necessário elaborar um protocolo de utilização, o que é uma óptima ideia, porque ao fim de 20 anos, não existe nenhum documento a validar a sua utilização e os bombeiros veriam, dessa forma, reconhecida a importância operacional daquele espaço.
É realizada uma reunião entre os Srs. Presidentes da Câmara e da direcção dos bombeiros com a presença do comandante, chefe de gabinete e técnico de protecção civil em que se aborda os assuntos do consumo de energia como justificação para interditar o acesso dos bombeiros às instalações e a obrigatoriedade de se assinar um protocolo, cuja versão para análise seria feita pela câmara. Quanto ao consumo de energia o comandante rejeitou-o, sugerindo um estudo mais aprofundado por um técnico em electricidade, visto que os valores consumidos indicados pela câmara, indiciavam um consumo trifásico e nas instalações utilizadas pelos bombeiros, só existe energia monofásica. Por outro lado, só existe um contador de electricidade para o consumo do estádio municipal, heliporto e Base de Apoio Logístico (BAL) da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC).
Na sexta-feira dia 1 de Abril, o Sr. Presidente da Câmara telefonou ao comandante, dizendo que estava a ser contactado pela imprensa para se pronunciar sobre o assunto, respondendo que este estava a ser tratado e que não fazia comentários, esperando do comandante a mesma coisa. Foi-lhe respondido, se era para resolver a questão, o comandante também não faria declarações sobre o assunto. Constata-se que dois meses depois do acesso ao heliporto ter sido negado aos bombeiros, o problema não está resolvido. Por isso, e por circularem várias versões dos factos (mentiras obvias), o comandante dos bombeiros, tem a obrigação de repor a verdade dos factos.
Conforme o acordado, a Câmara enviaria a proposta de protocolo para a direcção dos bombeiros se pronunciar.
Desde logo ressalta a forma como os bombeiros são discriminados em relação a outras instituições do concelho que "gerem" equipamentos ou espaços municipais.
Os bombeiros propõem um protocolo que na sua essência é idêntico ao municipal, eliminando a única cláusula que é inaceitável a nível operacional.
A Câmara responde a 6 de Maio “…vimos por este meio reafirmar que as condições para a utilização daquelas instalações são as propostas no nosso protocolo que vos foi enviado em 31 de Março de 2011.”
Não é possível adivinhar com 48 horas de antecedência um incêndio florestal ou a evacuação aérea dum sinistrado.
Não é possível cumprir com um plano de formação e treino (aprovado anualmente pela tutela) e cumprir o "…horário normal de funcionamento da função publica…", quando o Corpo de Bombeiros é voluntário, obrigando que estas actividades sejam às quartas e sextas à noite e aos fins-de-semana.

A não utilização deste espaço pelos bombeiros (espaço pensado, criado e utilizado desde sempre) reduz significativamente a operacionalidade dos bombeiros. Todos os anos, desde Maio a Outubro são criadas equipas de combate a incêndios florestais, que estão 24 sobre 24 horas de serviço (120 a 150 dias) e nos dias de maior risco, são reforçadas com equipas de outros concelhos. Esta estratégia operacional tem como base as instalações do heliporto. A época 2011 começou a 1 de Junho.
A estação meteorologia que permite acompanhar o evoluir dos incêndios florestais e a vídeo vigilância que permite acompanhar a evolução dos mesmos, encontram-se ambas nas instalações do heliporto e só são uma mais-valia e uma inovação com tecnologia avançada (sendo referencias nacionais) se os bombeiros tiverem acesso a elas e as utilizarem em tempo útil.
Só em 2010 até o posto de comando avançado esteve a funcionar no espaço do heliporto, praticamente quinze dias, comandando, coordenando meios terrestres e aéreos.
Este ano os bombeiros estarão uns patamares abaixo do nível operacional conseguido nos últimos (muitos) anos, recuando para o velho quartel de 1969.
Mesmo ao nível de preparação que o corpo de bombeiros habituou o concelho, o distrito e até país, não conseguirá mantê-lo, sentindo-se castrado, a este nível. Só no ano de 2010 os bombeiros utilizaram o heliporto e as suas instalações cerca de duzentos dias.

Esta decisão cria os seguintes constrangimentos operacionais:
- Não permite que o espaço seja utilizado de Maio a Outubro como Centro Operacional para o combate a incêndios florestais, utilizado por equipas permanentes, reforçadas nos dias de maior risco, optimizando os meios existentes, aumentando assim a rapidez de resposta.
- Não permite em tempo útil a utilização da pista para operar com meios aéreos (conhecimento e competências adquiridas durante 25 anos), quer de combate a incêndios, quer de evacuações de emergência médica. Não é possível prever estas utilizações com 48 horas de antecedência. Por outro lado, a helipista de Albergaria é certificada, não sendo possível colocar os meios de prevenção para acompanhar qualquer aterragem, sem ter autorização, nem chaves para o fazer.
Voltaremos ao tempo de operar com helicópteros de emergência, nas estradas, com os riscos acrescidos destas operações.
- Fazer desaparecer o Centro de Formação Operacional dos bombeiros de Albergaria, o cerne da formação de qualidade, formando centenas de bombeiros por ano, sendo o centro de excelência em técnicas de desenceramento (localização no distrito mais os centros de abate de viaturas na mesma zona industrial). Este Centro ministra formação (a maioria certificada), com uma grande componente prática. São exemplo os cursos de tripulantes de ambulância, desencarceramento em viaturas incluindo autocarros, utilização de extintores, busca e salvamento, intervenção com matérias perigosas, salvamento em valas, escoramento de edifícios e cinotecnia. Neste Centro, em constante crescimento e reconhecimento, são simulados os mais diversos cenários de intervenção, com o objectivo de formação em ambiente real.
- Limita a utilização da Base de Apoio Logístico nacional (uma das sete existentes em todo o território) onde pernoitam colunas de bombeiros em passagem para norte ou para sul, com o envolvimento da economia local (combustíveis e alimentação). O estacionamento de viaturas da ANPC e de outros Corpos de Bombeiros, reforçando a capacidade de intervenção no concelho, nos dias de maior risco.

Quartel dos Bombeiros de Albergaria-a-Velha, 6 de Junho de 2011.

O Comandante
José Ricardo Bismarck

Autoria e outros dados (tags, etc)

por Diário de um Bombeiro às 20:19

Quinta-feira, 09.06.11

Comunicado: Heliporto - a Verdade dos Factos

Heliporto. A verdade dos factos

Em virtude de estarem a “circular” pela opinião pública, versões incorrectas sobre os factos que estamos a viver com a interdição por parte da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha, à utilização do espaço e instalação municipal denominado de heliporto pelo Corpo de Bombeiros de Albergaria-a-Velha, venho por este meio, repor a verdade.

O Corpo de Bombeiros de Albergaria-a-Velha é confrontado no dia 16 de Março com o acesso negado do heliporto. Sem transmitir aos bombeiros, o Sr. Presidente da Câmara, mandou trocar as chaves do heliporto e do seu edifício, porque segundo ele, os bombeiros tinham consumido uma exorbitância de energia eléctrica (cerca de sete mil euros).
No dia seguinte 17 de Março o comandante do Corpo de Bombeiros pediu uma reunião ao Sr. Presidente, em que explanou as razões da importância operacional do heliporto e das suas instalações como quartel para fogos florestais, heliporto e centro de formação operacional, disponibilizando-se para colaborar em encontrar a razão de tão elevado consumo de energia. Nessa reunião o Sr. Presidente decidiu entregar as chaves de acesso a outro dia (sexta), o que não veio a acontecer por falta de cópia das chaves (testemunhado pelo chefe de gabinete e pelo técnico de protecção civil). As chaves seriam feitas durante o dia e seriam entregues ao comandante por volta das 17.00. Às 16.30 do mesmo dia, o técnico protecção civil telefonou ao comandante dos bombeiros, transmitindo que o Sr. Presidente mandou anular a instrução dos bombeiros e o curso que se iriam desenrolar nessa sexta à noite, sábado e domingo.
Na segunda seguinte 21 de Março em nova reunião, o Sr. Presidente transmite que é necessário elaborar um protocolo de utilização, o que é uma óptima ideia, porque ao fim de 20 anos, não existe nenhum documento a validar a sua utilização e os bombeiros veriam, dessa forma, reconhecida a importância operacional daquele espaço.
É realizada uma reunião entre os Srs. Presidentes da Câmara e da direcção dos bombeiros com a presença do comandante, chefe de gabinete e técnico de protecção civil em que se aborda os assuntos do consumo de energia como justificação para interditar o acesso dos bombeiros às instalações e a obrigatoriedade de se assinar um protocolo, cuja versão para análise seria feita pela câmara. Quanto ao consumo de energia o comandante rejeitou-o, sugerindo um estudo mais aprofundado por um técnico em electricidade, visto que os valores consumidos indicados pela câmara, indiciavam um consumo trifásico e nas instalações utilizadas pelos bombeiros, só existe energia monofásica. Por outro lado, só existe um contador de electricidade para o consumo do estádio municipal, heliporto e Base de Apoio Logístico (BAL) da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC).
Na sexta-feira dia 1 de Abril, o Sr. Presidente da Câmara telefonou ao comandante, dizendo que estava a ser contactado pela imprensa para se pronunciar sobre o assunto, respondendo que este estava a ser tratado e que não fazia comentários, esperando do comandante a mesma coisa. Foi-lhe respondido, se era para resolver a questão, o comandante também não faria declarações sobre o assunto. Constata-se que dois meses depois do acesso ao heliporto ter sido negado aos bombeiros, o problema não está resolvido. Por isso, e por circularem várias versões dos factos (mentiras obvias), o comandante dos bombeiros, tem a obrigação de repor a verdade dos factos.
Conforme o acordado, a Câmara enviaria a proposta de protocolo para a direcção dos bombeiros se pronunciar.
Desde logo ressalta a forma como os bombeiros são discriminados em relação a outras instituições do concelho que "gerem" equipamentos ou espaços municipais.
Os bombeiros propõem um protocolo que na sua essência é idêntico ao municipal, eliminando a única cláusula que é inaceitável a nível operacional.
A Câmara responde a 6 de Maio “…vimos por este meio reafirmar que as condições para a utilização daquelas instalações são as propostas no nosso protocolo que vos foi enviado em 31 de Março de 2011.”
Não é possível adivinhar com 48 horas de antecedência um incêndio florestal ou a evacuação aérea dum sinistrado.
Não é possível cumprir com um plano de formação e treino (aprovado anualmente pela tutela) e cumprir o "…horário normal de funcionamento da função publica…", quando o Corpo de Bombeiros é voluntário, obrigando que estas actividades sejam às quartas e sextas à noite e aos fins-de-semana.

A não utilização deste espaço pelos bombeiros (espaço pensado, criado e utilizado desde sempre) reduz significativamente a operacionalidade dos bombeiros. Todos os anos, desde Maio a Outubro são criadas equipas de combate a incêndios florestais, que estão 24 sobre 24 horas de serviço (120 a 150 dias) e nos dias de maior risco, são reforçadas com equipas de outros concelhos. Esta estratégia operacional tem como base as instalações do heliporto. A época 2011 começou a 1 de Junho.
A estação meteorologia que permite acompanhar o evoluir dos incêndios florestais e a vídeo vigilância que permite acompanhar a evolução dos mesmos, encontram-se ambas nas instalações do heliporto e só são uma mais-valia e uma inovação com tecnologia avançada (sendo referencias nacionais) se os bombeiros tiverem acesso a elas e as utilizarem em tempo útil.
Só em 2010 até o posto de comando avançado esteve a funcionar no espaço do heliporto, praticamente quinze dias, comandando, coordenando meios terrestres e aéreos.
Este ano os bombeiros estarão uns patamares abaixo do nível operacional conseguido nos últimos (muitos) anos, recuando para o velho quartel de 1969.
Mesmo ao nível de preparação que o corpo de bombeiros habituou o concelho, o distrito e até país, não conseguirá mantê-lo, sentindo-se castrado, a este nível. Só no ano de 2010 os bombeiros utilizaram o heliporto e as suas instalações cerca de duzentos dias.

Esta decisão cria os seguintes constrangimentos operacionais:
- Não permite que o espaço seja utilizado de Maio a Outubro como Centro Operacional para o combate a incêndios florestais, utilizado por equipas permanentes, reforçadas nos dias de maior risco, optimizando os meios existentes, aumentando assim a rapidez de resposta.
- Não permite em tempo útil a utilização da pista para operar com meios aéreos (conhecimento e competências adquiridas durante 25 anos), quer de combate a incêndios, quer de evacuações de emergência médica. Não é possível prever estas utilizações com 48 horas de antecedência. Por outro lado, a helipista de Albergaria é certificada, não sendo possível colocar os meios de prevenção para acompanhar qualquer aterragem, sem ter autorização, nem chaves para o fazer.
Voltaremos ao tempo de operar com helicópteros de emergência, nas estradas, com os riscos acrescidos destas operações.
- Fazer desaparecer o Centro de Formação Operacional dos bombeiros de Albergaria, o cerne da formação de qualidade, formando centenas de bombeiros por ano, sendo o centro de excelência em técnicas de desenceramento (localização no distrito mais os centros de abate de viaturas na mesma zona industrial). Este Centro ministra formação (a maioria certificada), com uma grande componente prática. São exemplo os cursos de tripulantes de ambulância, desencarceramento em viaturas incluindo autocarros, utilização de extintores, busca e salvamento, intervenção com matérias perigosas, salvamento em valas, escoramento de edifícios e cinotecnia. Neste Centro, em constante crescimento e reconhecimento, são simulados os mais diversos cenários de intervenção, com o objectivo de formação em ambiente real.
- Limita a utilização da Base de Apoio Logístico nacional (uma das sete existentes em todo o território) onde pernoitam colunas de bombeiros em passagem para norte ou para sul, com o envolvimento da economia local (combustíveis e alimentação). O estacionamento de viaturas da ANPC e de outros Corpos de Bombeiros, reforçando a capacidade de intervenção no concelho, nos dias de maior risco.

Quartel dos Bombeiros de Albergaria-a-Velha, 6 de Junho de 2011.

O Comandante
José Ricardo Bismarck

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