Terça-feira, 02.11.10
Acaba mais uma chamada época de incêndios florestais e muitas têm sido as polémicas relativas a área ardida e a veracidade dos dados publicados pelas autoridades competentes nomeadamente a ANPC E AFN.
Segundo o relatório provisório da AFN, durante a fase Alfa, Bravo e Charllie a “base de dados nacional de incêndios florestais registou, até 30 de Setembro de 2010, um total de 20.927 ocorrências (3.638 incêndios florestais e 17.289 fogachos) que resultaram numa área ardida de 125.852ha “. É ainda constante deste relatório que “área ardida até à data é inferior em três dos dez anos da última década (2000, 2003 e 2005).”
Pois bem, de facto, segundo este relatório, a área ardida é inferior aos dois piores anos da última década, 2003 e 2005. No entanto acho que será importante analisar os diferentes anos numa outra perspectiva.
Fico triste ao ver que tanto preocupa ao nosso país a área ardida e as perdas económicas associadas e se menospreze que mais uma vez, durante a época de incêndios, se continuem a perder vidas humanas, seja elas de bombeiros ou civis.
Tanto 2003 como 2005 são anos que apresentam números dramáticos não só de área ardida mas também de perdas humanas. O ano de 2010 segue as mesma pisadas sendo que, na minha opinião, este foi um ano em que foi notório o número de acidentes com bombeiros no teatro de operações.
E sim, são estes números que me preocupam, não só porque também vou para o terreno mas também porque temo pela segurança dos colegas de todo o país. Claro que todos nós quando saímos para combater um incêndio temos noção, a partida, do risco que corremos mas será que não há nada a fazer sem ser ir e “rezar” para que nada aconteça? Será que por vezes facilitamos e os acidentes acontecem? São questões que me surgem sempre que leio uma notícia sobre mais um acidente envolvendo bombeiros.
Mas a reflexão que deixo vai mais longe. O processo de um incêndio florestal é naturalmente um processo dinâmico, sendo assim difícil prever com todas as certezas a sua evolução, embora exista actualmente estudos e softwares capazes de o prever com alguma fiabilidade.
Assim, penso que uma boa arma contra este acidentes seja estuda-los, compreender o que aconteceu e tentar que da próxima não aconteça.
Certamente alguns pensaram a esta altura “ mas isto já se faz actualmente por algumas entidades e não deixa de haver acidentes por isso”. Eu concordo mas digo mais. Se continuarmos a insistir na formação dos bombeiros e demonstrar o porquê de aqueles acidentes ter acontecido penso que as mentalidades vão começar a mudar e o número de morto a diminuir.
Esta é apenas uma reflexão minha que vos deixo sendo que é apenas uma opinião pessoal não querendo contrariar quais queres informações oficiais e ideias contrárias.
Bem-haja
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por Diário de um Bombeiro às 14:19