Barbosa de Melo garante lançamento de nova escola de recrutas ainda este ano, apontando para um reforço de 25 elementos
O comandante da Companhia de Bombeiros Sapadores de Coimbra (CBSC) alertou ontem que a corporação, em termos de efectivos, se encontra «no limite do aceitável». Na cerimónia dos 230 anos da CBSC, Carvalho Dantas lembrou que, desde 2005, a companhia «já perdeu 27 bombeiros e seis requereram passagem à situação de aposentação, o que perfaz, até final de 2011, um total de 33 perdas».
«Torna-se imperioso e urgente concretizar o processo de recrutamento de pessoal e início da escola de recrutas para, no mínimo, 30 recrutas», alertou o comandante, salientando que, a situação, a manter-se, implica que algumas vezes se corram riscos, «ainda que calculados, quando o efectivo se reduz devido a férias, licenças, baixas, formação».
O presidente da Câmara Municipal de Coimbra garantiu que a desejada reposição de elementos vai ser uma realidade, com o processo de recrutamento a arrancar ainda este ano, de modo a que, no final de 2012, os Sapadores já possam contar com novos bombeiros. Carvalho Dantas deseja 30 homens, no entanto, para já, João Paulo Barbosa de Melo aponta para um reforço na ordem dos 25 efectivos.

«Temos de distinguir com muita clareza o que é essencial do que é acessório, o que é mais e menos importante», sublinhou o autarca, sustentando que o reforço da equipa é uma despesa que o município vai assumir, apesar dos «tempos difíceis». Parafraseando o comandante Carvalho Dantas, Barbosa de Melo garantiu que, do que depender da eficiência dos Sapadores, a população de Coimbra «pode dormir descansada».
O autarca lembrou o drama que está a afectar o Japão e deixou o alerta: «são coisas que acontecem no outro lado do mundo, mas podem acontecer aqui». Daí a importância de ter corpos de socorro «bem preparados», como é o caso dos bombeiros municipais, frisou Barbosa de Melo.

«Não tenho dúvidas em afirmar de que a Companhia de Bombeiros Sapadores de Coimbra se encontra num bom nível de proficiência e operacionalidade, arriscando-me a dizer que se encontra, de uma forma geral, entre os melhores em Portugal e particularmente no que se refere à formação, instrução e treino», adiantou o comandante, deixando os números da formação realizada em 2010: 105 dos 116 bombeiros tiveram um total de 690 horas de formação.
Mas, um bom corpo operacional não chega, se faltarem viaturas, equipamentos e materiais. O ano passado, foram adquiridos dois veículos ligeiros de combate a incêndios – um urbano e outro florestal -, um veículo de comando operacional táctico, um grupo energético e um equipamento de detecção de soterrados, oferecido pela Águas do Mondego.

«Este reforço de modernização manter-se-á durante 2011, com a candidatura, em curso, ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) para a aquisição de um veículo urbano de combate a incêndios e acredito que se mantenha no ano de 2012 com a aquisição de um veículo florestal de combate a incêndios», adiantou o comandante dos Bombeiros Sapadores.
Desgaste de viatura multi-riscos é preocupante
A modernização do veículo de protecção multi-riscos especial – um veículo de referência a nível nacional - é uma das principais preocupações de Carvalho Dantas. O material e equipamento já dão sinais de «desgaste» e esta companhia detém responsabilidades nas áreas nuclear, biológica, química e radiológica, frisou o comandante, ressalvando que não está em causa a operacionalidade de meios.
Seja como for, há também a necessidade de substituir os fatos de protecção, material de descontaminação, de medição e detecção de matérias perigosas. Todo este material foi accionado ontem, quando um veículo ligeiro embateu, cerca das 12h00, contra um camião cisterna que circulava na Avenida Mendes Silva, causando o derrame de metanol na via.

O acidente não passou de um simulacro e o cenário da avenida foi substituído pelo antigo parque da Ecovia, rapidamente isolado, assim que a equipa dos Sapadores chegou ao local.
O alerta foi dado por um transeunte para o 112 e, segundos depois, o INEM contactava os Bombeiros Sapadores para a ocorrência. A primeira viatura da companhia a sair foi a de desencarceramento, seguindo--se o veículo de multi-riscos especial, uma ambulância e uma viatura de comando.
São rapidamente constituídas três equipas: uma de material, outra de reconhecimento de intervenção – a única a entrar na zona delimitada, com fatos de protecção total – e ainda a equipa de protecção, com a missão de fazer uma cobertura de espuma para impedir a libertação de vapores tóxicos.
Numa situação real, os Sapadores contariam com o apoio dos Voluntários de Coimbra e os Voluntários de Brasfemes, além da PSP a fazer controlo de tráfego. Já a actuação dos homens que constituem a equipa de reconhecimento de intervenção não seria muito diferente. Quem assistia à operação até poderá ter estranhado a lentidão com que actuavam, mas tem mesmo de ser assim, garantia Armando Silva, sub-chefe principal da companhia, realçando que, apesar de o fato ter apenas uma protecção de 20 minutos, os elementos não podem correr, porque estão em causa «procedimentos perigosos».
Como na viatura ligeira seguiam dois passageiros,
o primeiro procedimento foi retirá-los da viatura, descontaminá-los e encaminhá--los para o hospital. Depois colocou-se uma mangueira para evitar a propagação do metanol, procedeu-se ao tamponamento da tubagem da cisterna e, por fim, à limpeza da via.
Numa situação real, em caso de ventos fortes, as equipas de socorro teriam ainda dado ordem para a evacuação das populações mais próximas.