A Liga dos Bombeiros e a Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários manifestaram-se hoje disponíveis para ajudar a mediar o conflito existente na corporação de Sacavém, concelho de Loures, onde um grupo de bombeiros exige a demissão da direcção.
Mais de metade dos bombeiros voluntários de Sacavém iniciou em 26 de Junho uma greve ao serviço de socorro e só admite voltar ao serviço com uma nova direcção. Nos últimos dias, o grupo tem levado a cabo acções de protesto e para hoje, às 20h, está marcada uma marcha pelas ruas de três freguesias do concelho, com os bombeiros acorrentados.
Contudo, a direcção dos Bombeiros Voluntários de Sacavém não cede: “Consideramos que este movimento tem origem num grupo restrito de bombeiros, que estará interessado em tomar de assalto o comando”, disse ontem ao PÚBLICO António Pedro, presidente da direcção.
Actualmente, a corporação está sem comandante, que se demitiu do cargo há cerca de um mês. O sub-chefe Luís Rocha afirma que é a oitava vez em cinco anos que um comandante pede a exoneração do cargo, mas António Pedro desmente: “Nos últimos cinco anos demitiram-se dois.”
O processo de substituição está em curso e “em breve será apresentada uma solução”, garante o presidente da direcção, responsável pela nomeação.
Em declarações à Lusa, o presidente da Liga de Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, manifestou-se preocupado com a situação vivida no quartel e criticou a forma encontrada pelos bombeiros voluntários para mostrar o seu descontentamento.
“Creio que estas situações devem ser sempre resolvidas com bom senso, trazer os problemas para a praça pública só serve para os agudizar. Aquilo que se tem passado em Sacavém não credibiliza em nada a imagem dos bombeiros e da própria corporação”, afirmou o responsável.
Jaime Marta Soares disse ainda que a liga não pode ter uma interferência directa no conflito, mas que, caso seja solicitada, estará disponível para ajudar a criar espaços de diálogo.“É essencial que o bom senso impere. As estruturas devem funcionar e a direção e o comando devem sentar-se à mesa para dialogar e encontrar uma solução”, defendeu.
A mesma disponibilidade foi demonstrada pela Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários, que realçou a importância de resolver o conflito “o mais rapidamente possível”.
“A instabilidade que se vive no quartel, sobretudo no que diz respeito aos elementos de comando, preocupa-nos muito. A área de actuação de Sacavém é muito grande e parte do socorro tem estado a ser assegurado pelas corporações vizinhas de Alverca e Póvoa de Santa Iria”, referiu à Lusa o vice-presidente da associação, António Calina.
No entender do responsável, mais importante do que saber qual das partes tem razão é tentar dialogar para chegar a um consenso.
“Aquilo de que temos a certeza é que esta situação não se pode prolongar por mais tempo. Caso esse seja o entendimento das partes e se formos solicitados para tal, estaremos disponíveis para mediar a situação”, afirmou.
O grupo que exige a demissão da direcção realiza hoje, às 20h, uma marcha de protesto pelas ruas das freguesias de Sacavém, Bobadela e S. João da Talha, onde esperam receber o apoio da população.
Fonte: Público