Há nos corpos de bombeiros uma 'falta generalizada de equipamentos de protecção individual (EPI) para o combate a incêndios florestais, implicando a partilha dos mesmos'.
O fato de protecção (uniforme n.º 3) não protege do calor e da chama, é pouco confortável, dificulta os movimentos e não tem grande visibilidade. Estes foram alguns dos problemas identificados pelos próprios bombeiros em relação aos actuais equipamentos de combate ao incêndio.
Estas e outras questões são abordadas no relatório 'requisitos do utilizador - protecção ao fogo' realizado no âmbito de um sub-projecto do ‘Power Textiles Século 21’ que visa investigar e desenvolver vestuário de protecção para bombeiros no combate ao fogo estrutural e flores-tal.
Foi constituído um consórcio que junta oito entidades - o CITEVE - Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e Vestuário de Portugal, a Autoridade Nacional de Protecção Civil, o Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes (CENTI), a ACTIJOB e várias empresas têxteis, três delas do distrito de Braga.
As necessidades específicas dos bombeiros foram alvo de estudo pormenorizado através de reuniões com a ANPC e realização de um inquérito a nível nacional através da internet.
Foi disponibilizado um inquérito on-line aos corpos de bombeiros para avaliação das suas necessidades e foram obtidas 1018 respostas (502 completas e 516 incompletas) provenientes de 336 corpos de bombeiros, o que se traduz numa taxa de respostas de 75 por cento.
Entre os problemas identificados pelos bombeiros no equipamento actual de combate ao incêndio florestal, estão ainda materiais pouco resistentes ao rasgo, à perfuração e ao desgaste e com deficiente isolamento térmico, a par da falta de protecção em várias partes do corpo.
Questionados sobre o equipamento de combate ao incêndio estrutural, os bombeiros também evidenciaram a falta de equipamento de protecção individual (essencialmente calças) e uso de equipamento em 2.ª mão.
O preço elevado dos EPI (principalmente os que apresentam índices mais elevados de protecção) e o uso de EPI pouco confortáveis são outros problemas.
Os bombeiros apontaram também a dificuldade de realização de movimentos, causada por uso de tamanhos inadequados, pelo peso excessivo (principalmente quando molhado) e formas pou-co ergonómicas.
Os fatos são muito quentes e com deficiente respirabilidade e impermeabilidade.
Os principais aspectos a melhorar no vestuário para o combate ao incêndio, quer estrutural quer florestal, dizem respeito a funcionalidades básicas como: protecção ao calor e chama, isolamento térmico, funcionalidade, facilidade de movimentos, respirabilidade, leveza, impermeabilidade/repelência à água,facilidade de vestir/despir, alta visibilidade e o conforto geral.
Os bombeiros sugerem a incorporação de sensores de monitorização e alerta e a possibilidade de integração de sistemas de rádio mãos livres.
Fonte: Correio do Minho