Guerra contra bombeiros e taxistas, em favor de transportadores anónimos
O MS está, pois, a criar mais um imbróglio na saúde em nome do economicismo. Mas, ponderadas as contas, poderá causar graves prejuízos – até o mais grave de todos, a morte – a gente idosa e sujeita a elevadas prevalências de doenças crónicas no interior do país. Que é o caso da maioria da população do interior.
Um pergunta óbvia urge ser formulada:
Como é que os tais outros, alternativos aos bombeiros, estão em condições de se garantirem que os doentes que transportam não têm carácter de urgência?
Um esclarecimento simples: até bombeiros socorristas, por vezes, enfrentam dificuldades em súbitos agravamentos do estado do doente tido por não urgente à partida. Não devendo esquecer-se de muitas situações de sucesso – atente-se ao número de partos que realizam em plena estrada.
O que pode ser um doente de “transporte não urgente”
O Sr. A. na minha aldeia, Ribeira das Vinhas, a 3 km de Galveias, sente uma dor ligeira no braço esquerdo, fica crescentemente indisposto e acaba por pedir à mulher, a Dona R., que peça um “transporte não urgente”, porque no Centro de Saúde assim o instruíram. Ao chegar à urgência hospitalar, os médicos providenciam o diagnóstico do enfarte e o processo imediato de cateterismo para desobstrução das artérias.
O homem salvou-se, mas por mero acaso. Se tivesse sido transportado pela Ambulância dos Bombeiros de Ponte de Sor,
medicalizada, teria sido assistido devidamente pelos bombeiros, certamente com o auxílio de um
desfibrilhador – desfibrilador no Brasil. Os riscos para doente diminuiriam drasticamente e até a probabilidade de menor grau de necrose do músculo cardíaco. Outra pergunta:
As vias de acesso a cuidados médicos não deveriam estreitar-se no sentido de ser cometida a bombeiros e INEM, uma vez que essa do “transporte não urgente” não é fiável e contém um elevado risco?
“Os cidadãos no centro do sistema. Os profissionais no centro da mudança”
Esta é a divisa com que foi apresentado o relatório do Grupo Técnico para a Reforma Hospitalar. Com o chamado “transporte não urgente”, doentes e profissionais deixam de ser nucleares. Mera hipocrisia do governo de um PM que, no programa a apresentar ao congresso do PSD, escreve:
Oh Sr. primeiro-ministro, Coelho, eu e muitos cidadãos temos a noção da garantia de que, consigo, os serviços de apoio social e na saúde serão para eliminar. Não continue a mentir!
fonte: aventar.eu