O grande chefe está cansado.
Dentro do peito carrega
um coração enfraquecido
que pulsa lentamente,
mas não se entrega.
Bem sabe o grande chefe
que não terminou sua missão,
por isso ele briga com o tempo
que sem piedade alguma,
lhe vinca o bonito rosto
e torna lentos os seus passos.
Seus olhos, já não vêem como antes.
Daquele imponente jovem, alegre
que de tudo fazia história, e a todos contava histórias
restou um velho guerreiro, de bondoso coração fraco.
O velho guerreiro enfrentou com coragem,
todas as batalhas que a vida lhe impôs.
Ganhou aqui, perdeu ali, mas nunca desistiu de lutar.
Com coragem, enfrentou a morte de peito aberto,
e bradou à ela bem alto:
Ainda não estou preparado!!!...
Enfrentou o violento crepitar da labareda,
Libertou-se do fumo sufocante,
Agarrou com determinação a agulheta,
Esqueceu-se de si em cada instante.
Revelou-se inconsciente e irresponsável,
Tem família e dela se esqueceu,
Defendeu um bem que não lhe pertence,
Procurou a vida e ninguém o entendeu.
O infortúnio chega sempre antes dele,
É confrontado com a incompreensão,
O egoísmo é rastilho incandescente,
E nem por isso ele sentiu a solidão.
Exausto, caiu por terra,
O fotógrafo registou o cansaço,
O jornal disse que virou as costas à luta,
Mas a sua vontade foi de aço.
Ele não quis notoriedade,
Ele rejeitou protagonismo,
Ele quis combater para salvar,
Porque soube dizer Altroismo.
O seu rosto ficou negro como carvão,
O suor escavou sulcos no seu rosto inteiro,
Escondeu as lágrimas de alguma desilusão,
Porque foi HOMEM e também foi BOMBEIRO.
e...
O grande chefe ficou cansado.
Mas não desistiu de lutar!...
Descansa em Paz Chefe Lino!
Até um dia...
Marco António Francisco