A ocorrência de incêndios florestais «fora de época» está a originar despesas acrescidas às corporações da região, alerta a Federação de Bombeiros do Distrito da Guarda (FBDG).
Gil Barreiros, presidente da direcção da FBDG, que abrange as 23 corporações de bombeiros do distrito, disse à Lusa que, por os incêndios ocorrerem fora da denominada «época de combate», são as associações que suportam «todas as despesas de combustíveis, desgaste de material e alimentação». Referiu que os corpos de bombeiros recebem mensalmente verbas da Autoridade Nacional de Protecção Civil, ao abrigo do Plano Permanente de Cooperação (PPC), que já está «profundamente desactualizado».
Segundo Gil Barreiros, o PPC «foi feito com a média dos melhores resultados de 2006/2007, começou a ser aplicado em 2008 e nunca foi actualizado, estando o litro do gasóleo a ser pago a menos de um euro». O dirigente indicou que os valores pagos actualmente «estão totalmente desfasados e as despesas estão a aumentar», o que origina problemas financeiros às associações, agravados com os custos com o combate aos incêndios florestais que surgem fora de época, devido ao tempo seco.
Acabar com as denominadas “épocas de incêndios”
Cada associação gasta «muitas centenas de euros» no combate a um único incêndio e, caso ocorra a avaria de um veículo, será também a instituição a ter que resolver a situação, alertou.
Gil Barreiros defende que o governo deve ter «noção que as condições climatéricas se alteraram» e acabar com a estipulada época de combate aos fogos, alegando que «não é nenhuma actividade que abre no dia tal e fecha no dia tal, como acontece com a caça».
Sendo as associações apenas ressarcidas nas despesas «em épocas de fogos estabelecidas», fica de fora o combate aos incêndios nesta altura do ano, em pleno Inverno, frisou.
Em sua opinião, o governo deve «actualizar e rever o PPC» e, «quando é preciso activar o socorro, o Estado deve cumprir as responsabilidades e dar meios para que se possam proteger as pessoas e os bens».
O presidente da FBDG referiu que os fogos florestais têm sido registados um pouco por todo o distrito, com especial incidência nos concelhos de Seia, Gouveia e Guarda. O responsável, que também é dirigente dos bombeiros de Gouveia, apontou que os fogos são, em muitos casos, originados por “queimadas” ateadas pelos pastores para rejuvenescimento dos pastos para os animais.
Para evitar que as "queimadas" evoluam para incêndios, defendeu que sejam sempre acompanhadas por bombeiros e que haja «uma participação activa dos gabinetes de protecção civil municipais».
Fonte: Porta da Estrela