O stress dos bombeiros nos incêndios florestais é semelhante ao sentido pelos militares num campo de batalha. Tanto pode funcionar como um "red bull natural" para suportar o desgaste físico, como potenciar erros humanos. Esta é uma das conclusões do psicólogo Rui Pedro Ângelo, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, que estudou o fenómeno do stress e bem-estar dos bombeiros portugueses.
Bombeiros e militares lidam muitas vezes com situações de risco extremo, o que lhes provoca um aumento substancial do nível de stress. Mas isso nem sempre é negativo. "O stress nem sempre é negativo para quem o sente, a curto prazo pode ser uma coisa estimulante para continuar a missão", explicou Rui Pedro Ângelo à Lusa, dando como exemplo os militares feridos em combate que muitas vezes só dão conta do ferimento depois do conflito terminar.
Para o psicólogo, "tal como o stress psicológico em contexto militar, o efeito da adrenalina nos bombeiros pode ter vantagens a curto prazo, funcionando como um estímulo para lidarem com desgaste físico do combate aos incêndios". No caso dos bombeiros que enfrentam incêndios e que colocam muitas vezes a sua vida em risco, ao terem a percepção dessa situação, o stress pode ajudá-los. "A adrenalina pode ajudar no défice de alimentação e de líquidos ou no combate ao sono, quando estão a combater há mais de um dia. Aqui o stress funciona como um 'red bull natural´ [bebida energética] para aguentar o desgaste físico", acrescentou.
Contudo, se o desgaste físico tem interferência no plano psicológico, o contrário também acontece: "Há pessoas que perante uma elevada tensão psicológica perdem capacidades físicas e comentem erros", referiu. O especialista defende que é necessário sentir-se um "nível ótimo de stress para se estar activo, mas ultrapassado esse limiar perde-se a capacidade de resposta, em alguns caso física, noutros no funcionamento cognitivo".
Mas se o stress sentido pelos bombeiros e pelos militares ou forças policiais é idêntico, a preparação de uns e de outros é muito diferente. "A grande diferença para gerir com o stress passa pelo treino psicológico e esse os militares e as forças policiais têm e os bombeiros não", sublinhou.
Quem combate incêndios florestais tem apenas como ajuda a sua própria experiência e a forma como lidou com situações passadas. "Um bombeiro que esteja rodeado pelo fogo se não tiver treino para lidar com uma situação de perigo extremo pode correr para o lado menos adequado em termos técnicos e colocar-se a si e aos outros em perigo e isso já aconteceu em Portugal", afirmou.
Rui Pedro Ângelo defende a existência de equipas psicossociais que façam uma intervenção de suporte aos bombeiros nos combates aos incêndios, a maioria deles voluntários, algo que já está a ser implementado pela Autoridade Nacional de Protecção Civil. "Quando um bombeiro morre numa frente de fogo não é só a sua família que é afectada, são todos os que continuam a combater os fogos e que pensam que essa desgraça também lhes pode acontecer. É um problema individual que tem um impacto colectivo", referiu. Por isso, o psicólogo defende que os bombeiros portugueses deveriam ter um apoio individualizado, mas com consciência de que as situações dramáticas têm interferência no coletivo.
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<div style="text-align: justify;">O stress dos bombeiros nos incêndios florestais é semelhante ao sentido pelos militares num campo de batalha. Tanto pode funcionar como um "red bull natural" para suportar o desgaste físico, como potenciar erros humanos. Esta é uma das conclusões do psicólogo Rui Pedro Ângelo, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, que estudou o fenómeno do stress e bem-estar dos bombeiros portugueses.</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Bombeiros e militares lidam muitas vezes com situações de risco extremo, o que lhes provoca um aumento substancial do nível de stress. Mas isso nem sempre é negativo. "O stress nem sempre é negativo para quem o sente, a curto prazo pode ser uma coisa estimulante para continuar a missão", explicou Rui Pedro Ângelo à Lusa, dando como exemplo os militares feridos em combate que muitas vezes só dão conta do ferimento depois do conflito terminar.</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Para o psicólogo, "tal como o stress psicológico em contexto militar, o efeito da adrenalina nos bombeiros pode ter vantagens a curto prazo, funcionando como um estímulo para lidarem com desgaste físico do combate aos incêndios". No caso dos bombeiros que enfrentam incêndios e que colocam muitas vezes a sua vida em risco, ao terem a percepção dessa situação, o stress pode ajudá-los. "A adrenalina pode ajudar no défice de alimentação e de líquidos ou no combate ao sono, quando estão a combater há mais de um dia. Aqui o stress funciona como um 'red bull natural´ [bebida energética] para aguentar o desgaste físico", acrescentou.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Contudo, se o desgaste físico tem interferência no plano psicológico, o contrário também acontece: "Há pessoas que perante uma elevada tensão psicológica perdem capacidades físicas e comentem erros", referiu. O especialista defende que é necessário sentir-se um "nível ótimo de stress para se estar activo, mas ultrapassado esse limiar perde-se a capacidade de resposta, em alguns caso física, noutros no funcionamento cognitivo".</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mas se o stress sentido pelos bombeiros e pelos militares ou forças policiais é idêntico, a preparação de uns e de outros é muito diferente. "A grande diferença para gerir com o stress passa pelo treino psicológico e esse os militares e as forças policiais têm e os bombeiros não", sublinhou.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Quem combate incêndios florestais tem apenas como ajuda a sua própria experiência e a forma como lidou com situações passadas. "Um bombeiro que esteja rodeado pelo fogo se não tiver treino para lidar com uma situação de perigo extremo pode correr para o lado menos adequado em termos técnicos e colocar-se a si e aos outros em perigo e isso já aconteceu em Portugal", afirmou.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Rui Pedro Ângelo defende a existência de equipas psicossociais que façam uma intervenção de suporte aos bombeiros nos combates aos incêndios, a maioria deles voluntários, algo que já está a ser implementado pela Autoridade Nacional de Protecção Civil. "Quando um bombeiro morre numa frente de fogo não é só a sua família que é afectada, são todos os que continuam a combater os fogos e que pensam que essa desgraça também lhes pode acontecer. É um problema individual que tem um impacto colectivo", referiu. Por isso, o psicólogo defende que os bombeiros portugueses deveriam ter um apoio individualizado, mas com consciência de que as situações dramáticas têm interferência no coletivo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-t-AUJJeKuiY/Tj6j_gfQ8gI/AAAAAAAAALo/OcllnPt8HvQ/s1600/07103149_CA967162-B341-4FEB-88DD-FECB0766BF67%2524%2524738d42d9-134c-4fbe-a85a-da00e83fdc20%2524%2524eaf2d165-696a-454f-8d1c-cd1ae3724b56%2524%2524img_carrouselTopHomepage%2524%2524pt%2524%25241.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-t-AUJJeKuiY/Tj6j_gfQ8gI/AAAAAAAAALo/OcllnPt8HvQ/s320/07103149_CA967162-B341-4FEB-88DD-FECB0766BF67%2524%2524738d42d9-134c-4fbe-a85a-da00e83fdc20%2524%2524eaf2d165-696a-454f-8d1c-cd1ae3724b56%2524%2524img_carrouselTopHomepage%2524%2524pt%2524%25241.jpg" t$="true" width="241" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;">Fonte: Correio da Manhã</span></div><br />