Um incêndio de grandes dimensões destruiu ontem uma grande área de floresta da serra de Sintra, na zona da Quinta da Capela. Para o local foram mobilizados centenas de elementos de várias corporações do distrito de Lisboa e dois bombeiros acabaram mesmo por sofrer ferimentos ligeiros. As operações de combate ao fogo, dificultadas devido ao vento forte e ao terreno irregular, foram reforçadas com cinco meio aéreos: três helicópteros e dois aviões.
O alerta foi dado às 14h32 por funcionários da empresa Parques de Sintra. Através da videovigilância do Palácio da Pena foi possível detectar com rapidez o foco do incêndio e, de imediato, os meios foram mobilizados para o local. "Os nossos trabalhadores deram o alerta, quando perceberam que havia muito fumo na serra. Depois, ajudaram na prevenção de dois pontos: em Colares e Monserrate, onde tivemos mais de 60 funcionários", disse ontem, ao CM, Elsa Isidro, arquitecta paisagista da empresa.
O incêndio demorou cerca de três horas a ser dado como controlado e, apesar de se encontrar ainda relativamente longe das zonas habitacionais e de comércio (ver caixa), obrigou à evacuação de alguns dos monumentos à volta: Palácio da Pena, Castelo dos Mouros e Convento dos Capuchos. Os bombeiros delimitaram estes locais, sob risco de ficarem cercados pelas chamas. A fase de rescaldo, que se prolongou pela noite dentro, teve início pelas 18h30.
No combate a este incêndio estiveram envolvidos 281 elementos de várias corporações de bombeiros, apoiados por 85 veículos, dois helicópteros pesados, um de coordenação e ainda dois aviões anfíbios. Durante as operações, dois bombeiros sofreram queimaduras ligeiras nos braços. Foram transportados para o Hospital Amadora-Sintra e para o Hospital S. Francisco Xavier, em Lisboa, mas não inspiravam cuidados.
FOGO ESTEVE PERTO DE CASA ISOLADA
O incêndio na serra de Sintra esteve perto de uma moradia isolada, sem ninguém no interior, mas não chegou a ser considerado uma ameaça: nessa fase do fogo as chamas estavam controladas pelos bombeiros.
O facto de o terreno ser irregular obrigou a que as viaturas enfrentassem algumas dificuldades e diversos obstáculos para fazer o caminho até aos focos de incêndio.
Três corporações do distrito de Lisboa (Loures, Vila Franca de Xira e Odivelas) não participaram no combate às chamas, ao contrário de todas as outras. Os bombeiros destes concelhos não fazem parte do Dispositivo de Combate a Incêndios, devido a divergências com o ministro das Finanças relativas a pagamentos. As corporações consideram que há pagamentos desiguais, para as mesmas funções, comparando com os profissionais.
"VENTO FORTE NÃO AJUDOU", Elísio Oliveira Cmdt. Op. Distrital de Lisboa
Correio da Manhã – Este incêndio foi complicado decontrolar?
Elísio Oliveira – Estamos habituados a este tipo de situações, mas este incêndio foi realmente grande. O terreno e o vento forte não ajudaram, mas foi possível parar o incêndio antes de avançar para a tapada Dom Fernando.
– E já têm noção da quantidade de área ardida?
– Ainda é cedo para apurar a área ardida, assim como a origem do incêndio.
– Quantas frentes activas teve o incêndio?
– Duas frentes activas, sendo que o rescaldo vai durar toda a noite.
por Joana Domingos Sá / L.M.
foto Pedro Catarinofonte: CM